Somos um movimento de cidadania em defesa do Tejo denominado "Movimento Pelo Tejo" (abreviadamente proTEJO) que congrega todos os cidadãos e organizações da bacia do TEJO em Portugal, trocando experiências e informação, para que se consolidem e amplifiquem as distintas actuações de organização e mobilização social.

sábado, 13 de agosto de 2016

A RIBEIRA DE NISA VAI SECAR

Os afluentes dos rios funcionam como viveiros, os peixes sobem as linhas de água quando o inverno termina e se aproxima a primavera e aí depositam as ovas. Chegando o verão os peixinhos crescem e mantém-se até que a nova estação das chuvas ocorra e os leve para o rio.
Assim devia ser, mas no caso da ribeira de Nisa o problema não é a poluição industrial mas sim a mudança de uso sem se pensar na hidrografia como uma rede complexa.
A barragem da Póvoa e Meadas passou a ser a mais importante fonte abastecimento de água para consumo humano de todo o distrito de Portalegre, contudo é preciso libertar um pouco de água, especialmente no verão, para a permanência de vida em equilíbrio, para que em alguns pontos se mantenham os peixes recém-nascidos e para diluir os efluentes dos esgotos domésticos recebidos das ETARs, senão a ribeira de Nisa não será mais do que um esgoto onde proliferam as infestantes mimosas.

Os pescadores do Arneiro no concelho de Nisa pescam agora lagostins do Lousiana não somente por causa da poluição vinda da produção da pasta de eucalipto em Rodão, mas também porque as carpas, bogas, barbos, achigãs e outros peixes não se podem reproduzir, esta é a mensagem de um habitante desta região, o senhor Silveiro.
Assim, a poluição no Rio Tejo não se deve somente às afrontas mais visíveis, aos efluentes das indústrias, aos transvases para a agricultura intensiva no sul Espanha, à Central Nuclear de Almaraz e aos esgotos de Madrid.
Isso não quer dizer que este seja um problema sem solução, que a nossa agricultura passe a ser o eucaliptal, até porque temos um problema bem grave, de que nos lembramos somente nesta altura, os fogos.
Há que olhar o Tejo como um sistema complexo e não somente um vector.

José Maria Moura

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

A REDE DO TEJO/RED DEL TAJO CONDENA A AGRESSÃO SOFRIDA PELO ATIVISTA PORTUGUÊS DO TEJO ARLINDO MARQUES

NOTA DE IMPRENSA
03/08/2016
A REDE DO TEJO/RED DEL TAJO CONDENA A AGRESSÃO SOFRIDA NO DIA 25 DE JULHO PELO ATIVISTA PORTUGUÊS DO TEJO ARLINDO MARQUES EM TORRES NOVAS

A Rede de Cidadania por uma Nova Cultura da Água no Tejo / Tajo e seus afluentes, que reúne organizações portuguesas e espanholas, denuncia a agressão sofrida recentemente por um ativista português e seu filho menor em Torres Novas durante as filmagens de uma descarga poluente na Ribeira da Boa Água que flui para o rio Almonda, um afluente do rio Tejo português. Desta Rede de cidadania do Tejo / Tajo repudiamos os fatos e pedimos justiça às autoridades portuguesas.
De Portugal chegou-nos na semana passada a notícia lamentável de que um companheiro do SOS Tejo, conhecido ativista ambiental da zona norte do Ribatejo e seu filho menor tinham sofrido, no dia 25 de julho, uma investida de um carro com três homens no seu interior e que circulava em marcha atrás em alta velocidade, o qual colidiu com o seu veículo estacionado na berma da estrada estando no seu interior o seu filho de 10 anos de idade.
Conforme relatado pela vítima, pouco antes da colisão ele mesmo tinha acabado de receber ameaças verbais e sido atingido no peito por um quarto homem, que o repreendeu dizendo que ele não tinha nada que fazer filmagens no local onde se encontrava, na Estrada da Sapeira, sendo que nessa altura Arlindo Consolado Marques filmava uma descarga poluente sobre a Ribeira da Boa Água.
O Sr. Marques disse ter reconhecido os responsáveis pela empresa Fabrióleo - Fabrica de Óleos Vegetais S.A, pai e filho, dentro do grupo agressor e que estes fatos terão sido manifestados numa queixa-crime apresentada perante o Ministério Público (MP) português. Seria de esperar que o Procurador-Geral da República fizesse eco da gravidade destes fatos e instaurasse uma investigação que determinasse a responsabilidade e punição destes atos criminosos.
Se aqueles que não suportam, porque irritam os seus interesses económicos, que a partir da cidadania ribeirinha do Tejo defendamos com os instrumentos à nossa disposição e dentro da lei, a saúde dos nossos rios, e para dissuadir recorram a táticas mafiosas e violentas, como a sofrida por Arlindo e seu filho, o que vão encontrar é toda essa cidadania levantada desde o nascimento do Tejo até Lisboa, pedindo justiça. Em seu nome e indignados pela agressão em Torres Novas, os membros da Rede de Cidadania por uma Nova Cultura da Água no Tejo / Tajo e seus afluentes exigem que as autoridades:
• Procedam à investigação oficial profunda dos atos criminosos que ocorreram em Torres Novas no dia 25 de julho.
• Identifiquem os agressores.
• Peçam uma compensação moral e económica que proceda para as vítimas desta agressão.
• Imponham as multas e penalidades que se aplicam aos agressores, e a todos aqueles com responsabilidade subsidiária na ocorrência.
• Investiguem o crime ambiental das descargas poluentes objeto de filmagem neste local por parte do Sr. Marques.
• Reconheçam a importância da participação dos cidadãos na defesa dos interesses ambientais.
Esta Rede de Cidadania conhecida como Rede do Tejo / Red del Tajo tem vindo a organizar na defesa do nosso rio ibérico toda a cidadania ribeirinha do Tejo / Tajo durante 9 anos. E não são apenas os cidadãos portugueses, mas também espanhóis que assistimos atónitos à permissividade das descargas poluentes no rio Tejo e seus afluentes em Portugal e Espanha.
Pedimos assim o compromisso de ambos os governos para tornarem realidade os princípios da Diretiva Quadro da Água e garantirem que os planos de gestão da região hidrográfica de ambos os países apontem para a prossecução do bom estado ecológico dos nossos rios e apliquem o princípio do poluidor-pagador.
Em relação ao Tejo, apesar de sabermos que as empresas que produzem descargas poluentes no rio empregam muitas pessoas, o que pedimos é o controlo eficaz do governo, neste caso português, exigindo a realização do investimento necessário para atenuar estes efeitos, que multem severamente as empresas que poluem e prossigam até às suas últimas consequências as infrações criminais como descrito nesta nota de repulsa.
Para mais informações: Soledad de la Llama + 34 617 352 354, Alejandro Cano +34 699 497 212 e Paulo Constantino + 351 919 061 330

Participação conjunta dos membros da Rede do Tejo/Red del Tajo na 5ª Edição da descida de canoa “Vogar contra a Indiferença” promovida pelo proTEJO e que se celebrou em Abrantes em 02.07.2016. Na foto Arlindo Consolado Marques com membros da Rede.