A central nuclear de Almaraz tem vindo a estar em
foco nos últimos tempos devido ao anúncio da construção de um armazém
temporário individualizado de resíduos nucleares (ATI) que Espanha anunciou que
irá realizar e que se suspeita poderá servir para prolongar para além de 2020 o
funcionamento desta obsoleta central nuclear, que iniciou o seu funcionamento
em Outubro de 1981, quando a Alemanha encerrou centrais com a mesma antiguidade
para avaliar a sua segurança e ponderar a sua continuidade em funcionamento.
O proTEJO desde 2011 que se decidiu pelo NÃO à continuidade de funcionamento da central nuclear de Almaraz por diversos motivos:
O proTEJO desde 2011 que se decidiu pelo NÃO à continuidade de funcionamento da central nuclear de Almaraz por diversos motivos:
1º. A existência
de evidências de radioatividade artificial no rio Tejo superior à detetada
noutros rios (Zêzere, Douro, Minho e Guadiana) por influência da central
nuclear de Almaraz que neste descarrega as águas de refrigeração dos seus
dois reatores, de acordo com os relatórios com Campus Tecnológico e Nuclear do
Instituto Superior Técnico, e cujo efeito se estende desde a entrada do rio
Tejo na fronteira em Cedillo até Valada no Cartaxo;
2º. O
elevado risco de acidente nuclear numa central, prenunciado pelos sucessivos
acidentes ocorridos por se tratar de uma central nuclear obsoleta que
apenas dista sete quilómetros do Parque Nacional de Monfrague, cento e dez
quilómetros do Parque Nacional do Tejo Internacional, em território português,
locais onde se alimentam as cegonhas negras, as águias imperiais e os abutres
negros, e cento e cinquenta quilómetros de Castelo Branco, um grande concelho português
com cerca de 55 mil habitantes;
3º. A
dificuldade de contenção de uma eventual contaminação radiológica do rio Tejo por
acidente nuclear na central nuclear de Almaraz visto que apenas as
barragens da Estremadura espanhola poderiam conter a água contaminada uma vez
que as barragens de Fratel e Belver-Ortiga são barragens de fio de água e
deixarão passar toda a contaminação radiológica que venha de Espanha, não
existindo em Portugal capacidade de evitar que se estenda para jusante até
Lisboa;
4º. A
insuficiência de meios de intervenção em caso de acidente nuclear, desde a
ausência de planos de emergência para as várias cidades e regiões afetadas,
apenas elaborados para a região de Castelo Branco, a escassez de material de
descontaminação, que apenas se encontra disponível para os elementos do
exército, ficando a população sujeita apenas às medidas básicas de proteção,
como sejam, permanecer dentro dos edifícios, fechar todas as portas e janelas,
desligar ventilações e lavar com água e sabão as vítimas contaminadas com
radioatividade, e ainda a escassa coordenação entre os organismos responsáveis
e a falta de informação aos cidadãos sobre os riscos de acidente nuclear.
Estes factos levam-nos a defender não apenas a
anulação da decisão de construção do armazém temporário individualizado de
resíduos nucleares (ATI), através de recurso das autoridades portuguesas para
as instituições europeias, seja a Comissão Europeia, seja o Tribunal de Justiça
Europeu, com base na necessidade de apresentação de estudo de impacto ambiental
transfronteiriço do ATI, mas também a apelar para que o Ministro do Ambiente
português pressione o governo espanhol para o imediato encerramento da central
nuclear de Almaraz que, face aos motivos acima apresentados, representa um
verdadeiro risco de segurança das populações espanholas e portuguesas, neste
último caso desde Castelo Branco até Lisboa.
Além disso, e à semelhança do que temos vindo a
defender, consideramos que deveria ser imediatamente elaborado um estudo, por
uma entidade especializada e independente, no sentido de saber se a central
nuclear de Almaraz apresenta ou não condições de segurança para funcionar e
quais os atuais impactos ambientais transfronteiriços da sua atividade, tal
como deverá ocorrer para o armazém temporário individualizado de resíduos
nucleares (ATI).
Ao governo espanhol desejávamos perguntar se a
lamentável tragédia do Japão não é suficiente para a consciência de que a
energia nuclear não é solução e se não será este o momento de investir
seriamente na investigação de energia alternativas e sem riscos para o
bem-estar ambiental e humano.
Na nossa opinião a única forma de garantir a
segurança das populações é dizer não ao nuclear e optar por energias
verdadeiramente limpas e seguras.
Por um Tejo sem radioatividade!
Paulo Constantino
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