CARTA ABERTA
AO SENHOR MINISTRO DO AMBIENTE E
AO
SENHOR MINISTRO DA SAÚDE
SOBRE AS MORTANDADES DE PEIXES NO RIO TEJO
5 de agosto de 2018
Exmo. Senhor Ministro do Ambiente – João Pedro
Matos Fernandes
Exmo. Senhor Ministro da Saúde - Adalberto Campos
Fernandes
Com
conhecimento
Ao
Secretário de Estado do Ambiente
Ao
Inspetor-geral da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do
Território
Ao
Presidente da Agência Portuguesa do Ambiente
Ao
Comandante Geral da Guarda Nacional Republicana/Serviço de Proteção da Natureza
e do Ambiente
Ao
Presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e
Vale do Tejo
Ao
Presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro
Ao
Presidente do Conselho Executivo da Comunidade Intermunicipal da Lezíria do
Tejo
Ao
Presidente do Conselho Executivo da Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo
Ao
Presidente do Conselho Executivo da Comunidade Intermunicipal da Beira Baixa
Ao
Presidente do Conselho Executivo da Comunidade Intermunicipal do Alto Alentejo
Ao
Presidente da Comissão Executiva da Área Metropolitana de Lisboa
Ao
Secretário de Estado da Saúde
À
Direção Geral de Saúde
À
Autoridade de Segurança Alimentar e Económica
À
Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, I.P.
À
Administração Regional de Saúde do Centro, I.P.
Aos
delegados de saúde de Lisboa e Vale do Tejo e de Castelo Branco
O proTEJO – Movimento pelo Tejo é um movimento de
cidadania em defesa do Tejo denominado "Movimento Pelo Tejo"
(abreviadamente proTEJO) que congrega todos os cidadãos e organizações da bacia
do Tejo em Portugal, trocando experiências e informação, para que se consolidem
e amplifiquem as distintas atuações de organização e mobilização social.
Desde 2015 que têm vindo a ocorrer de forma
contínua, uma sequência de gravosos incidentes de poluição no rio Tejo, alguns
dos quais provocando mortandades de peixes, que são do domínio público e que
culminaram num incidente de poluição do rio Tejo em 24 de janeiro de 2018 que
apresenta indícios de ter origem nas descargas de empresas da indústria da
celulose.
Tendo em vista conhecer da adequação das medidas
tomadas para conter esta poluição solicitámos ao Ministério do Ambiente, no dia
30 de abril de 2018, e à Agência Portuguesa do Ambiente, no dia 6 de junho de
2018, a disponibilização das 10 novas licenças
definitivas das ETAR para emissão de efluentes rejeitados no rio Tejo, cujo
prazo para pronúncia dos interessados terminou no dia 24 de abril de 2018, não
tendo ainda recebido qualquer resposta sobre este pedido.
Além disso, no mês de julho de 2018 foram
registados diversos episódios de mortandades de peixes ao longo do rio Tejo,
nomeadamente, em Abrantes e Santarém, tendo aparecido uma “quantidade
significativa" de peixes mortos nas praias dos Moinhos e do Samouco, em
Alcochete, no distrito de Setúbal, para além da presença de "espumas muito
pouco habituais" que poderão ter origem em descargas a montante do rio
Tejo, situação difundida pelo jornal Público do dia 11 de julho de 2018.
Neste contexto, o proTEJO solicitou a intervenção
do Ministério da Saúde, no dia 30 de abril de 2018, no sentido de se apurar se
existem riscos na cadeia alimentar na sequência da poluição suprarreferida,
nomeadamente, sobre as espécies piscícolas e os produtos hortícolas regados com
a água do rio Tejo e seus afluentes, não tendo ainda recebido qualquer resposta
sobre este pedido.
Face ao exposto, vimos solicitar as seguintes
informações ao Ministério do Ambiente e ao Ministério da Saúde:
a) Qual o motivo pelo
qual não é facultado acesso à informação das 10 novas licenças definitivas das
ETAR para emissão de efluentes rejeitados no rio Tejo, cujo prazo para
pronúncia dos interessados terminou no dia 24 de abril de 2018?
Em
caso de omissão no fornecimento das novas licenças iremos comunicar esse facto
às autoridades competentes no sentido de serem respeitados os normativos de
acesso à informação, nomeadamente a Convenção de Aarhus.
b) Que análises foram
realizadas à água e aos peixes mortos pelo Ministério do Ambiente e/ou pelo
Ministério da Saúde? Quais os seus resultados?
c) Quais as causas
que estiveram na origem das suprarreferidas mortandades de peixes e que ações e
medidas foram ou vão ser tomadas para evitar novas ocorrências?
d) Existem riscos na
cadeia alimentar com origem na poluição suprarreferida, nomeadamente, sobre as
espécies piscícolas e os produtos hortícolas regados com a água do rio Tejo e
seus afluentes? Em caso afirmativo, quais os riscos existentes?
No
caso de não serem tomadas medidas para apurar da existência de riscos na cadeia
alimentar com origem na poluição do rio Tejo e seus afluentes, nem para
informar a população sobre estes eventuais riscos, consideramos que deverá ser
imputada a responsabilidade de qualquer impacto negativo que decorra destas
omissões.
Bacia do Tejo, 5 de agosto de 2018
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