CARTA CONTRA A INDIFERENÇA
Barquinha/Chamusca – 3 de
junho de 2023
(en español abajo)
O rio Tejo não é apenas água, é cultura
viva, a espinha dorsal e o eixo, das terras e das aldeias por onde passa.
É com grande felicidade que vemos
juntarem-se em defesa do Tejo todos os cidadãos e organizações aqui presentes, representativos
de toda a bacia ibérica do Tejo e de todos os sectores da sociedade e áreas de
ação, constituindo-se como um exemplo independente de participação e cidadania.
Nas nossas diferenças, o elo que nos une é
o Tejo!
O mesmo Tejo que une toda esta bacia de
Espanha a Portugal, que une todas as populações ribeirinhas e as suas culturas,
que o conhecemos e o vivemos da nascente até à foz, de Albarracín ao Grande
Estuário.
É também significativo que nos encontremos em
Barquinha e Chamusca onde se pretende realçar a beleza do património natural de
um rio Tejo livre com dinâmica fluvial e do património cultural associado ao
rio Tejo.
O rio Tejo que ao longo do seu curso
sustentou as atividades agrícolas e comerciais das suas gentes constituiu-se
como o principal eixo de desenvolvimento das comunidades ribeirinhas:
agricultores, moleiros, construtores de barcos, artes de pesca, barqueiros,
pescadores. Destes teimam uns poucos em tirar do rio o sustento, cada dia mais
magro em resultado da degradação dos ecossistemas e consequentes alterações na
biodiversidade, causada pelos desmandos do ser humano.
As populações do Tejo sempre conseguiram
sobreviver e prosperar em harmonia com o rio, que lhes foi generoso no passado
e que será essencial no futuro.
Um futuro onde o laço de natureza e cultura
perdure e se reforce com o regresso de modos de vida ligados à água e ao rio,
assente num desenvolvimento sustentável de atividades agrícolas e industriais
responsáveis, de educação e turismo de natureza, cultural e ambiental, que
apenas será possível se unirmos esforços para a preservação de um rio Tejo Livre
de açudes e barragens para assegurar os fluxos migratórios das espécies
piscícolas, a conservação dos ecossistemas e habitats aquáticos e o usufruto do
rio pelas populações ribeirinhas.
A preservação ecológica do rio Tejo é um
tributo que os cidadãos devem oferecer para a sustentabilidade da Vida e para a
conservação do seu património, sendo hoje urgente defender um rio Tejo Vivo e Livre
com dinâmica fluvial pela rejeição dos projetos de construção de novos açudes e
barragens - Projeto Tejo e a Barragem do Ocreza - e pela exigência de uma
regulamentação adequada para as barreiras que já existem de modo a garantir: o
estabelecimento de verdadeiros caudais ecológicos; um regime fluvial adequado à
migração e reprodução das espécies piscícolas; a qualidade das massas de água
superficiais e subterrâneas do rio Tejo; a conservação dos ecossistemas, dos
habitats e da biodiversidade; e uma conectividade fluvial proporcionada por
eficazes passagens para peixes e pequenas embarcações.
Continuaremos a combater a sobre exploração
da água do Tejo que já existe face à gestão economicista das barragens
hidroelétricas da estremadura espanhola, aos transvases da água do Tejo para a
agricultura intensiva no sul de Espanha e à agressão da poluição agrícola,
industrial e nuclear.
Conhecemos os males de que o Tejo padece e
o maltrato que a mão dos humanos tem vindo a infligir à sua água e aos seus
ecossistemas.
Para conter essa mão que o maltrata temos
que abrir a outra mão para que o proteja, e essa mão somos nós!
Por isso temos o dever de estender essa mão
aberta para criar uma corrente de vontade e de intencionalidade, que seja capaz
de esclarecer quem decide e que exija um tratamento ecologicamente sustentável
para o rio Tejo.
Devemo-lo a nós próprios, que com o Tejo
partilhámos a nossa vida e aceitámos a generosidade das suas águas.
Devemo-lo às gerações futuras para que
conheçam um Tejo Vivo e Livre, como nós o conhecemos, e não um escravo e
prisioneiro do egoísmo, da especulação, da ganância e da irresponsabilidade dos
humanos.
Se continuarmos neste rumo, as próximas
gerações já não conhecerão rios Vivos e Livres, mas apenas imagens na
internet... que serão sombras do que um dia nos foi oferecido com generosidade,
e não terão incentivo a reconhecer o valor destes rios de que nunca tiveram a
possibilidade de desfrutar.
Por tudo isto, devemos unir-nos e reclamar
a defesa da qualidade e da quantidade da água do rio Tejo e seus afluentes, bem
como a rejeição ou remoção das barreiras à sua conectividade, para que sejam
saudáveis e forneçam os serviços ecológicos necessários à Vida no seu conjunto
biodiverso e se mantenham como referência do Património ribeirinho.
Devemos ainda unir-nos e reclamar a unidade
e integridade do Tejo e da sua bacia, já que o amor e o respeito que por ele
sentimos não se esgotam em nenhuma das fronteiras administrativas e artificiais
que os homens impõem à natureza.
Para que as nossas mãos o protejam temos
que as unir e coordenar, mostrando a união dos cidadãos e cidadãs portugueses e
espanhóis na defesa do Tejo, enquanto bacia ibérica internacional, e afirmar a
nossa determinação para combater a indiferença ao maltrato que tem vindo a
sofrer.
Assim, com vista a defender o Tejo e seus
afluentes, e como cidadãos do rio Tejo, em Portugal e em Espanha, unimo-nos
para reivindicar a todas as autoridades competentes, internacionais, nacionais,
regionais e locais:
1º. A necessidade de uma gestão sustentável da bacia
hidrográfica do Tejo com base no princípio da unidade da sua gestão;
2º. O cumprimento da Diretiva Quadro da Água, nomeadamente a
garantia de um bom estado das águas do Tejo;
3º. O estabelecimento e quantificação de um regime de caudais
ecológicos, diários, semanais e mensais, refletidos nos Planos de Gestão da
Região Hidrográfica do Tejo, em Espanha e em Portugal, e na atualização da
Convenção de Albufeira, que permitam o bom funcionamento dos ecossistemas
ligados ao rio e, consequentemente, dos serviços que prestam à comunidade;
4º. A monitorização do cumprimento permanente do regime de
caudais ecológicos aí definidos;
5º. A informação pública do cumprimento do convénio
luso-espanhol relativamente aos rios ibéricos;
6º. A recusa dos transvases do Tejo e o apoio à investigação de
alternativas sustentáveis, baseadas no uso eficiente da água;
7º. Garantir caudais no rio Tejo e seus afluentes em qualidade e
quantidade suficientes para garantir o bom estado das massas de água e a
viabilidade dos diversos usos lúdicos e recreativos;
8º. Acompanhar a monitorização e verificar o cumprimento das
licenças de descargas de efluentes das indústrias, exigindo a tomada de medidas
de proteção ambiental com base no princípio da precaução;
9º. A realização de ações para ajudar a restaurar o sistema
fluvial natural e o seu ambiente;
10º. A valorização e promoção da identidade cultural e social
das populações ribeirinhas do Tejo.
É isto que defendemos,
Que as nossas mãos unidas protejam o TEJO.
E digamos com Miguel Torga, porque os
poetas sabem ver o futuro
Recomeça
Se puderes,
Sem angústia e sem pressa.
E os passos que deres
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
O Tejo merece!
CARTA CONTRA LA INDIFERENCIA
Barquinha/Chamusca – 3 junio
2023
El
río Tajo no es sólo agua, es cultura viva, la columna vertebral y el eje, y las
tierras de los pueblos por los que pasa.
Es
con gran alegría que vemos en la unión de la defensa del Tajo a todos los
ciudadanos y las organizaciones aquí presentes representativos de toda la
cuenca del Tajo Ibérica y todos los sectores de la sociedad y los ámbitos de
acción, lo que constituye un ejemplo independiente de participación y
ciudadanía.
En
nuestras diferencias, ¡El lazo que nos une es el Tajo!
Es el
mismo Tajo el que une a toda esta cuenca de España a Portugal, el que une a
todas las poblaciones ribereñas y sus culturas, el que conocemos y vivimos
desde su nacimiento en la sierra de Albarracín hasta la desembocadura del Gran
Estuario del Mar de la Paja.
También
es significativo que nos reunamos en Barquinha e Chamusca, donde queremos
resaltar la belleza del patrimonio natural de un río libre con dinámica de río
y el patrimonio cultural asociado con el río Tajo.
El
río Tajo, que a lo largo de su curso da sustento en este tramo a las
actividades agrícolas y comerciales de sus habitantes, se estableció como área
de influencia y principal eje de desarrollo de la comunidad ribereña:
agricultores, molineros, los astilleros, las artes de pesca, navegantes,
pescadores. De estos algunos pocos insisten en sacar su sustento del río, más
delgado éste cada día como resultado de la degradación de los ecosistemas y los
consiguientes cambios en la biodiversidad, causado por fechorías humanas.
Las
poblaciones del Tajo lograron sobrevivir y prosperar en armonía con el río que
les fue generoso en el pasado y que será esencial en el futuro.
Un
futuro en el que lo lazo de la naturaleza y la cultura perdure y perdura y se
ve reforzado con el regreso de modos de vida vinculados al agua y al río,
basado en un desarrollo sostenible de actividades agrícolas e industriales
responsables, de educación y turismo de naturaleza, cultural y ambiental, que
solo será posible si unimos esfuerzos para preservar un río Tajo Libre de
azudes y represas que aseguren los flujos migratorios de especies de peces, la
conservación de los ecosistemas y hábitats acuáticos y el disfrute del río por
las poblaciones ribereñas.
La
preservación ecológica del río Tajo es un homenaje que los ciudadanos deben
ofrecer por la sostenibilidad de la Vida y por la conservación de su patrimonio,
siendo hoy urgente defender un río Tajo Vivo y Libre con dinámica fluvial por
el rechazo de los proyectos de construcción de nuevas presas y embalses -
Proyecto Tajo y la Presa Ocreza - y por la demanda de una regulación adecuado
para las barreras que ya existen para garantizar: el establecimiento de verdaderos
caudales ecológicos ; un régimen fluvial adecuado a la migración y reproducción
de especies de peces; la calidad de las aguas superficiales y subterráneas del
río Tajo; la conservación de ecosistemas, hábitats y biodiversidad; y la
conectividad del río proporcionada por efectivas pasajes para peces y pequeñas
embarcaciones.
Continuaremos
combatiendo la sobreexplotación del agua del Tajo que ya existe frente a la
gestión economista de las represas hidroeléctricas de la Extremadura española,
al trasvase del agua del Tajo a la agricultura intensiva en el sur de España y
a la agresión de la contaminación agrícola, industrial y nuclear.
Sabemos
de los males que el Tajo sufre y el maltrato que la mano de los humanos ha ido
infligiendo a su agua y sus los ecosistemas.
¡Para
contener esta mano que le maltrata tenemos que abrir la otra para protegerlo, y
esta mano somos nosotros!
Así
que tenemos el deber de extender la mano abierta para crear una corriente de
voluntad e intencionalidad, que sea capaz de aclarar quién decide y qué
tratamiento requieren las aguas del río Tajo para que éste sea ecológicamente
sostenible.
Nos
lo debemos a nosotros mismos, por el Tajo con el que compartimos vida y
aceptamos la generosidad de sus aguas.
Se lo
debemos a las generaciones futuras para que conozcan un Tajo Vivo y Libre, y no
un esclavo y prisionero del egoísmo, la especulación, la codicia y la
irresponsabilidad humano.
Si
continuamos en esta dirección, las próximas generaciones no conocerán ríos Vivos
y Libres, sino sólo sus imágenes en Internet ... que aparecen como las sombras
de lo que un día nos ofrecieron generosamente, y no tendrán ningún incentivo
para reconocer el valor de estos ríos que nunca pudieron disfrutar.
Por
todo eso, debemos unirnos y exigir la defensa de la calidad y cantidad de agua
del río Tajo y sus afluentes, así como el rechazo o remoción de barreras a su
conectividad, para que sean saludables y brinden los servicios ecológicos
necesarios para la Vida en su conjunto biodiverso y seguir siendo un referente
del Patrimonio ribereño.
Todavía
debemos unirnos y reclamar la unidad y la integridad del Tajo y su cuenca. El
amor y el respeto que sentimos por él, no termina en ninguna de las fronteras
administrativas artificiales y que los seres humanos imponen a la naturaleza.
Para
que nuestras manos protejan tenemos que unir y coordinar, y mostrando la unión
de los ciudadanos y ciudadanas españoles y portugueses en defensa del Tajo por
cuanto de cuenca ibérica internacional tiene. Y afirmar nuestra determinación
para combatir la indiferencia y el maltrato a que está sometido.
Por
lo tanto, con el fin de defender el Tajo y sus afluentes, y como ciudadanos del
río Tajo en Portugal y España, nos unimos para reclamar de todas las
autoridades pertinentes, internacionales, nacionales, regionales y locales lo
siguiente:
1. La necesidad de una gestión sostenible de la cuenca del Tajo basado
en el principio de unidad de su gestión;
2. El cumplimiento de la Directiva Marco del Agua, a saber, garantizar
un buen estado de las aguas del Tajo;
3. El establecimiento y la cuantificación de un régimen de caudales
ecológicos, diarios, semanales y mensuales, reflejados en los Planes
Hidrológicos de la Demarcación Hidrográfica del Tajo, en España y Portugal,
para permitir el buen funcionamiento de los ecosistemas relacionados con el río
y, en consecuencia, los servicios que prestan a la comunidad;
4. Verificación del cumplimiento continuo del régimen de caudales
ecológicos allí definidos;
5. Información pública del cumplimiento de los convenios
Luso-Españoles respecto de los ríos ibéricos;
6. Rechazo a los trasvases del Tajo y apoyo a la investigación de
alternativas sostenibles, basadas en el uso eficiente del agua;
7. Garantizar caudales en el Tajo y sus afluentes en cantidad y
calidad suficiente para garantizar el buen estado de las masas de agua y la
viabilidad de los distintos usos lúdicos y recreativos.
8. Acompañar la monitorización y verificar el cumplimiento de las
licencias de descargas de efluentes industriales, exigiendo la toma de medidas
de protección ambiental basado en el principio de la precaución;
9. La implementación de medidas para ayudar a restaurar el sistema
natural del río y su entorno;
10. El desarrollo y la promoción de la identidad cultural y social de
las orillas del río Tajo.
Esto
es lo que defendemos,
Nuestras
manos juntas protegen el Tajo.
Y
digamos con Miguel Torga, porque los poetas saben ver el futuro...
Recomienza,
Si es
posible,
Sin
ansiedad y sin prisas.
Y los
pasos que des
En
este camino difícil
En el
futuro
Dalos
en libertad
Hasta
no alcanzarlo
No
descanses.
¡El
Tajo merece!