Somos um movimento de cidadania em defesa do Tejo denominado "Movimento Pelo Tejo" (abreviadamente proTEJO) que congrega todos os cidadãos e organizações da bacia do TEJO em Portugal, trocando experiências e informação, para que se consolidem e amplifiquem as distintas actuações de organização e mobilização social.

sábado, 26 de abril de 2025

proTEJO reivindicou hoje a rejeição do novo açude no rio Tejo em Constância / Praia do Ribatejo (VN da Barquinha) em defesa de um rio Tejo Vivo e Livre com dinâmica fluvial sem novos açudes e barragens, em descida de canoa

Nota de Imprensa

26 de abril de 2025

proTEJO reivindicou hoje a rejeição do novo açude no rio Tejo em 

Constância / Praia do Ribatejo (VN da Barquinha) em defesa de um 

rio Tejo Vivo e Livre com dinâmica fluvial 

sem novos açudes e barragens, em descida de canoa

O proTEJO realizou hoje uma jornada “Não ao açude no rio Tejo em Constância / Praia do Ribatejo” que se iniciou pela manhã com a descida de canoa “12º Vogar contra a indiferença” com 120 participantes em 60 kayaks que coloriram os rios Zêzere e Tejo defendendo os rios Vivos sem poluição e Livres de açudes e barragens para assegurar a conservação dos ecossistemas e habitats aquáticos, o usufruto do rio pelas populações ribeirinhas e os fluxos migratórios das espécies piscícolas.

O "12º Vogar contra a indiferença" iniciou-se pela manhã na praia fluvial de Constância e continuou com um percurso fluvial em canoa partindo da bela Vila de Constância pelo rio Zêzere e seguiu pelo rio Tejo até ao esplendoroso Castelo de Almourol facultando aos participantes uma experiência de defesa de uma causa comum, de comunhão com o rio e de fluviofelicidade com a beleza desta paisagem natural e cultural.

Créditos: Medio Tejo net

A Carta Contra a Indiferença (em espanhol) que hoje publicamos e lida na demonstração ibérica “Por Um Tejo Livre” exige a rejeição do novo açude no rio Tejo em Constância / Praia do Ribatejo (VN da Barquinha) em defesa de um rio Tejo Vivo e Livre com dinâmica fluvial sem novos açudes e barragens, bem como a necessidade de uma gestão sustentável da bacia hidrográfica do Tejo com base no princípio da unidade da sua gestão, o cumprimento da Diretiva Quadro da Água, nomeadamente, no sentido de alcançar o bom estado ecológico dos rios e a valorização e promoção da identidade cultural e social das populações ribeirinhas do Tejo.4º. A valorização e promoção da identidade cultural e social das populações ribeirinhas do Tejo.

Esta Carta pretende ser um testemunho de que a conservação ecológica dos rios Zêzere e Tejo, bem como dos restantes rios da bacia do Tejo, é um tributo que os cidadãos devem oferecer para a sustentabilidade da Vida e para a conservação do seu património, sendo hoje urgente defender rios Vivos sem poluição e Livres com dinâmica fluvial de modo a garantir: a qualidade das massas de água superficiais e subterrâneas; a conservação dos ecossistemas, dos habitats e da biodiversidade; o estabelecimento de verdadeiros caudais ecológicos; a rejeição dos projetos de construção de novos açudes e barragens e a exigência de uma regulamentação adequada para as barreiras que já existem; um regime fluvial adequado à migração e reprodução das espécies piscícolas; e uma conectividade fluvial proporcionada por eficazes passagens para peixes e pequenas embarcações.

Entre estes cidadãos contou-se com a participação de amigos do Tejo de Espanha pertencentes à Rede de Cidadania por uma Nova Cultura da Água do Tejo/Tajo e seus afluentes, provando-se que a defesa da Vida nos rios ibéricos ultrapassa as fronteiras administrativas e une os cidadãos com os mesmos problemas, independentemente da sua nacionalidade.

Realizou-se ainda a consciencialização das populações ribeirinhas para o aumento das pressões negativas que resultam da sobre exploração da água do Tejo: as que se avizinham, com projetos de construção de novos açudes e barragens, e as que já existem, face à gestão economicista das barragens hidroelétricas da Estremadura espanhola, aos transvases da água do Tejo para a agricultura intensiva no sul de Espanha e à agressão da poluição agrícola, industrial, urbano e nuclear. Foram ainda realçados a importância do regresso de modos de vida ligados à água e ao rio e das atividades de educação ambiental e turismo de natureza, cultural e ambiental.

Esta atividade foi promovida pelo proTEJO – Movimento pelo Tejo, pelo município de Constância, pelo município de Vila Nova da Barquinha, pela junta de freguesia de Constância, pela junta de freguesia de Praia do Ribatejo, pela Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo, pelo Fluviário “Foz do Zêzere”, contando com o apoio das empresas de canoagem Aventur – Aventura e Lazer e AKWA - Water and Adventure Tours, da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Vila Nova da Barquinha e da Rede de Cidadania por Uma Nova Cultura da Água do Tejo/Tajo e seus afluentes.

Os rios Tejo e Zêzere, e suas populações ribeirinhas merecem-no!

Ana Silva e Paulo Constantino

Os porta vozes do proTEJO

Mais informação: +351 91 906 13 30 

Carta Contra a Indiferença – português

Carta Contra a Indiferença – espanhol


segunda-feira, 21 de abril de 2025

proTEJO apresentou hoje a sua “Discordância” sobre a estratégia “Água que une” que considera um desastre ecológico e social

Nota de Imprensa

21 de abril de 2025

“proTEJO apresentou hoje a sua “Discordância” sobre a estratégia “Água que une” que considera um desastre ecológico e social"

O proTEJO - Movimento pelo Tejo apresentou hoje a sua “Discordância” sobre a estratégia “Água que une”, no portal Participa, a qual considera um desastre ecológico e social por representar uma visão de curto prazo que continua a favorecer o crescimento dos sectores do agro-negócio, da banca, da construção civil e do imobiliário à custa da degradação de uma ecologia do planeta favorável à sustentabilidade da Vida.

Esta estratégia é essencialmente apressada, eleitoralista, economicista e megalómana face à circunstância de um Governo demissionário cujas propostas estão objetivamente focadas, em termos de prazos de execução no curto prazo, na construção de inúmeras novas infraestruturas hidráulicas (barragens, transvases e açudes) que conduzem a um desastre ecológico e social, apresentam um risco elevado de ficarem rapidamente subutilizadas sem o retorno económico esperado, e que não foram consensualizadas com a sociedade portuguesa e com as pessoas que vão ser diretamente afetadas.

Esta participação pública encontra-se ainda inquinada pelo facto de apenas ser disponibilizado o sumário executivo[1] da estratégia em apreciação, sonegando o documento integral que, com certeza, sumariza.

Mais concretamente, o proTEJO considera, quanto à estratégia “Água que une”, que:

1º Não concilia os valores económicos com os valores ecológicos e sociais, por não assegurar nem a sustentabilidade económica de médio-longo prazo, nem a sustentabilidade ambiental, só possível através de uma ação urgente sobre a conservação e o restauro da natureza.

Na realidade, conduz a um desastre ecológico e social pelos graves danos causados pelos seguintes projetos:

os transvases de ligação de bacias hidrográficas distintas, nomeadamente, do Douro e do Mondego para o Tejo e do Tejo para o Guadiana com as denominadas “autoestradas da água” (ex: ligação Sabugal-Meimoa), vão afetar populações e degradar, destruir e fragmentar habitas, já globalmente debilitados; vão permitir a transferência de poluição e de espécies entre estas bacias provocando alterações nos seus ecossistemas;

 a construção de novas barreiras nos rios (barragens e açudes) alteram a dinâmica e limitam a conectividade fluvial dos rios, destruindo a biodiversidade pela afetação dos habitats e das condições de sobrevivência das diversas espécies, causando uma deterioração adicional da qualidade das massas de água, reduzindo a chegada de sedimentos às zonas costeiras e aumentando a emissão de gases com efeitos de estufa que agravarão as alterações climáticas.

2º Nega-se a si própria ao inverter as prioridades que foram estabelecidas na sua criação visto que os contribuintes serão obrigados a pagar mais de 3 biliões de euros (3.174 M€) para novas infraestruturas hidráulicas (barragens, transvases e açudes) e manutenção das existentes, mais de metade do investimento total previsto (+ de 55% de 5 biliões de euros) quando tinha sido definido, nas prioridades da estratégia, que estas infraestruturas seriam um último recurso.

Este valor será pago por todos os contribuintes a partir do Orçamento de Estado português, tendo o caso da barragem do Pisão demonstrado que a União Europeia não irá financiar novas grandes barragens por ser uma política que está em contraciclo com Lei do restauro da natureza e com a estratégia da UE para a biodiversidade 2030, que visa libertar de barreiras 25.000 km do curso natural dos rios até 2030 para assegurar a sua conectividade, uma vez que provocam disfuncionalidades ecológicas que põem em causa a sobrevivência das espécies, incluindo a humana.

Na verdade, as principais prioridades inicialmente estabelecidas foram relegadas para último lugar, ao afetar-se à redução das perdas de água, à eficiência do uso e à reutilização das águas residuais, mais simples, mais económicas e mais ecológicas, apenas 1.989 M€, ou seja, cerca de um terço (35%) do investimento total.

As medidas para a biodiversidade, a restauração e a conectividade fluvial, são contempladas com uma insignificância de apenas 50 M€, menos de 1% do investimento total.

3º Encontra-se orientada para o aumento do regadio (30%) com maior consumo de água e não para satisfazer as atuais e futuras necessidades de água das populações com as disponibilidades de água que ali existem.

É evidente a existência de um aproveitamento de uma incorreta percepção de escassez de água que resulta, em grande medida, da redução artificial de caudais dos rios pelas barragens, bem como de uma ocupação e uso do solo que não favorece uma biodiversidade capaz de reinstalar condições de fertilidade, de evapotranspiração, de purificação e de infiltração de água nos solos.

4º Adicionalmente, não responde a importantes questões: Qual o objetivo deste aumento do regadio? Para quem plantar o quê? Para produzir como e consumir onde?

5º E ainda ficaram esquecidas medidas estratégicas cujo impacto se prolonga em prazos mais ou menos longos, nomeadamente, as soluções de engenharia natural e as que promovem o restabelecimento de zonas húmidas e a infiltração da água nos solos, como sejam, uma floresta com maior biodiversidade, a adaptação das culturas agrícolas às alterações climáticas e o incentivo para uma agricultura regenerativa.

Quanto ao Médio Tejo esta estratégia propõe a concretização de 3 projetos: o novo açude no rio Tejo em Constância / Praia do Ribatejo (VN Barquinha), o estudo da ligação da bacia do Tejo à bacia do Guadiana, e a construção de uma nova grande barragem no rio Ocreza.  

Estes projetos são danosos para o funcionamento dos ecossistemas, a paisagem natural e cultural, a economia local, os espaços de vivência social e, portanto, para a Vida das pessoas, de gerações atuais e vindouras, que irão ser afetadas pela construção destas novas infraestruturas hidráulicas, sejam barragens, transvases ou açudes.

O proTEJO compromete-se a lutar ao lado das pessoas que têm e irão ter as suas vidas afetadas pela construção de barragens e que tentam impedir que estas sejam construídas sobre as suas histórias.

Bacia do Tejo, 21 de abril de 2025

Ana Silva e Paulo Constantino

Os porta vozes do proTEJO

+ Informações: Paulo Constantino 919 061 330



[1] Documento intitulado no portal Participa como “Resumo executivo” e disponibilizado em ficheiro eletrónico com a designação “20250325_Agua que Une_Resumo Executivo_vf_5997”.