Somos um movimento de cidadania em defesa do Tejo denominado "Movimento Pelo Tejo" (abreviadamente proTEJO) que congrega todos os cidadãos e organizações da bacia do TEJO em Portugal, trocando experiências e informação, para que se consolidem e amplifiquem as distintas actuações de organização e mobilização social.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

A DANÇA DOS TRANSVASES - CRÓNICA "CÁ POR CAUSAS" - JORNAL A BARCA - 28 DE DEZEMBRO DE 2011


Nos últimos 30 anos a política de gestão da água e dos rios em Espanha sustentou-se em grandes obras hidráulicas que retêm a água dos rios em barragens ou a desviam por transvases entre bacias hidrográficas com vista ao favorecimento económico das actividades de agricultura intensiva ou dos empreendimentos imobiliários associados ao turismo.
O fim em si mesmo é a rentabilização económica da água dos rios independentemente da sustentabilidade social, ambiental e, em última instância, económica das actividades que dependem deste recurso.
Através dos transvases geram artificialismos na distribuição geográfica da disponibilidade dos recursos hídricos com impactos relevantes nas bacias cedentes e receptoras, sendo que as primeiras deixam de dispor da água suficiente para as suas actividades económicas e de lazer das populações ribeirinhas, enquanto as segundas prosseguem em ciclos de crescimento vicioso de investimento em actividades que são insustentáveis por se suportarem em recursos que ali não existem.
Apesar desta realidade começar a ser espelhada nos novos planos de gestão das regiões hidrográficas, os políticos mostram-se incapazes de contrariar a pressão dirigida à contínua busca de ganhos imediatos e de conduzirem os seus povos por um caminho que conserve e garanta a disponibilidade deste recurso fundamental e fonte de vida que é a água.
Um forte exemplo disto mesmo é o regresso da dança dos transvases em Espanha.
Depois dos movimentos de cidadania dos anos 70 terem imposto o recuo do transvase previsto para o rio Ebro, que acabou por ser construído na cabeceira do rio Tejo, e do projecto de plano de gestão da bacia do Tejo espanhol demonstrar a insustentabilidade da manutenção do transvase Tejo – Segura, voltam à ribalta os políticos do levante espanhol a pedir transvases do rio Ebro.
Voltam, mas apenas pela iminência de penalizações pelo incumprimento da política europeia da água na bacia do Tejo, em Portugal e Espanha, a qual os técnicos, profissionais e estudiosos reconhecem não aguentar mais pressões dos usos e abusos a que tem sido sujeita.
Voltam, para saciar a sede de um sem número de explorações agrícolas e imobiliárias que se multiplicaram insustentavelmente à custa de recursos hídricos alheios provenientes de outras regiões e se destinariam a mares que banham outros países.
E voltam, embora existam soluções alternativas que permitem obter uma melhoria do bem-estar das suas regiões e países, sendo a dessalinização e o investimento na eficiência hídrica a melhor forma de garantir a água necessária com ganhos para todas as regiões, cedentes e receptoras.
Será tudo uma questão de bom senso e de partilha de benefícios.
Não podem defender que a “água é de todos”, quando não estão dispostos a contribuir para que o bem-estar colectivo das regiões e dos países seja maior que o seu umbigo inchado e a transbordar.
Enquanto cidadão faço votos que os projectos dos novos planos de bacia hidrográfica tracem uma rota no sentido da gestão da água por onde ela flui, uma rota a percorrer ao longo das próximas gerações, mas, principalmente, uma rota que garanta os recursos de que tanto irão necessitar.
As gerações futuras merecem um Tejo vivo e limpo!
Paulo Constantino

sábado, 24 de dezembro de 2011

UM RIO DE NATAL

Diz-se que, mesmo antes de um rio cair no oceano ele treme de medo.
Olha para trás, para toda a jornada, os cumes, as montanhas, o longo caminho sinuoso através das florestas, através dos povoados, e vê à sua frente um oceano tão vasto que entrar nele nada mais é do que desaparecer para sempre.
Mas não há outra maneira. O rio não pode voltar.
Ninguém pode voltar.
Voltar é impossível na existência. Você pode apenas ir em frente.
O rio precisa se arriscar e entrar no oceano.
E somente quando ele entra no oceano é que o medo desaparece.
Porque apenas então o rio saberá que não se trata de desaparecer no oceano, mas tornar-se oceano.
Por um lado é desaparecimento e por outro lado é renascimento.
Assim somos nós.
Só podemos ir em frente e arriscar.
Coragem !! Avance firme e torne-se Oceano!!!
Autor: Osho
Fonte: Pensador.info
Era uma vez um riacho de águas cristalinas, muito bonito, que serpenteava entre as montanhas.
Em certo ponto de seu percurso, notou que à sua frente havia um pântano imundo, por onde deveria passar.
Olhou, então, para Deus e protestou:
- Senhor, que castigo!
Eu sou um riacho tão límpido, tão formoso, e o Senhor me obriga a atravessar um pântano sujo como esse! Como faço agora?
Deus respondeu:
- Isso depende da sua maneira de encarar o pântano.
Se ficar com medo, você vai diminuir o ritmo de seu curso, dará voltas e, inevitavelmente, acabará misturando suas águas com as do pântano, o que o tornará igual a ele.

Mas, se você o enfrentar com velocidade, com força, com decisão, suas águas se espalharão sobre ele, a humidade as transformará em gotas que formarão nuvens, e o vento levará essas nuvens em direção ao oceano.
Aí você se transformará em mar.
Assim é a vida.
As pessoas engatinham nas mudanças.
Quando ficam assustadas, paralisadas, pesadas, tornam-se tensas e perdem a fluidez e a força.
É preciso entrar pra valer nos projetos da vida, até que o rio se transforme em mar.
Se uma pessoa passar a vida toda evitando sofrimento, também acabará evitando o prazer que a vida oferece.
Há milhares de tesouros guardados em lugares onde precisamos ir para descobri-los.
Não procure o sofrimento.
Mas, se ele fizer parte da conquista, enfrente-o e supere-o.
Autor: Desconhecido
"Havia um homem apaixonado por um rio. Gastava longas horas vendo suas águas a passar, carregando em seu dorso suave folhas e histórias das cidades acima e isto dava felicidade.
Sua grande alegria era quando chegava a tarde. Depois do trabalho ele ia correndo para o rio, pulava uma cerca e ficava lá em uma prainha, com os pés mexendo nas areias grossas, bem embaixo de um velho ingá.
Falava muito, confidenciava segredos, dava gargalhadas, nunca ia embora enquanto houvesse luz e por muitas vezes só se deu conta que era noite quando a lua ladrilhava de prata as águas do rio.
Ficava lá, remoendo lembranças, indo para o futuro em sonhos. Seus olhos eram rio. O rio passeava com suas águas amigas em seus olhos, como em nenhum outro. Ambos pareciam ter nascido para ser daquele jeito, nunca sem o outro, a unidade de almas.
Dizia o homem:
- Amor pra toda vida.
Porém, um dia, o céu escureceu. Nuvens cobriram a terra e a chuva desabou sobre o mundo. A cabeceira do rio foi enchendo e logo tudo virou correnteza. Árvores foram arrancadas. Folhas deram lugar aos galhos pesados, estes arranhavam tudo o que encontravam, as barrancas desmaiavam e sumiam devoradas pela fúria das águas.
O rio cresceu, ultrapassou as margens, derrubou cercas, foi crescendo até chegar na casa do homem da história e destruiu tudo o que encontrou.
Avançou o jardim... margaridas e rosas desapareceram, entrou porta adentro com as mãos cheias de lama.
Apagou o fogo no velho fogão à lenha, tudo ficou destruído.
Quando veio o sol, veio também a desolação. Tinha que recomeçar e como é difícil recomeçar. Fez o que pôde, sem olhar em direção ao rio. Seu peito era uma amargura só. Sua cabeça não ficava em silêncio. Só pensava no que iria dizer.
Então falou:
- Por quê? Por que fez isto? Eu confiava em você, tinha certeza que isto não iria acontecer, não conosco. Havia muito amor entre nós, amor que não merecia acabar assim. Não é só a lama que está no jardim, é a confiança que nunca mais será confiança, o amor que nunca mais será amor, é o adeus que será para sempre adeus...
Foi inútil o rio tentar explicar. Nunca mais se encontraram. Nunca mais a lua cantou naquele lugar e as águas daquele rio, como o coração daquele homem, nunca mais foram os mesmos.
O homem mudou-se para muito longe e o rio, quando passava por lá, tentava não olhar... mas sonhava, bem dentro, em suas águas mais profundas, um dia ver ali, debaixo do ingá, quem nunca deveria ter ido embora...”
Autor: Desconhecido
"Estas palavras falam por si. Esquecemos facilmente os bons momentos e damos uma eternidade para as lembranças negativas. Vamos perdendo tardes enluaradas de amor, abraços tão apertados, que se pára de respirar e mesmo assim continua vivendo.
Conversas onde só o coração fala. Mergulhos em mundo que só quem ama vai. Sem medo da noite, dos olhares, vai porque sabe que a vida passa por lá.
Vamos perdendo tanto, por não querer relevar. Não querer lutar um pouco mais. Carregamos no peito a imagem da casa destruída, mas negamos dar vida ao rio iluminado. Esquecemos toda uma vida de encanto e só lembramos as marcas da ferida...
Há muita gente vivendo assim. Esquecendo que o amor ajuda a suportar as tempestades da vida. Só o amor, só ele pode fazer o rio voltar a passar na porta da sua casa. O grande passo é este: ver o que a pessoa é, e não só enxergar o que a pessoa é na nossa mente.
Todo mundo merece um rio em sua vida, mas todos devem estar preparados para as enchentes, antes de tudo, a vida deve ser merecida!"
"O rio corre sozinho, vai seguindo seu caminho, não necessita ser empurrado. Pára um pouquinho no remanso.
Apressa-se nas cachoeiras, desliza de mansinho nas baixadas. Mas, no meio de tudo, vai seguindo o seu caminho.
Sabe que há um ponto de chegada. Sabe que o seu destino é para frente. E vitorioso, abraçando outros rios, vai chegando ao mar. O mar é a sua realização e, chegar ao ponto final, é ter feito a caminhada.
A vida deve ser levada do jeito do rio. Deixar que corra
como deve correr, sem apressar ou represar, sem medo da calmaria e sem evitar as cachoeiras.
Correr do jeito do rio, na liberdade do leito da vida, sabendo que há um ponto de chegada.
A natureza não tem pressa. Vai seguindo o seu caminho. Assim é a árvore, assim são os animais. A fruta forçada a amadurecer antes do tempo perde o gosto.
Desejo ser um rio, livre do empurrão dos outros e dos meus próprios.
Livre das poluições alheias e das minhas. Rio original, limpo e livre.
Rio que escolheu o seu próprio caminho.
Não interessa ter nascido a um ou mil quilómetros do mar.
O importante é dizer, "cheguei"
É bom viver do jeito do rio!"
Autor:Henfil