Somos um movimento de cidadania em defesa do Tejo denominado "Movimento Pelo Tejo" (abreviadamente proTEJO) que congrega todos os cidadãos e organizações da bacia do TEJO em Portugal, trocando experiências e informação, para que se consolidem e amplifiquem as distintas actuações de organização e mobilização social.

domingo, 3 de outubro de 2010

AS COMUNIDADES RIBEIRINHAS CELEBRARAM A ÁGUA DO TEJO

A "FESTA DA ÁGUA DO TEJO" realizou-se no passado dia 25 de Setembro de 2010, em Vila Nova da Barquinha, por iniciativa do proTEJO - Movimento Pelo Tejo, da Câmara Municipal de Vila Nova da Barquinha e da Rede de Cidadania por Uma Nova Cultura da Água do Tejo/Tajo, contando com o apoio da EcoCartaxo e da United Photo Press.
Esta iniciativa conjugou uma vertente científica e lúdica envolvendo simultaneamente, no desígnio de “proteger o rio, preservar a água”, a criação cultural das populações locais no domínio da fotografia, pintura, poesia e música, e os contributos das soluções identificadas pela comunidade académica e científica.

JORNADAS CIENTIFICAS
As jornadas científicas integraram personalidades que conhecem a bacia do Tejo e que contribuíram para uma reflexão e discussão sobre os seus problemas e as medidas para os resolver, tendo permitido aos participantes o conhecimento do estado do rio Tejo e a identificação dos principais problemas do rio Tejo e seus afluentes, bem como perspectivando algumas medidas e soluções.


APRESENTAÇÕES
1º Painel: “Efeitos da sedimentação: Da nascente à foz”
José Nunes André - Investigador do Instituto do Mar – Grupo de Investigação em Sistemas Sedimentares, Hidrodinâmicas e Transformações Globais da Universidade de Coimbra
A análise conclui que o rio Tejo tem diminuído a sua capacidade de vazão, resultado das barragens na sua bacia hidrográfica e dos transvases em Espanha, originando maior sedimentação no seu curso médio/baixo. Entretanto, a extracção exagerada de areia têm contribuído para o rebaixamento do leito do rio.
Poderá deduzir-se que estes factos serão responsáveis pela diminuição da alimentação sedimentar à restinga Cova do Vapor - Bugio e da destabilização do troço da costa imediatamente a sul.
Apesar das grandes intervenções neste troço (Cova do Vapor - Costa da Caparica), a estabilização está longe de ser conseguida visto não ser possível a estabilização com 1 milhão de m3/ano de sedimentos, se a montante (no Rio), além dos que ficam retidos nas albufeiras das barragens, se extraem mais de 2 milhões de m3/ano.
A reflexão no período de debate permitiu concluir que o regime de caudais ambientais e o transporte de sedimentos até ao litoral está comprometido pela construção de barragens para a produção de energia hidroeléctrica.
Actualmente, não se vislumbra qualquer solução que permita compatibilizar as referidas funções fluviais, com excepção da alimentação artificial da costa litoral com sedimentos de outras origens que, de acordo com os perfis de praia apresentados, vão sendo levados pelo mar e exigindo uma reposição continuada de sedimentos com um significativo dispêndio de verbas em termos orçamentais.
Por outro lado, os esporões na costa litoral para proteger habitações construídas sobre o cordão dunar têm vindo a causar maior erosão e degradação da orla costeira a sul dos mesmos. Como solução foi sugerida a indemnização dos proprietários de habitações em zonas de risco em termos de erosão costeira.
Marta Sousa – Associação dos Areeiros e da Conservação do Tejo
A actividade de extracção de inertes, sendo uma actividade económica é simultaneamente uma actividade de interesse público, tendo tido ao longo dos anos uma grande importância económica, social e ambiental. Esta actividade contribui de forma relativamente eficaz e sem grandes custos ambientais para o desassoreamento do rio, ajuda à manutenção dos canais de navegação e evitando maior degradação das margens, tarefas que a Administração Central teria de realizar, para garantir a sustentabilidade ecológica do rio.
Entre 2001 e 2005 retiraram-se do leito do Tejo cerca de dez milhões de metros cúbicos de areia, que originaram um volume de negócios de 36 milhões de euros e uma receita de 15 milhões, provenientes de taxas, para o Estado.
A Associação dos Areeiros e de Conservação do Rio Tejo (AACRT) considera que esta actividade se encontra numa situação relativamente critica devido aos elevados custos de instalação e funcionamento dos equipamentos de extracção e ao desajustamento das elevadas taxas cobradas pelo Estado face à realidade do mercado. Estes factos têm conduzido à perda de competitividade e de mercado devido à concorrência desleal dos areeiros de pinhal que não suportam qualquer taxa e de concorrentes espanhóis.
As empresas associadas representam 200 postos de trabalho directos e mais cerca de 1500 indirectos, alertando que, nas actuais condições, o seu reduzido interesse económico levará ao fecho de algumas das 18 empresas de remoção de areias.
Consideram ainda a necessidade de "ajustamentos" nas taxas praticadas e licenças mais prolongadas de modo a evitar a perda de mercado, o desaparecimento das empresas, o desemprego e um TEJO EM PIORES CONDIÇÕES.
2º Painel: “Focos de poluição no rio Tejo”
Pedro Teiga – Coordenador Nacional do “Projecto Rios” e representante da Liga para a Protecção da Natureza
Os principais focos de poluição no rio Tejo decorrem da falta de sistemas de tratamento de águas residuais e da poluição decorrente das más práticas agrícolas, como sejam, a incorrecta utilização de fertilizantes nos terrenos agrícolas secundarizando os fertilizantes naturais que podem ser obtidos pela compostagem e os comportamentos incorrectos na proximidade das plantações agrícolas das linhas de água, da deposição de entulhos, do desconhecimento das regras de limpeza de terrenos ribeirinhos que muitas vezes resultam na destruição da vegetação ripícola e na realização de queimadas à beira rio cujas cinzas escorrem para as linhas de água e destroem os ecossistemas ribeirinhos.
Apresentou o “Projecto Rios”, com origem na Catalunha e mais tarde na Galiza, que foi lançado em Portugal pela Associação Portuguesa de Educação Ambiental (ASPEA) e pela Associação de Professores de Geografia (APG). Neste momento conta com vários parceiros como o CEG Centro de Estudos Geográficos da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, o Ministério da Educação (DGIDC), o Instituto da Água (INAG), a Liga para a Protecção da Natureza (LPN), Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) e algumas escolas básicas e secundárias que desde o inicio aderiram ao Projecto Rios (Santos, 2006).
O objectivo principal do Projecto Rios é concretizar um plano de adopção de um troço de rio ou de uma linha de água de menor dimensão, sendo fornecidos materiais didácticos e varias informações que incluem as metodologias a seguir neste processo.
No projecto rios é possível aprender a valorizar os rios, implementar uma rede nacional através da observação e vigilância, visando a conservação e adopção de diferentes troços de rios. Esta acção tem como finalidade desencadear um conjunto de actividades experimentais de educação ambiental e participação pública para auxiliar a implementação da Directiva Quadro da Água, dos planos de reabilitação de rios e ribeiras com o envolvimento e responsabilização de toda a comunidade civil para o desenvolvimento sustentado.
O Projecto Rios envolve actualmente 184 grupos inscritos, 58 municípios, mais de 3.500 participantes e de 10.000, 228 monitores do Projecto Rios e 14 cursos de formação “Monitores do Projecto Rios”.
Jaime Ferreira – Associação Portuguesa de Agricultura Biológica - AGROBIO
A Agricultura Biológica é um sistema de produção holístico, que promove e melhora a saúde do ecossistema agrícola, ao fomentar a biodiversidade, os ciclos biológicos e a actividade biológica do solo.
Privilegia o uso de boas práticas de gestão da exploração agrícola, em lugar do recurso a factores de produção externos, tendo em conta que os sistemas de produção devem ser adaptados às condições regionais. Isto é conseguido, sempre que possível, através do uso de métodos culturais, biológicos e mecânicos em detrimento da utilização de materiais sintéticos.
Codex Alimentarius Comission, FAO/WHO, 1999
A AGROBIO encontra-se a desenvolver o projecto “Cultivo de Variedades Regionais de Arroz em Modo de Produção Biológico” projectos de produção de arroz no estuário do Tejo e do Sado com métodos de agricultura biológica tendo em vista o incremento da produção do Arroz em “Modo de Produção Biológico”, contribuindo para a biodiversidade, produção de alimentos saudáveis e sustentabilidade ambiental na Reservas Natural do Estuário do Sado (RNES) e na Reservas Natural do Estuário do Tejo (RNET).
O projecto terá uma duração de 5 anos e consiste na instalação de Campos de Investigação do “comportamento das variedades regionais de arroz no controlo de infestantes nos arrozais” .
Pretende também evitar a contaminação por uso de fertilizantes químicos e contribuir para melhorar a qualidade das águas superficiais e dos aquíferos e garantir a compatibilidade entre a actividade agrícola e as restantes actividades económicas, com especial relevo para o turismo.
3º Painel: “Requalificação e Valorização do rio Tejo”
Pedro Teiga - Especialista em reabilitação de rios e ribeiras da Faculdade de Engenharia do Porto
O orador Pedro Teiga apresentou diversas técnicas de Engenharia Natural com vista ao controlo de erosão e a assegurar as funções hidráulicas, ecológicas (habitat), paisagísticas, económicas e lazer (espaços de lazer e trilhos pedonais, pistas de pesca…).
Realçou a importância de realizar planos de reabilitação e recuperação das ribeiras que são afluentes do Tejo uma vez que a qualidade das suas águas se reflecte na qualidade das águas do rio.
José Pinto Leite - Coordenador Nacional do Programa Polis Tejo
O Polis dos Rios, mais do que do significado linguístico de “urbe”, representa um conjunto de intervenções integradas que une o Estado a as Autarquias numa parceria sólida e consequente, catalisadora da iniciativa privada.
As intervenções do Polis Rios deverão constituir-se como uma definição concreta de projectos e acções a realizar a curto e médio prazo, intervenções integradas e integradoras, que constituem um incentivo à cooperação entre entidades, potenciadoras da mobilização de investimento público e privado, oportunidades para desenvolver projectos/acções que valorizem os Rios como elementos vivos e que promovam a sua vivência e operações com efeito mobilizador a nível local. Estas poderão vir a ser concretizadas em duas componentes distintas – operações integradas de requalificação e valorização de grandes rios nacionais e operações de valorização de pequenos rios.
A estratégia definida aspira a que o Tejo seja um rio vivo, um lugar vivido, referência de qualidade ambiental, espaço de desenvolvimento económico, espaço de encontro e lazer, património natural e cultural, espaço para o conhecimento, inovação e educação, e um rio mais disciplinado e navegável.
O coordenador do programa Polis do Tejo, José Pinto Leite, afirmou que este pretende dar uma vida nova a toda a região ribeirinha do Vale do Tejo, captando pequenas percentagens dos milhões de visitantes que afluem todos os anos à região de Turismo de Lisboa.
A requalificação e valorização dos rios foi colocada na agenda política e foram alocados meios financeiros importantes para o litoral e para os rios, no sentido de trabalhar melhor todos os recursos hídricos, e apontando como projectos estruturantes e prioritários todos aqueles que estejam ligados ao ambiente e à segurança.
O programa Polis iniciará um programa piloto no Tejo de implantação de projectos estruturantes de protecção, como diques, margens e açudes, estruturas físicas indispensáveis à segurança no rio.
Em conjunto com as autarquias, poderá fazer outros projectos associados que melhorem o desempenho dessas próprias estruturas, como sejam ciclovias, percursos pedestres, pontes pedonais, circuitos pelos caminhos-de-ferro ou ainda percursos das redes avieiras, ou gastronómicos.
A REFER disponibilizou-se para ceder património ao programa Polis do Tejo, nomeadamente as estações desactivadas nas localidades ribeirinhas para eventual requalificação em centros de interpretação das realidades locais.
A criação destes percursos e consequente aumento de atractividade pode dar uma vida nova ao Vale do Tejo.
4º Painel: “A sobre exploração da água no Tejo: Causas e Medidas”
Isabel Guilherme - Directora do Departamento de Planeamento de Informação e Comunicação da Administração da Região Hidrográfica do Tejo
A representante da ARH Tejo referiu a importância de uma gestão integrada de toda a bacia hidrográfica do Tejo de acordo com os princípios de unidade de gestão da bacia hidrográfica definido pela Directiva Quadro da Água e que existe uma boa cooperação e coordenação com a Confederação Hidrográfica do Tejo em Espanha que tem permitido uma melhor capacidade de regularização das cheias e também de gestão da seca.
Miguel Angel Sanchez – Plataforma em Defesa do Tejo e do Alberche de Talavera de la Reina
Miguel Angel Sanchez, porta-voz da Rede de Cidadania por uma cultura da água do Tejo/Tajo, movimento espanhol que congrega 70 associações, expôs uma apresentação intitulada “Gestão do Tejo em Espanha: Uma história triste” onde considera que o rio Tejo está refém de interesses políticos e empresariais visto que a água que chega a Portugal é apenas a que sobrar em Espanha, que o regime de caudais e seu cumprimento segue os interesses do operador hidroeléctrico e que não existe uma gestão ibérica integrada do Tejo.
Comunicou que o objectivo de Espanha com o novo Plano de Gestão da Região Hidrográfica será consolidar o Transvase Tejo - Segura na cabeceira do Tejo, criar novos “excedentes” tanto na cabeceira como no troço médio (Tiétar-Valdecañas) para aí construir um novo transvase e estabelecer todo o rio Tejo como excepção quanto à aplicação da Directiva Quadro da Água para evitar cumprir o regime de caudais ambientais (quantidade) bem como o bom estado ecológico das massas de água (qualidade).
Informou que a administração espanhola quer desviar o rio Jarama para montante (direcção da nascente) aumentar o caudal do rio Tejo em Aranjuez com as águas residuais mal depuradas de Madrid.
Afirmou ser inaceitável que um rio como o Tejo não tenha os caudais mínimos em Portugal quando a barragem de Alcântara (em Espanha) apresenta um volume de 70 por cento de água, que dava para abastecer toda a população de Lisboa durante oito a nove anos.
Terminou reforçando que o Governo português não devia permitir que isto aconteça e devia exigir responsabilidades a Espanha para que liberte os caudais definidos nos acordos bilaterais.
Mesa Redonda
“Proteger o rio, Preservar a água”
José Bastos Saldanha - Presidente da Secção de Geografia dos Oceanos da Sociedade Portuguesa de Geografia e Presidente da Associação Tejo Universal
Simone Pio - Vice - Presidente da Administração da Região Hidrográfica do Tejo
Pierluigi Rosina - Director do Departamento de Território, Arqueologia e Património do Instituto Politécnico de Tomar
Pedro Teiga – Coordenador Nacional do Projecto Rios
Teresa Azevedo - Professora do Departamento de Geologia da Faculdade Ciências da Universidade de Lisboa
Elsa Matos Severino - Representante da Cultura e Artes da Pesca Tradicional do rio Tejo na Ortiga
Paulo Constantino - porta voz do proTEJO – Movimento Pelo Tejo
MESA REDONDA
Reflexão “Proteger o rio, preservar a água”
1º Melhoria da qualidade das águas com a extensão do tratamento de efluentes por parte das autarquias em colaboração com as Águas de Portugal, integrado num conjunto de acções que contribuirão decisivamente para a melhoria da qualidade da água e da sua atractividade, para além de cumprir a Directiva Quadro, que permita a reintrodução de espécies, como a ostra ou as culturas regionais de arroz, a criação de troços navegáveis no rio, com circuitos turísticos e a criação de portos náuticos e marinas.
A título de exemplo temos o encaminhamento dos efluentes da área metropolitana de Lisboa, a partir de 2011, para a ETAR de Alcântara e a construção de um conjunto de infra-estruturas de recolha e tratamento que vai permitir que as águas residuais urbanas deixem de ser descarregadas, como efluente bruto, no estuário do Tejo.
2º Assegurar uma gestão integrada de toda a bacia hidrográfica do Tejo de acordo com os princípios de unidade de gestão da bacia hidrográfica definido pela Directiva Quadro da Água.
3º Transformar o rio Tejo num “rio vivo e vivido”, como é o lema da ARH Tejo, implementando projectos que intensifiquem a relação do Homem com o Rio, começando por melhorar a qualidade e quantidade das massas de água para garantir a conservação ambiental dos ecossistemas aquáticos do rio.
4º Identificar e denunciar os diversos problemas na bacia hidrográfica do Tejo, a maior da Ibéria, nomeadamente, a poluição existente, designadamente, os efluentes urbanos e industriais e a difusa contaminação agrícola, o arrefecimento de centrais térmicas nucleares e o risco acrescido que estas representam, além do impacte ambiental decorrente da rede de barragens e do transvaze Tejo - Segura.
5º Promover uma política agrícola comum (PAC) que atribua benefícios adicionais às boas práticas agrícolas que conservam os recursos hídricos e que penalizem a excessiva utilização de fertilizantes químicos.
6º Introduzir princípios ambientais nas regras de gestão das obras hidráulicas (barragens, açudes, etc.) de modo a garantir um regime de caudais natural adequado ao lazer das populações e à protecção das espécies piscícolas, em especial, nas épocas de reprodução à semelhança daquelas que são impostas à actividade piscatória.
7º Articular os instrumentos de gestão e ordenamento do território com os de gestão dos recursos hídricos, integrando os planos de gestão da bacia hidrográfica e de recuperação e reabilitação de rios e ribeiras com os planos de ordenamento do território, os planos directores municipais e os planos de pormenor, dando um especial relevo à monitorização das margens.
8º Definir e executar políticas de uso do solo e florestais que contribuam para melhorar a qualidade dos recursos hídricos, apostando na reflorestação de áreas ardidas e na imposição de regras de plantação de espécies autóctones nos vales dos rios que beneficiem os recursos hídricos.
9º Instituir uma Rede Transnacional de Cultura do Tejo, rio que é, em todo o seu curso, o elo transnacional de uma singular matriz patrimonial cultural, que importa enriquecer com os patrimónios culturais das comunidades bordejantes, em particular as da borda d’água.
10º Apoiar uma candidatura do Tejo a Património Mundial da Humanidade que permita preservar e divulgar o legado comum da ancestral ligação dos povos ibéricos ao Tejo e envolver todas as comunidades, em particular as da borda d’água, na consciencialização, defesa e valorização do Património Cultural do Tejo (nas expressões material e imaterial) e bem assim do seu Património Natural, cuja participação é decisiva para dinamizar todo o processo de construção e consolidação de redes sociais (formais e informais) no âmbito local.
11º Assumir o Tejo como uma unidade ecossistémica face à fragmentação do valioso património natural existente e que, como tal, os recursos hídricos no seu conjunto sejam objecto de uma eficiente governança transnacional que preserve a saúde e sustentabilidade dos ecossistemas em todo o seu curso e concomitantemente de todo o património natural.
12º Atribuir maior utilidade à investigação cientifica através de maior articulação e parceria entre as instituições científicas e as entidades responsáveis pela gestão e planeamento, de modo a que os trabalhos universitários sejam do conhecimento destas entidades e possam ter utilidade na definição dos projectos e da política hidrográfica.
13º Reconhecer a relevância dos eventos realizados por ONG que coloquem em contacto e que permitam troca de informação entre a Administração e as comunidades ribeirinhas, permitindo à Administração recolher informação para um conhecimento mais aprofundado dos problemas e projectos da bacia do Tejo.
14º Conservar a arte e cultura das comunidades ribeirinhas, estimulando e registando as memórias dos seus modos de vida e das suas técnicas de produção, sendo disto exemplo, a cultura avieira, a pesca tradicional na Ortiga e as profissões ligadas ao rio, com actual relevo para a profissão de calafate.
Foi apresentado o projecto de candidatura ao Polis Tejo “ O VALE SAGRADO DO TEJO” apoiado pelo Município de Mação, pelas Associações da Ortiga e pelo proTEJO, que pretende a conservação da cultura e artes da pesca tradicional no rio Tejo, sendo a pesca na Ribeira das Eiras referida no Foral de Belver que data de 1518.
O projecto integra a “Rota das Pesqueiras” com a recuperação das pesqueiras e melhoria das acessibilidades, a valorização do “Bairro dos Pescadores” através de um centro de interpretação da pesca (com informação sobre a pesca à varela e com redão), de ligação a espaço museológico do rio em Ortiga e exposição do barco picareto e respectivas fases de construção, e a criação da “Rota das Azenhas” ao longo da Ribeira das Eiras”. Na vertente ambiental pretende-se a valorização do ecossistema natural das Lagoas com a criação de centro de interpretação da fauna e flora e percursos de observação e a valorização das galerias caducifólias das margens do rio, com classificação das espécies e utilização para actividades como a cestaria artesanal e outros artefactos ligados à cultura da pesca, melhorar a qualidade da água e manter o seu bom estado ecológico. No domínio do património cultural tem como finalidade a criação do “Parque das Cores e das Pedras do Tejo”, com base no rio e na vertente pré-histórica da região assente na cultura local e nos princípios do ecossistema ribeirinho e a valorização da Anta de Rio Frio com a ligação aos caminhos da Pré-História do concelho de Mação.
15º Dinamizar as actividades da pesca e de náutica, que actualmente estão mais presentes no rio, integrando a vertente desportiva e lúdica com a tradicional de modo a transmitir a sua antiga cultura e arte em eventos que satisfazem e dão a conhecer
16º Implementar projectos ambientais sobre águas e rios que promovam a formação ambiental das comunidades ribeirinhas motivando-as a um maior envolvimento na protecção e conservação dos seus recursos hídricos e preparando-as para uma melhor e mais informada participação pública.
17º Estimular a participação pública das comunidades ribeirinhas nas decisões de desenvolvimento local, nos planos estratégicos e de gestão hidrográfica, permitindo que se envolvam na escolha das melhores soluções de desenvolvimento local e de gestão integrada dos recursos hídricos.
18º Promover a existência de comunidades ribeirinhas dinâmicas, preservando activamente o património cultural e ecológico, permitirá, no futuro, potenciar o desenvolvimento de outras actividades económicas, como o turismo local, de natureza e cultural, actividade em crescimento em toda a Europa.
1º CONCURSO DE FOTOGRAFIA proTEJO
O concurso teve como principal objectivo a busca valorativa da fotografia enquanto forma de expressão artística e estímulo da criatividade daqueles que se dedicam ao prazer de captar imagens, bem como sensibilizar a população para as questões ambientais associadas ao rio Tejo e seus afluentes.
Os fotógrafos viraram a sua objectiva para o rio Tejo e participaram com grande entusiasmo neste 1º Concurso de Fotografia proTEJO "Proteger o rio, preservar a água", estando a concorrer 23 fotógrafos sob 27 pseudónimos que concorreram com 53 fotografias sobre este tema.
O Júri do concurso reunido no dia 19 de Setembro de 2010 decidiu premiar 9 fotografias de 8 fotógrafos e atribuir 1 menção honrosa a uma das melhores fotografias a concurso, mas não sendo directa no tema solicitado.
Participantes: Alexandra Sofia G. Carvalho, Alicina Maria Mil Homens (Premiada), André Lopes, António Conde Falcão, António José Gonçalves Ramos (Premiado), António Júlio Pereira Jorge, Bernardino Rocha Cassiano, Carlos da Piedade Silva, Domingos Manuel Nunes Simões (Premiado), Dulce Cláudia F. Miranda (Premiada), Filipa Tavares Moura Ferro, Hugo Filipe Teixeira Gomes, Joel Costa Pratas, Jorge Miguel Antunes, José Lopes Pereira Mirrado (Premiado), Licínio Miguel Neto, Manuel Alberto Fortes Gomes Tavares, Manuel Vagos (Premiado), Maria Leonardo Cabrita, Maria Madalena Martins, Paula Inês Cosme Teixeira, Paulo Jorge Santos Bica, Pedro Manuel Nunes Crespo (Premiado), Pérsio Francisco de Brito Basso (Premiado) e Tiago José Rovisco Moura (Menção Honrosa).
PINTURA À BEIRA RIO
A pintura à beira rio decorreu no dia 18 de Setembro, tendo o ateliê de pintura contando com cerca de 17 pintores que executaram as suas obras sobre o rio Tejo, com uma interessante interacção com a população local, e no dia 19 de Setembro uma sessão de acabamentos em ateliê aberto ao público.
Participantes: Alexandrino Santos, Amélia Pinheiro (Premiada), Ana Freitas, Carlos Antunes, Carlos Vicente, Domingos Simões (Premiado), Elsa Marques, Esperança Santos, Eugénio Maia, Irene Galamba, Isabel Fonseca (Premiada), Isilda Vaz, Jacinto Santos, Jorge Fonseca, Jorge Pinheiro, Maria Odete e Sílvia (Marieta) - Mençao Honrosa.


EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA E PINTURA
“PROTEGER O RIO, PRESERVAR A ÁGUA”
A exposição de fotografia e pintura receberam bastantes visitantes que esperavam pela sua inauguração, tendo participado nesta de 50 pessoas, que puderam apreciar as principais obras apresentadas e produzidas no âmbito da Festa da Água do Tejo.
A cerimónia de entrega de prémios concedeu a estes artistas o reconhecimento pela qualidade dos seus trabalhos e o seu empenhamento em apoiar esta causa de proteger e melhorar as condições do rio Tejo, que tanto apreciam e tanto os inspira, motivando-os a produzir tão belas obras.

TERTÚLIA POÉTICA “VOGAR ENTRE PALAVRAS”
A tertúlia poética foi palco de exaltação da mística inspiração que o Tejo provoca nos poetas, tendo contado com 9 declamadores de poesia inédita e de autor que a poetar colocaram a sua emoção na palavra, matéria-prima do poeta, oferecendo ao rio o seu sentimento e transmitindo o amor e encanto que o Tejo desperta nas populações ribeirinhas.
Apreciem duas das poesias inéditas com que nos prendaram.
Meu Tejo, meu fado
Meu rio,
Meu sobressalto,
Meu fado,
Meu destino amargurado,
Desvario.
Em tuas águas descubro em tom magoado
Um fado cantado ao desafio.
E no poema lá estás com teus segredos
E as tágides tão belas de encantar,
O teu fado é o meu
Sem ter mais medos,
O meu fado é o teu,
Pra te cantar.
Oh Tejo amigo e grande, Tu és fonte
De tantos sentimentos amorosos,
Perante o teu leito, ali defronte,
Estão salgueiros tão frondosos….
E à sua sombra alguns casais namoram
E escutam o teu murmurejar,
Com os seus olhos eles te devoram,
Porque é tão bom à tua beira estar…
Não querem que corras,
Querem-te parar,
Não querem que morras,
Nas águas do mar…
Duarte de Torres, 23.09.2010
Rio
Rio para o rio
porque o rio não pode rir
de quem acha que o rio
é um rio para rir...
Carlos Vicente, 25.09.2010
Participantes: António Roldão, Carlos Capote, Carlos Mendes, João Silvestre, Jorge Pinheiro, José Cunha, Raul Caldeira, Rita Betânea e Tina Jofre.


MÚSICA FLUVIAL
RANCHO FOLCLÓRICO “OS PESCADORES DE TANCOS”
Ligado ainda ao rio, assistiu-se à actuação do rancho folclórico “ Os pescadores de Tancos “, fundado 13 de Junho de 1981, cujo vestuário e ornamento são típicos da faina do rio. Este rancho herdou características do folclore Ribatejano e da Beira Baixa sendo de salientar o Fandango e o Fado Serrano.
Entre outras danças é de realçar as seguintes: Vira Corrido, Fandango, Vira do Castelo de Almourol, Vira Saloio e Fadinho.


BANDA “ARREGAITA”
Para terminar a noite actuou a banda “Arregaita” formada por dois músicos com origem no concelho de Vila Nova da Barquinha – António Dias e Cândido Godinho, proporcionando um excelente ambiente festivo digno da água do Tejo.

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