Voltam,
uma e outra vez!
Em 1951 foi a primeira vez que alvitraram o alagamento de Constância e do Castelo de Almourol, para voltarem em 2007 com a barragem de Almourol e, finalmente, em 2018, lançarem o projeto Tejo que propõe seis novas barragens e açudes de Abrantes até Lisboa, o qual, agora aqui, eclodiu com a ideia peregrina de incrustar um açude no rio Tejo a jusante da foz do Zêzere em Constância.
E
as populações ribeirinhas dos nossos rios Zêzere e Tejo aqui se apresentam outra
vez para lhes tirarem daí a ideia.
Sempre,
uma e outra vez, na defesa dos nossos rios.
Somos
a mão que protege a biodiversidade e todas as Vidas que dependem do rio e dos afluentes
da mais explorada bacia de Portugal, a bacia do Tejo!
Uma
bacia explorada por três transvases em Espanha, pela poluição, pelas barragens
que aprisionam 880 km de rio e, agora aqui, por uma nova barreira à dinâmica
fluvial natural dos nossos rios que vai afetar negativamente as nossas Vidas ao
contribuir para a destruição dos ecossistemas que nos sustentam.
E
é por isso que estamos aqui, que estivemos no passado e que estaremos no
futuro.
Não
somos contra as barragens necessárias, que já existem e são suficientes, mas sim
pela busca de alternativas a novas barreiras de modo mitigar a crise ecológica
que já afeta todos os seres vivos.
E
existem alternativas, quer às seis novas barragens e açudes de Abrantes a
Lisboa, propostas pelo projeto Tejo, quer ao açude que nos trás hoje aqui.
Essas
alternativas são principalmente a redução das perdas de água na distribuição e
a eficiência no uso da água que permitirão fazer o que fazemos hoje com metade
da água ou, dito de outro modo, produzir o dobro dos alimentos com a mesma água
que usamos hoje.
Além
destas alternativas, podemos ainda captar água diretamente dos rios para
produzirmos mais com os custos energéticos mínimos da sua bombagem com recurso
à energia solar.
Mas
não podemos retirar toda a água aos rios para satisfazer uma agricultura intensiva
desenfreada.
A
captação de água diretamente do rio é realizada atualmente e será garantida com
caudais ecológicos instantâneos, regulares e contínuos, apenas necessários
porque as barragens deixam a seco o leito dos rios a jusante, enquanto inundam
bons solos e património cultural a montante, como poderá acontecer em
Constância se deixarmos que concretizem esta malfadada e abominável ideia de
ali construírem um novo açude.
Está
estimado que este açude e canais de distribuição de água custem 1,3 mil milhões
de euros, investimento que poderia ser melhor direcionado para concretizar
estas alternativas e apoiar a pequena e média exploração agrícola a colocar alimentos
na nossa mesa com menos água.
São
esses agricultores, com pequenas e médias explorações agrícolas, que asseguram
a soberania alimentar nacional e não a agricultura intensiva que aposta na
exportação.
Esta
agricultura intensiva que, recorrendo ao Alqueva, alterou a paisagem cultural
do Alentejo, continua a deteriorar a qualidade do seu solo, e sem solo não se
produz, e que exige cada vez mais água para abastecer culturas que não são
adequadas a regiões onde a escassez de água se vai instalando ao ritmo do
agravamento das alterações climáticas.
Uma
agricultura intensiva que destrói os ecossistemas que prestam serviços
necessários à sustentabilidade e ao bem-estar das nossas Vidas.
A
nossa região escolheu um modelo de desenvolvimento que salvaguarde a
biodiversidade, a paisagem cultural e o bem-estar das nossas Vidas, impulsionando
o turismo de natureza, náutico e cultural, a hotelaria e restauração, a
gastronomia e a pesca tradicional e todas as atividades económicas,
industriais, comerciais e agrícolas que protejam estes valores ecológicos e
culturais.
E
com este modelo faremos o que fazemos hoje, e ainda mais, com alternativas
tecnológicas mais ecológicas, mais eficientes e mais económicas.
Para
isso precisamos do rio Tejo e dos seus afluentes em bom estado ecológico.
E
é por isso mesmo que estamos aqui hoje, uma e outra vez, e todas aquelas que
forem necessárias.
Convosco,
uma e outra vez!
Juntos
podemos rejeitar,
aqui e agora, esta proposta de um novo açude no rio Tejo em Constância /
Praia do Ribatejo (VN Barquinha).
O
Tejo e as populações ribeirinhas merecem!
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