Nota de Imprensa
“Forças vivas dos concelhos de Constância e Vila Nova da Barquinha apelam à rejeição do novo açude no rio Tejo e anunciam ações de mobilização e sensibilização das populações”
14 de janeiro de 2025
"O novo açude no rio Tejo em
Constância / Praia do Ribatejo (VN Barquinha)” foi o tema da Conferência de Imprensa promovida hoje, dia 14 de
fevereiro de 2025, pelo município
de Constância, pelo município
de Vila Nova da Barquinha, pela junta de freguesia de
Constância, pela junta de freguesia de Praia do
Ribatejo, pelo Fluviário “Foz do Zêzere” e pelo proTEJO – Movimento pelo Tejo.
Constatou-se
a unanimidade das posições de rejeição da proposta de um novo açude no rio
Tejo em Constância / Praia do Ribatejo (VN Barquinha) por parte destes
decisores políticos, empresariais e representantes de movimentos de cidadania.
Ver Reportagem RTP "Portugal em Direto" - minuto 16:50
Estes
representantes dos munícipes e fregueses, dos empresários e dos cidadãos desta
região, anunciaram ainda as seguintes ações que se
realizarão para mobilizar e sensibilizar os cidadãos no sentido de evitar o
avanço deste projeto e a construção deste açude:
· 15 de março - Sessão Pública de Esclarecimento - Constância
“O novo açude no rio Tejo em Constância/Praia do
Ribatejo (VNB)”
Terá
lugar uma sessão pública de esclarecimento aos cidadãos sobre o Estudo de
"Valorização dos Recursos Hídricos para a Agricultura no Vale do Tejo e
Oeste", com a apresentação das posições dos municípios de Constância /
Barquinha, das Juntas de Freguesia de Constância e Praia do Ribatejo, do
projeto empresarial Aventur e Fluviário “Foz do Zêzere” e do movimento proTEJO
– Movimento pelo Tejo.
Foi
comunicada a lamentável escusa da Direção Geral da Agricultura e do
Desenvolvimento Regional ao convite realizado pelos conferencistas para estarem
presentes e que realizassem uma apresentação que permitisse um melhor
esclarecimento à população.
· 26 abril - 12º Vogar contra a indiferença - Por Um Tejo Livre - Constância / Barquinha
“Não
ao novo açude no rio Tejo em Constância/Praia do Ribatejo (VNB)”
Realizar-se-á
uma descida de canoa desde Constância até ao Castelo de Almourol, que se prevê contar
com mais de 100 canoas e 200 participantes a colorirem o rio Tejo, os quais
irão navegar atravessando o local em que se propõe a construção do novo açude, sendo uma ação de sensibilização e
mobilização de cidadãos na defesa de um rio Tejo livre e vivo sem novos açudes.
· 17 de maio - 2º Encontro Nacional de Cidadania em Defesa dos
Rios e da Água - Constância
As organizações que integram seis movimentos cívicos, de norte a sul do país, promovem o “Encontro Nacional de Cidadania pela Defesa dos Rios e da Água” para definir medidas e formas de mobilização da cidadania para combater a seca, assegurar a proteção de rios e das águas subterrâneas e encontrar alternativas aos transvases e construção de novas barragens, açudes e dessalinizadoras.
Pretende-se um mútuo apoio e encorajamento entre estes movimentos cívicos e as populações ribeirinhas do Tejo para que se alcance o abandono deste projeto de construção de um novo açude no rio Tejo imediatamente a jusante da foz do Zêzere.
Encontrando-se
ainda a decorrer a consulta pública do Estudo da “Valorização dos Recursos
Hídricos para a Agricultura no Vale do Tejo e Oeste”, no portal
Participa até dia 28 de fevereiro de 2025, os conferencistas apelaram à população para participarem com parecer
de “Discordância”.
O
Movimento proTEJO apelou a todos os cidadãos para aderirem ao seu Parecer de
“Discordância” sobre o Estudo da
“Valorização dos Recursos Hídricos para a Agricultura no Vale do Tejo e Oeste”
e a subjacente proposta de um novo açude no rio Tejo, na zona de Barquinha /
Constância.
Esta
adesão pode ser efetuada através da subscrição da minuta do Parecer, que deverá ser apresentada no portal
Participa até dia 28 de fevereiro de 2025
(Ajuda - Guia para participar no Portal)
O parecer de “Discordância” ao Estudo "Valorização dos Recursos Hídricos
para a Agricultura no Vale do Tejo e Oeste" justifica-se pelos graves
danos ecológicos que o novo açude irá exercer sobre os ecossistemas das bacias
do rio Zêzere e do rio Tejo em incumprimento das Diretivas Quadro da Água, Aves
e Habitats, e da Estratégia para a Biodiversidade 2030 da União Europeia, bem
como pelos danos económicos, sociais, patrimoniais e de paisagem cultural que afetarão as populações ribeirinhas dos concelhos de
Vila Nova da Barquinha e Constância, e, ainda, pela apresentação de uma
Avaliação Ambiental que não cumpre os requisitos para que seja considerada como
“Estratégica”.
O
proTEJO – Movimento pelo Tejo deliberou nos seguintes termos:
1. A rejeição da construção do novo
açude em virtude dos seus graves danos ecológicos em incumprimento das
Diretivas Quadro da Água, Aves e Habitats, e da Estratégia para a
Biodiversidade 2030 da União Europeia;
2. A defesa da preservação dos últimos 120 km um rio Tejo Vivo e
Livre com dinâmica fluvial privilegiando o desenvolvimento regional sustentável
assente em novas politicas e práticas agrícolas que favoreçam os valores
ecológicos que sustentam a Cadeia da Vida, ao mesmo tempo que promovem o
turismo de natureza e cultural, as atividades piscatórias tradicionais e a
gastronomia centrada nessas atividades, estratégia que não estará alinhada com
o projeto de um novo açude que irá causar danos económicos, sociais,
patrimoniais e de paisagem cultural, bem como o agravamento dos riscos de
segurança causado pelas alterações hidromorfológicas que afetarão as populações
ribeirinhas dos concelhos de Vila Nova da Barquinha e Constância;
3. O requerimento de uma verdadeira Avaliação Ambiental Estratégica
(AAE) que integre o estudo de soluções alternativas com base nas metas da
Diretiva Quadro da Água, tendo em conta todas as dimensões, ecológica, social,
financeira, tecnológica, que melhor respondam aos desafios atuais e futuros e
por isso avaliando a possibilidade de adoção de soluções de engenharia natural
e recomendando políticas estratégicas, transversais a todos os ministérios,
focadas nas causas dos problemas, nomeadamente:
a) Implementação de regimes de caudais ecológicos;
b) Aumento da eficiência hídrica e promoção do uso racional (“responsável”)
da água;
c) Redução das perdas de água nos sistemas de abastecimento
público, agrícola, turístico, industrial;
d) Promoção da utilização de água residual tratada;
e) Instalação de equipamentos de
captação de água diretamente do rio, com economias de escala para os
utilizadores;
f) Adoção de Medidas Naturais de Retenção de Água aos níveis agrícola,
urbano, florestal e hidromorfológico, já implementadas em países da União
Europeia;
g) Investimento na investigação, na formação e na adaptação a novas
práticas agrícolas em condições de forte carência de água através da cobertura
permanente do solo, da mobilização reduzida ao mínimo necessário, da plantação
de corta ventos, etc.… para melhor aproveitamento da água e aumento da
fertilidade dos solos;
h) Implementação de políticas de ocupação e uso dos solos
(agrícolas, florestais, urbanização, etc…) que combatam a poluição e favoreçam
práticas agroecológicas.
Estas soluções alternativas
devem ainda assegurar uma política de recuperação de custos dos serviços da
água e o uso adequado do erário público considerando o seu custo de
oportunidade, permitindo que a decisão de implementar qualquer um desses
projetos seja tomada com base em critérios de minimização do impacto ambiental,
em cenários realistas de procura de água e de captação de investimento
produtivo, bem como de utilização das melhores tecnologias disponíveis para
garantir a competitividade económica das explorações agrícolas, nomeadamente,
de eficiência hídrica.
A Avaliação Ambiental Estratégica deve responder ainda às seguintes questões: Maior consumo de água? Para servir quem?
Para produzir o quê? Com que práticas?
4. A rejeição dos projetos de construção de novos açudes e barragens e a exigência de uma regulamentação adequada para as barreiras que já existem de modo a garantir: o estabelecimento de verdadeiros caudais ecológicos; um regime fluvial adequado à migração e reprodução das espécies piscícolas; a qualidade das massas de água superficiais e subterrâneas do rio Tejo e afluentes; a conservação e recuperação dos ecossistemas e habitats essenciais à manutenção dos ciclos vitais; e uma conectividade fluvial proporcionada por eficazes passagens para peixes e pequenas embarcações;
5. A integração de caudais ecológicos determinados cientificamente
nos Planos de Gestão da Região Hidrográfica do Tejo com a coordenação das
administrações de Portugal e Espanha, implementados nas barragens portuguesas
(Fratel, Belver, Castelo de Bode, entre outras) e nos pontos de controlo que
atualmente estão presentes na Convenção de Albufeira, em Cedillo e Ponte de
Muge;
6. A implementação de medidas que visem a recuperação ecológica do
rio Tejo e de toda a sua bacia para salvaguardar a continuidade dos ciclos
vitais que ditam a sustentabilidade da Vida através da conservação e
recuperação da sua Biodiversidade e do património natural;
7. Um futuro onde os laços entre a natureza e a cultura das
comunidades ribeirinhas perdurem e se reforcem com o regresso de modos de vida
ligados à água e ao rio, assentes em princípios de sustentabilidade e
responsabilidade, transversal a todas as atividades: piscatórias, agrícolas,
industriais, educacionais, turismo de natureza, ecológico e cultural, e
usufruto das populações ribeirinhas.
Bacia do Tejo, 14 de fevereiro
de 2025
Ana Silva e Paulo Constantino
Os porta vozes do proTEJO
+ Informações: Paulo Constantino 919 061 330
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