Somos um movimento de cidadania em defesa do Tejo denominado "Movimento Pelo Tejo" (abreviadamente proTEJO) que congrega todos os cidadãos e organizações da bacia do TEJO em Portugal, trocando experiências e informação, para que se consolidem e amplifiquem as distintas actuações de organização e mobilização social.

domingo, 25 de outubro de 2020

CARTA CONTRA A INDIFERENÇA - POR UM TEJO LIVRE

CARTA CONTRA A INDIFERENÇA

POR UM TEJO LIVRE

CANEIRAS/SANTARÉM – 24 DE OUTUBRO DE 2020

O rio Tejo não é apenas água, é cultura viva, a espinha dorsal e o eixo, das terras e das aldeias por onde passa. 

É com grande felicidade que vemos juntarem-se em defesa do Tejo todos os cidadãos e organizações aqui presentes, representativos de toda a bacia ibérica do Tejo e de todos os sectores da sociedade e áreas de ação, constituindo-se como um exemplo independente de participação e cidadania.

Nas nossas diferenças, o elo que nos une é o Tejo!

O mesmo Tejo que une toda esta bacia de Espanha a Portugal, que une todas as populações ribeirinhas e as suas culturas, que o conhecemos e o vivemos da nascente até à foz, de Albarracín ao Grande Estuário. 

É também significativo que nos encontremos em Caneiras onde se pretende realçar a beleza do património natural de um rio Tejo livre com dinâmica fluvial e do património cultural do rio Tejo associado à pesca tradicional no Município do Cartaxo e no Município de Santarém, em especial, as aldeias Avieiras de Palhota e de Caneiras, aldeias típicas de pescadores avieiros, construída com casas de madeira, tipo palafitas, cuja origem se perde nos tempos. Na aldeia de Palhota chegou a viver Alves Redol, grande escritor português que muito escreveu acerca do Tejo e das suas gentes e Ricardo Costa realizou um documentário de longa-metragem com o título Avieiros, em 1975, sobre a vida dos seus pescadores.

O rio Tejo que ao longo do seu curso sustentou as atividades agrícolas e comerciais das suas gentes constituiu-se como o principal eixo de desenvolvimento das comunidades ribeirinhas: agricultores, moleiros, construtores de barcos, artes de pesca, barqueiros, pescadores. Destes teimam uns poucos em tirar do rio o sustento, cada dia mais magro em resultado da degradação dos ecossistemas e consequentes alterações na biodiversidade, causada pelos desmandos do ser humano.

As populações do Tejo sempre conseguiram sobreviver e prosperar em harmonia com o rio, que lhes foi generoso no passado e que será essencial no futuro.

Um futuro onde o laço de natureza e cultura perdure e se reforce com o regresso de modos de vida ligados à água e ao rio, assente num desenvolvimento sustentável de atividades agrícolas e industriais responsáveis, de educação e turismo de natureza, cultural e ambiental, que apenas será possível se unirmos esforços para a preservação de um rio Tejo Livre de açudes e barragens para assegurar os fluxos migratórios das espécies piscícolas, a conservação dos ecossistemas e habitats aquáticos e o usufruto do rio pelas populações ribeirinhas.

A preservação ecológica do rio Tejo é um tributo que os cidadãos devem oferecer para a sustentabilidade da Vida e para a conservação do seu património, sendo hoje urgente defender um rio Tejo Vivo e Livre com dinâmica fluvial pela rejeição dos projetos de construção de novos açudes e barragens - Projeto Tejo e a Barragem do Ocreza - e pela exigência de uma regulamentação adequada para as barreiras que já existem de modo a garantir: o estabelecimento de verdadeiros caudais ecológicos; um regime fluvial adequado à migração e reprodução das espécies piscícolas; a qualidade das massas de água superficiais e subterrâneas do rio Tejo; a conservação dos ecossistemas, dos habitats e da biodiversidade; e uma conectividade fluvial proporcionada por eficazes passagens para peixes e pequenas embarcações.

Continuaremos a combater a sobre exploração da água do Tejo que já existe face à gestão economicista das barragens hidroelétricas da estremadura espanhola, aos transvases da água do Tejo para a agricultura intensiva no sul de Espanha e à agressão da poluição agrícola, industrial e nuclear.

Conhecemos os males de que o Tejo padece e o maltrato que a mão dos humanos tem vindo a infligir à sua água e aos seus ecossistemas.

Para conter essa mão que o maltrata temos que abrir a outra mão para que o proteja, e essa mão somos nós!

Por isso temos o dever de estender essa mão aberta para criar uma corrente de vontade e de intencionalidade, que seja capaz de esclarecer quem decide e que exija um tratamento ecologicamente sustentável para o rio Tejo.

Devemo-lo a nós próprios, que com o Tejo partilhámos a nossa vida e aceitámos a generosidade das suas águas.

Devemo-lo às gerações futuras para que conheçam um Tejo Vivo e Livre, como nós o conhecemos, e não um escravo e prisioneiro do egoísmo, da especulação, da ganância e da irresponsabilidade dos humanos.

Se continuarmos neste rumo, as próximas gerações já não conhecerão rios Vivos e Livres, mas apenas imagens na internet... que serão sombras do que um dia nos foi oferecido com generosidade, e não terão incentivo a reconhecer o valor destes rios de que nunca tiveram a possibilidade de desfrutar.

Por tudo isto, devemos unir-nos e reclamar a defesa da qualidade e da quantidade da água do rio Tejo e seus afluentes, bem como a rejeição ou remoção das barreiras à sua conectividade, para que sejam saudáveis e forneçam os serviços ecológicos necessários à Vida no seu conjunto biodiverso e se mantenham como referência do Património ribeirinho.

Devemos ainda unir-nos e reclamar a unidade e integridade do Tejo e da sua bacia, já que o amor e o respeito que por ele sentimos não se esgotam em nenhuma das fronteiras administrativas e artificiais que os homens impõem à natureza.

Para que as nossas mãos o protejam temos que as unir e coordenar, mostrando a união dos cidadãos e cidadãs portugueses e espanhóis na defesa do Tejo, enquanto bacia ibérica internacional, e afirmar a nossa determinação para combater a indiferença ao maltrato que tem vindo a sofrer.

Assim, com vista a defender o Tejo e seus afluentes, e como cidadãos do rio Tejo, em Portugal e em Espanha, unimo-nos para reivindicar a todas as autoridades competentes, internacionais, nacionais, regionais e locais:

1º. A necessidade de uma gestão sustentável da bacia hidrográfica do Tejo com base no princípio da unidade da sua gestão;

2º. O cumprimento da Diretiva Quadro da Água, nomeadamente a garantia de um bom estado das águas do Tejo;

3º. O estabelecimento e quantificação de um regime de caudais ecológicos, diários, semanais e mensais, refletidos nos Planos de Gestão da Região Hidrográfica do Tejo, em Espanha e em Portugal, e na atualização da Convenção de Albufeira, que permitam o bom funcionamento dos ecossistemas ligados ao rio e, consequentemente, dos serviços que prestam à comunidade;

4º. A monitorização do cumprimento permanente do regime de caudais ecológicos aí definidos;

5º. A informação pública do cumprimento do convénio luso-espanhol relativamente aos rios ibéricos;

6º. A recusa dos transvases do Tejo e o apoio à investigação de alternativas sustentáveis, baseadas no uso eficiente da água;

7º. Garantir caudais no rio Tejo e seus afluentes em qualidade e quantidade suficientes para garantir o bom estado das massas de água e a viabilidade dos diversos usos lúdicos e recreativos;

8º. Acompanhar a monitorização e verificar o cumprimento das licenças de descargas de efluentes das indústrias, exigindo a tomada de medidas de proteção ambiental com base no princípio da precaução;

9º. A realização de ações para ajudar a restaurar o sistema fluvial natural e o seu ambiente;

10º. A valorização e promoção da identidade cultural e social das populações ribeirinhas do Tejo.

É isto que defendemos, 

Que as nossas mãos unidas protejam o TEJO. 

E digamos com Miguel Torga, porque os poetas sabem ver o futuro

Recomeça

Se puderes,

Sem angústia e sem pressa.

E os passos que deres

Nesse caminho duro

Do futuro

Dá-os em liberdade.

Enquanto não alcances

Não descanses.

O Tejo merece!

sábado, 24 de outubro de 2020

proTEJO DEFENDEU HOJE UM RIO TEJO VIVO E LIVRE COM A PARTICIPAÇÃO NO EVENTO INTERNACIONAL DO DIA MUNDIAL DA MIGRAÇÃO DOS PEIXES EM DESCIDA DE CANOA DE CANEIRAS EM SANTARÉM ATÉ VALADA NO CARTAXO

NOTA DE IMPRENSA
proTEJO DEFENDEU HOJE UM RIO TEJO VIVO E LIVRE COM A PARTICIPAÇÃO NO EVENTO INTERNACIONAL DO DIA MUNDIAL DA MIGRAÇÃO DOS PEIXES EM DESCIDA DE CANOA DE CANEIRAS EM SANTARÉM ATÉ VALADA NO CARTAXO
24 de outubro de 2020

O proTEJO celebrou hoje o Dia Mundial da Migração dos Peixes com a descida de canoa "Por Um Tejo Livre - 8º Vogar contra a indiferença" com 36 participantes em 18 kayaks que coloriram o rio numa demonstração contra a construção de açudes e barragens com a finalidade de reter água para consumo na agricultura intensiva, defendendo um rio livre e com dinâmica fluvial para assegurar os fluxos migratórios das espécies piscícolas, a conservação dos ecossistemas e habitats aquáticos e o usufruto do rio pelas populações ribeirinhas.

O "8º Vogar contra a indiferença" iniciou-se pela manhã na aldeia avieira de Caneiras e continuou com um percurso fluvial em canoa que facultou uma experiência de fluviofelicidade proporcionada pela comunhão com a beleza do património natural de um rio Tejo livre com dinâmica fluvial e do património cultural do rio Tejo associado à pesca tradicional no Município do Cartaxo e no Município de Santarém, em especial, as aldeias avieiras de Palhota e de Caneiras.

A “Carta Contra a Indiferença” que hoje publicamos pretende ser o testemunho da necessidade de preservação ecológica do rio Tejo como um tributo que os cidadãos devem oferecer para a sustentabilidade da Vida e para a conservação do seu património natural e cultural.

Este património natural e cultural do Tejo deve ser defendido pela rejeição dos projetos de construção de novos açudes e barragens - Projeto Tejo e Projeto de Barragem no rio Ocreza - e pela exigência de uma regulamentação daqueles que já existem de modo a garantir: o estabelecimento de verdadeiros caudais ecológicos; um regime fluvial adequado à migração e reprodução das espécies piscícolas; a qualidade das massas de água superficiais e subterrâneas do rio Tejo; a conservação dos ecossistemas, dos habitats e da biodiversidade; e uma conectividade fluvial proporcionada por eficazes passagens para peixes e pequenas embarcações.

Entre estes cidadãos contou-se com a participação de amigos do Tejo de Espanha pertencentes à Rede de Cidadania por uma Nova Cultura da Água do Tejo/Tajo e seus afluentes, provando-se que a defesa dos rios ibéricos ultrapassa as fronteiras administrativas e une os cidadãos com os mesmos problemas, independentemente da sua nacionalidade.

Pretendeu-se ainda consciencializar as populações ribeirinhas para a sobre exploração da água do Tejo que se avizinha com a construção de novos açudes e barragens e a que já existe face à gestão economicista das barragens hidroelétricas da Estremadura espanhola, aos transvases da água do Tejo para a agricultura intensiva no sul de Espanha e à agressão da poluição agrícola, industrial e nuclear, realçando ainda a importância do regresso de modos de vida ligados à água e ao rio que as atividades de educação e turismo de natureza, cultural e ambiental permitirão sustentar.

Esta atividade foi organizada pelo proTEJO – Movimento Pelo Tejo e contou com o apoio do Município de Cartaxo, do Município de Santarém, da União de Freguesias da Cidade de Santarém, da EcoCartaxo, dos Bombeiros Sapadores de Santarém, da Associação dos Amigos das Caneiras, da Rede de Cidadania por Uma Nova Cultura da Água do Tejo/Tajo e seus afluentes, e da Fundação World Fish Migration Day, tendo sido responsável pela descida o Clube de Canoagem Scalabitano.





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quinta-feira, 1 de outubro de 2020

ASSOCIAÇÕES AMBIENTALISTAS E MOVIMENTOS DE CIDADANIA APELAM AOS DECISORES POLÍTICOS QUE TOMEM UMA INICIATIVA LEGISLATIVA PARA A PROTEÇÃO E DEFESA DOS ATIVISTAS AMBIENTAIS

Nota de Imprensa

ASSOCIAÇÕES AMBIENTALISTAS E MOVIMENTOS DE CIDADANIA APELAM AOS DECISORES POLÍTICOS QUE TOMEM UMA INICIATIVA LEGISLATIVA PARA A PROTEÇÃO E DEFESA DOS ATIVISTAS AMBIENTAIS

1 de outubro de 2020

As principais associações e movimentos cívicos de defesa do ambiente apelam aos decisores políticos que tomem uma iniciativa legislativa para a proteção e defesa dos ativistas ambientais, perfazendo já um total de 28 organizações subscritoras do “Manifesto Em Defesa dos Ativistas Ambientais”.

A produção de legislação que defenda os ativistas ambientais de processos sem fundamento que visam apenas a sua intimidação, instaurados por agentes que foram denunciados por más práticas ambientais, é fundamental para que a justiça realize uma apreciação preliminar da malquerença desses processos evitando o seu arrastamento por longos períodos com graves danos morais e materiais para os ativistas ambientais envolvidos.

Apresentamos aqui o “Manifesto Em Defesa dos Ativistas Ambientais” que será divulgado aos decisores políticos com os quais serão agendadas reuniões de sensibilização.


Manifesto Em Defesa dos Ativistas Ambientais

No nosso país e por mais de uma vez, ambientalistas foram processados por empresas apontadas como responsáveis por atentados ao ambiente. Num ou noutro caso, mesmo quando era gritantemente evidente a justeza das denúncias, esses ambientalistas foram a tribunal acusados de “difamação”, exigindo-se-lhes pesadas indemnizações ou penas de prisão, em processos morosos e dispendiosos.

Estes processos são iníquos, pois opõem empresas poderosas a cidadãos ou organizações ambientalistas muito frágeis. Boa parte das vezes, não passam de meros expedientes intimidatórios e uma forma de assédio. Mais do que o ressarcimento de uma eventual acusação injusta, apenas visam silenciar, punir, destruir pessoal, financeira e institucionalmente quem, por imperativo cívico, denuncia atentados ao ambiente. São o que em vários países é conhecido como “SLAPP” (strategic lawsuit against public participation), ação judicial estratégica contra a participação pública, e aí já foi tornada ilegal por ameaçar a liberdade de expressão.

A próxima transposição para o nosso ordenamento jurídico da Diretiva (UE) 2019/1937 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 23 de outubro de 2019, relativa à proteção das pessoas que denunciam violações do direito da União, deve contribuir para alterar este quadro.

Essa Diretiva aplica-se a denúncias em vários domínios, entre os quais o domínio ambiental. Assenta no pressuposto de que “As denúncias e a divulgação pública alimentam os sistemas de aplicação dos direitos nacionais e da União com informações conducentes à deteção, à investigação e à ação penal eficazes por violações do direito da União, aumentando deste modo a transparência e a responsabilização.”

O objetivo da Diretiva Europeia é o da proteção de denunciantes “que trabalham numa organização pública ou privada ou que com ela estão em contacto no contexto de atividades profissionais”. Mas a própria Diretiva admite que Os Estados-Membros possam “decidir alargar a aplicação das disposições nacionais a outros domínios a fim de assegurar a existência de um regime de proteção dos denunciantes abrangente e coerente a nível nacional.”

Nessa transposição deve, portanto, ser introduzida a proteção de denunciantes de crimes ambientais, ainda que a denúncia provenha de entidades ou pessoas sem relação profissional com as entidades denunciadas.

É, precisamente, o caso de ativistas, de associações ambientalistas ou de simples cidadãos. Sem prejuízo dos direitos das entidades denunciadas, previstos aliás na própria Diretiva Europeia, também quem por imperativo de cidadania denuncia crimes ambientais deve ser protegido de retaliações, como as que “de facto” constituem ações judiciais iníquas.

Nesse sentido, as organizações ambientalistas e movimentos cívicos subscritores manifestam-se no sentido de que os denunciantes de crimes ambientais, sejam organizações, associações ou simples cidadãos, ainda que sem relação profissional com as entidades denunciadas, venham a ser protegidos pela legislação que transpuser para ordenamento jurídico nacional a Diretiva (UE) 2019/1937 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 23 de outubro de 2019.

Portugal, 1 de outubro de 2020


Subscritores:

CPADA - Confederação Portuguesa das Associações de Defesa do Ambiente

ACRÉSCIMO - Associação de Promoção ao Investimento Florestal

APGVN - Associação Portuguesa de Guardas e Vigilantes da Natureza

Ar Puro Movimento Cívico

Associação Barreiro - Património, Memória e Futuro

Associação Cívica “As Romãs também Resistem” de Castelo Branco

Associação Portuguesa de Educação Ambiental (ASPEA)

AZU - Ambiente em Zonas Uraníferas

BASTA! – Movimento em defesa da ribeira da Boa Água

Campo Aberto - Associação de Defesa do Ambiente

Climacção Centro

EcoCartaxo - Movimento Alternativo e Ecologista

FAPAS - Associação Portuguesa para a Conservação da Biodiversidade

GEOTA - Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente

LPN - Liga para a Protecção da Natureza

Movimento Ecologista do Vale de Santarém

Plataforma Cívica Aeroporto BA6-Montijo Não!

proTEJO - Movimento pelo Tejo

Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza

Real 21 - Associação de Defesa do Rio Real

Rede de Cidadania por uma Nova Cultura da Água no Tejo/Tajo e seus afluentes

SPECO - Sociedade Portuguesa de Ecologia

URTICA – Defesa do Ambiente e Ação Climática

Vamos Salvar o Jamor

ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável