Somos um movimento de cidadania em defesa do Tejo denominado "Movimento Pelo Tejo" (abreviadamente proTEJO) que congrega todos os cidadãos e organizações da bacia do TEJO em Portugal, trocando experiências e informação, para que se consolidem e amplifiquem as distintas actuações de organização e mobilização social.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

CENTRAL NUCLEAR NO TEJO REPRESENTA RISCO PARA LISBOA

Decorreu no dia 2 de Outubro, no Auditório da Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Castelo Branco (ESA/IPCB) uma  Conferência Internacional de Protecção Civil Risco Tecnológico Nuclear, subordinada à temática do Risco Tecnológico Nuclear.
Este tema não tem sido debatido, apesar da Central Nuclear de Almaraz em Espanha se situar num afluente do Rio Tejo, a pouco mais de 150 km da fronteira em linha recta.
Realçamos a comunicação de que em caso de catástrofe, tomando como cenário um terramoto na zona de Almaraz, existe um risco de inundação que poderia advir do rebentamento da Barragem de Cañas e do consequente galgamento da Barragem de Cedillo provocando inundações desde Vila Velha de Rodão até á Barragem do Fratel, resultando num súbito aumento da linha de cota para 185 metros nas Portas de Rodão e obrigando à evacuação de algumas pessoas. Fica por responder a seguinte questão: a Barragem do Fratel e de Belver aguentariam tais cargas?
Em caso de acidente nuclear as autoridades portuguesas afirmaram que pouco poderiam fazer para além de comunicarem à população medidas de protecção básicas como permanecer dentro dos edifícios, fechar todas as portas e janelas, desligar ventilações e lavar com água e sabão as vítimas contaminadas com material radioactivo.
O INEM não entra na zona quente e o exército apenas dispõe de material de descontaminação para os seus elementos e não para as vítimas!
Por outro lado, um eventual acidente nuclear levaria a um aumento radiológico do Rio Tejo entre barragens no Alto Tejo português, cujos efeitos se estenderiam até Lisboa visto que a água e o ar são os melhores condutores da radiação e o Tejo corre sempre na mesma direcção, para a foz.
Esta situação é ainda mais preocupante devido a diversas limitações entre as quais:
• a falta de informação dos cidadãos sobre estes riscos;
• a escassa coordenação entre os organismos responsáveis por este tipo de intervenção;
• a ausência de planos de emergência para as várias cidades e regiões afectadas.
Estes planos apenas foram elaborados para a região de Castelo Branco, ao contrário das autoridades espanholas que denotam um melhor nível de organização tendo planos de emergência elaborados para vários lugares, cidades e regiões.
Portugal e Espanha vão realizar dias 2 e 3 de Novembro um exercício de simulacro para testar a resposta da Protecção Civil no caso de um acidente nuclear na Central de Almaraz (província de Cáceres), tratando-se de um primeiro exercício transfronteiriço conjunto que, do lado português, se centrará sobretudo no concelho de Vila Velha de Ródão, Castelo Branco e Idanha, consistindo no simulacro de um hipotético terramoto com impactos nas barragens espanholas que motivará a implementação dos respectivos sistemas de alerta, segurança e emergência de ambos os lados da fronteira, sendo que do lado português apenas serão simulados os riscos de inundação visto que no que respeita aos riscos radiológicos as autoridades responsáveis não dispõem de meios para realizar o simulacro, nem para uma eventual intervenção, como já referimos anteriormente.
De entre os muitos especialistas presentes na conferência, destaca-se a participação do responsável da Protecção Radiológica e Meio Ambiente da Central Nuclear de Almaraz.
A conferência, organizada pelo Núcleo de Protecção Civil da Escola Superior Agrária de Castelo Branco (ESACB), em colaboração com o Comando Distrital de Operações de Socorro de Castelo Branco, visa divulgar um tema que, embora pouco debatido na área da protecção civil em Portugal, assume um papel de destaque na zona raiana, devido à proximidade da central nuclear de Almaraz situada num afluente do rio Tejo, que fica a pouco mais de 150 km de distância da cidade de Castelo Branco.
A sessão de abertura contou com a presença do presidente da Autoridade Nacional de Protecção Civil – General Arnaldo Cruz.
A conferência contou com especialistas ibéricos e do seu programa destaca-se:
• “Plano de Emergência Interno e Externo da Central Nuclear de Almaraz” - Luis Martinez (Chefe da Protecção Radiológica e Meio Ambiente da Central Nuclear de Almaraz);
• Apresentação do Simulacro “Sismicaex” - Miguel Angél (Centro Emergência 112 de Merida - Espanha) e Comandante Rui Esteves (CDOS Castelo Branco);
• “Intervenção do Exército em cenários de ameaça radiológica” - Capitão de Engenharia António Ferreira (Escola Prática de Engenharia do Exército/ Centro de Defesa NBQ e Protecção Ambiental);
• “Simulação de acidente radiológico na Central Nuclear de Almaraz” - 1º Sargento Victor Jorge (Centro de Simulação NRBQ do Exército);
• “Segurança e riscos Nucleares/ Radiológicos” - Pedro Vaz (Instituto Tecnológico Nuclear);
• “Actuação em cenário de risco NBQR - Nuclear, Biológico, Químico e Radiológico” - Ana Sofia Branco Madeira (INEM);
• “Segurança no transporte de materiais radiológicos em Portugal” - Victor José Martins Pinto (Aluno Finalista da Licenciatura de Engenharia e Protecção Civil / ESACB).
Paralelamente pôde visitar-se uma exposição de material técnico de intervenção em cenários de risco nuclear, radiológico, biológico e químico, de outras entidades com valências neste domínio, nomeadamente, Exército, Bombeiros Sapadores de Lisboa, Grupo de Intervenção de Protecção e Socorro (GIPS) da GNR e INEM.
José Moura – AZU – Associação Ambiente em Zonas Uraníferas

1 comentário:

  1. Excelente este esclarecimento! Bastante claro e conciso... sinto-me como se tivesse lá estado presente... muito obrigada por este verdadeiro serviço público de informação!

    É muito importante esta temática, que infelizmente passa muito ao lado das nossas entidades e sobretudo da população... é um bom alerta!
    MJ

    ResponderEliminar