Somos um movimento de cidadania em defesa do Tejo denominado "Movimento Pelo Tejo" (abreviadamente proTEJO) que congrega todos os cidadãos e organizações da bacia do TEJO em Portugal, trocando experiências e informação, para que se consolidem e amplifiquem as distintas actuações de organização e mobilização social.

domingo, 25 de junho de 2023

O proTEJO requer o reconhecimento dos benefícios de uma política de melhoria da qualidade das águas da bacia do Tejo para resolver o problema da apanha e do tratamento de bivalves destinados ao consumo humano no estuário do Tejo

CARTA ABERTA

À SENHORA MINISTRA DA AGRICULTURA 

E

AO SENHOR MINISTRO DO AMBIENTE

“O proTEJO requer o reconhecimento dos benefícios de uma política de melhoria da qualidade das águas da bacia do Tejo para resolver o problema da apanha e do tratamento de bivalves destinados ao consumo humano no estuário do Tejo”

25 de junho de 2023


Exma. Senhora Ministra da Agricultura e da Alimentação

Maria do Céu Antunes


Exmo. Senhor Ministro do Ambiente e da Ação Climática

Duarte Cordeiro


O proTEJO – Movimento pelo Tejo teve conhecimento que existem “Novos planos no Tejo” sendo que os bivalves já não vão ser transformados, mas sim depurados no rio”, de acordo com notícia do Público de ontem, devido a “se ter registado uma melhoria significativa da qualidade microbiológica, como resultado da cooperação fundamental das autarquias da região, permitindo a classificação B da parte do estuário a jusante da Ponte Vasco da Gama”.

Felicitamos assim o Ministério da Agricultura e da Alimentação por ter chegado agora à conclusão de que a melhoria da qualidade da água do estuário do Tejo é fundamental para que os bivalves do estuário do Tejo se encontrem em Zonas de Produção B destinadas a depuração numa unidade de recepção e depuração de bivalves cujo projeto e investimento será menos complexo para o governo e menos oneroso para os contribuintes.

Contudo, consideramos que importa prosseguir uma política de melhoria da qualidade da água para que a bacia do Tejo e o seu estuário possa alcançar o estatuto sanitário de Zona A permitindo que os bivalves possam ser apanhados e comercializados para consumo humano direto sem necessidade de unidades depuradoras (Zona B) ou de transformação industrial (Zona C), permitindo poupanças de investimento para o erário público e para os contribuintes portugueses, mas sobretudo permitindo alcançar a sanidade ecológica deste ecossistema fluvial essencial à preservação das bases de sustentação da Vida.

Apesar do reconhecimento acima expresso, questionamos Vossas Excelências sobre a razão pela qual não foram igualmente registadas melhorias da qualidade microbiológica da água na zona a montante da Ponte Vasco da Gama (ETJ2), onde se mantém a “Proibição” da captura de todos os bivalves.

Neste sentido, o proTEJO mantém a sua posição, transmitida em Carta Aberta ao Senhor Ministro do Ambiente e da Ação Climática de 14 de abril de 2021 (em Anexo), quanto à necessidade de tomada de medidas no sentido de eliminar a poluição microbiológica que está a deteriorar a qualidade da água do estuário do Tejo, registada desde 9 de março de 2021, e que pode ter diversas origens, nomeadamente:

a) a existência de focos de poluição no troço principal do rio Tejo, com origem em Espanha e Portugal,

b) as ocorrências de poluição nos afluentes do rio Tejo;

c) o insuficiente tratamento das águas residuais urbanas na área metropolitana de Lisboa, explicação que não se coaduna com os elevados investimentos realizados nas suas ETAR´s;

d) e os passivos ambientais da atividade industrial de décadas anteriores na área metropolitana de Lisboa, que se depreende face aos elevados teores de metais pesados, em particular o chumbo.

Figura. Classificação das zonas de produção de bivalves no estuário do Tejo 2023-06-23

Fonte: Instituto Português do Mar e da Atmosfera

Por todos estes motivos e sendo reconhecida por Vossas Excelências o estado atual de deterioração da qualidade da água no estuário do Tejo, reiteramos que estão a gerar-se impactos ecológicos negativos sobre a sua biodiversidade, a acarretarem-se significativos prejuízos para a atividade piscatória, em particular para a apanha de bivalves, e a desenvolverem-se práticas com elevados riscos para a saúde pública, o proTEJO vem requerer o seguinte:

a) Que a Agência Portuguesa do Ambiente e a Inspeção-Geral da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território (IGAMAOT) promovam a identificação das origens da contaminação microbiológica e de metais pesados que estão a deteriorar a qualidade da água do estuário do Tejo e tomem as ações necessárias à sua eliminação, bem como procedam à responsabilização dos agentes poluidores da bacia hidrográfica do Tejo, nomeadamente, do estuário do Tejo, do rio Tejo e dos seus afluentes.

É imprescindível conhecer se esta poluição resulta do insuficiente tratamento de águas residuais e de passivos ambientais existentes na envolvente área metropolitana de Lisboa e/ou de ocorrências de poluição a montante da bacia hidrográfica do Tejo, ou seja, com origem no rio Tejo e nos seus afluentes. 

b) Que a Agência Portuguesa do Ambiente implemente as medidas que permitam que as massas de água da bacia do Tejo alcancem um bom estado ecológico, nomeadamente, as que estão a ser integradas no Programas de Medidas do 3º Plano de Gestão de Região Hidrográfica para 2022/2027, em cumprimento da Diretiva Quadro da Água e das Diretivas Europeias que regulamentam o tratamento das águas residuais e a qualidade da água para os diversos usos, incluindo, os fins aquícolas e piscícolas;

c) Que seja reativada a “Comissão de Acompanhamento sobre a Poluição do rio Tejo”, desativada em 2018, com o objetivo de delinear um “Plano de melhoria da qualidade da água do estuário do Tejo”, congregando um trabalho conjunto entre a Agência Portuguesa do Ambiente, a Inspeção-Geral da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território (IGAMAOT), o Instituto Português do Mar e da Atmosfera, a Área Metropolitana de Lisboa, os municípios afetados, bem como as organizações não governamentais de ambiente, as organizações representativas da atividade piscatória e as instituições de investigação científica.

Bacia do Tejo, 25 de junho de 2023

Os Porta-Vozes do proTEJO,

Ana Silva e Paulo Constantino

Valada - rio Tejo

7 de abril de 2021


Chamusca – rio Tejo

9 de abril de 2021


Rio Tejo - Ponte RodoFerroviária da Praia do Ribatejo

Google Maps 2023

Chamusca – rio Tejo

22 de fevereiro de 2023 

Açude de Abrantes

6 de fevereiro de 2023

segunda-feira, 12 de junho de 2023

proTEJO defendeu em Espanha um rio Tejo vivo e livre com caudais ecológicos nas XII Jornadas “Por Um Tejo Vivo” da Rede do Tejo que se realizaram em Aranjuez

Nota de Imprensa

proTEJO defendeu em Espanha um rio Tejo vivo e livre 

com caudais ecológicos nas XII Jornadas “Por Um Tejo Vivo” 

da Rede do Tejo que se realizaram em Aranjuez

12 de junho de 2023

O proTEJO defendeu em Espanha um rio Tejo vivo e livre com caudais ecológicos nas XII Jornadas “Por Um Tejo Vivo” da Rede do Tejo (Rede de Cidadania Ibérica por Uma Nova Cultura da Água do Tejo/Tajo e seus afluentes) que se realizaram em Aranjuez no passado fim de semana, nos dias 10 1 11 de julho.

Nessa comunicação aos seus parceiros de Espanha foi referido que “a água enviada por Espanha pelo Tejo para Portugal é suficiente (63% da disponibilidade hídrica da bacia do Tejo em Espanha), mas precisamos que seja enviada com a implementação de caudais ecológicos que representem o regime natural do rio de acordo com a sazonalidade das estações do ano, ou seja, caudais ecológicos regulares, contínuos, medidos em m3/s, maiores no inverno e menores no verão”.

O porta voz do proTEJO, Paulo Constantino com a apresentação
“Por um Tejo livre com caudais ecológicos”

Acrescentou que “a inexistência destes caudais ecológicos está a destruir os ecossistemas aquáticos e a dificultar a reprodução das espécies piscícolas migratórias, a impedir uma gestão da água pelos agricultores em Portugal como ainda hoje foi noticiado em Portugal, e a colocar em causa o usufruto pelas populações ribeirinhas”.

E afirmou ser “inaceitável que a Iberdrola continue a fazer o que quer com os caudais do rio Tejo uma vez que existe uma obrigação legal de implementação de caudais ecológicos na legislação europeia, na legislação portuguesa e na legislação espanhola, e que, portanto, se estende à própria Convenção de Albufeira”.

No final, denunciou que “o Governo português tem uma posição submissa perante Espanha e que para resolver a ilegalidade de ausência de caudais ecológicos propõe a construção da barragem do Alvito no rio Ocreza com a argumentação de que pretende alcançar a regularização dos caudais que afluem de Espanha. Trata-se de remendar uma ilegalidade com uma barragem que destrói ecossistemas, que custará 400 milhões de euros aos contribuintes e que a EDP não quis construir por não ser rentável.

O proTEJO mantém que deve ser exigida a aplicação da lei em vigor e comunicou aos seus congéneres espanhóis a sua rejeição dos projetos de construção de novos açudes e barragens - Projeto Tejo e barragem do Alvito no rio Ocreza – que pretende retirar a quase totalidade do caudal do rio Tejo que aflui de Espanha para uso no regadio intensivo, impossibilitando a existência de suficientes caudais de chegada ao estuário e ao mar, pervertendo esta função ecológica prevista na Convenção de Albufeira, o que causará graves desequilíbrios ecológicos no estuário do Tejo.

Estas Jornadas mostraram-se determinantes para conhecer as atuais problemáticas ligadas à ação humana sobre a bacia do Tejo, para definir estratégias comuns de atuação e para reforçar a coesão das organizações que integram a Rede do Tejo.

As Jornadas coincidiram com a celebração da Assembleia Anual da Fundação Nova Cultura da Água e com debates sobre a relação passada, presente e futura da água e da agricultura no contexto dos processos de mudança climática, tendo a Fundação distribuído os prémios “Dragona Ibérica”, com o qual o proTEJO foi agraciado em Zaragoza, no ano de 2010.

Na despedida das XII Jornadas “Por Um Tejo Vivo” foi realizado um passeio de canoa no rio Tejo ao longo dos jardins de Aranjuez.

Mais informação: Paulo Constantino +351919061330

quinta-feira, 8 de junho de 2023

A Rede de Cidadania para uma Nova Cultura da Água no Tejo/Tajo e nos seus Rios reúne-se em Aranjuez nas XII Jornadas por Um Tejo Vivo

XII Jornadas por Um Tejo Vivo

Rede de Cidadania para uma Nova Cultura da Água

no Tejo/Tajo e nos seus Rios

Espacio María Amalia de Sajonia, Real Cortijo de San Isidro, Aranjuez

Aranjuez acolhe este fim-de-semana a XII Jornadas Por um Tejo Vivo promovida pela Rede de Cidadania para uma Nova Cultura da Água no Tejo/Tejo e nos seus Rios.

Grupos de cidadãos provenientes de vários pontos da bacia do Tejo, desde as cabeceiras até Portugal, vão reunir-se nos dias 10 e 11 de junho no Real Cortijo de San Isidro em Aranjuez (Madrid) para partilhar experiências, iniciativas e aprendizagens em torno do rio Tejo, os seus problemas , e seus valores ambientais, culturais, históricos e paisagísticos. As conferências são organizadas pela Assembleia de Aranjuez em Defesa do Tejo e pela Rede de Cidadania para uma Nova Cultura da Água no Tejo/Tajo e seus Rios (Rede de Cidadania do Tejo) e com a colaboração do Real Cortijo de Prefeitura de San Isidro e Clube de Canoagem de Aranjuez.

A Rede Cidadã para uma Nova Cultura do Tejo/Tejo e seus Rios é uma plataforma constituída por cerca de 100 grupos da Península Ibérica (Espanha e Portugal) que nasceu em 2007 (www.redtajo.org). Tem como principal objetivo a troca de informação e a elaboração de estratégias conjuntas que visem a reivindicação do bom estado dos nossos ecossistemas aquáticos e a defesa dos seus valores ambientais, patrimoniais e culturais do Tejo e dos seus rios. Trata-se, portanto, de dar coesão e unidade a todo o território. Os seus princípios entroncam diretamente com os que mantém a chamada Nova Cultura da Água.

As Jornadas servirão para apresentar a situação atual do rio Tejo, dos seus rios, os principais desafios que enfrenta, e conhecer as experiências, ações e prioridades dos seus diferentes grupos na Comunidade de Madrid, Castilla-La Mancha e Portugal em torno da defesa dos rios da bacia do Tejo/Tejo.

O cenário incomparável em que a conferência será realizada, o Espacio María Amalia de Sajonia no Real Cortijo de San Isidro, dentro da zona de proteção da Paisagem Cultural de Aranjuez, reconhecida como Patrimônio Mundial pela UNESCO, também servirá para valorizar diversas iniciativas culturais, artísticas e científicas associadas ao Tejo e aos seus rios.

As Jornadas coincidirão também com a celebração da Assembleia Anual da Fundação Nova Cultura da Água e com debates sobre a relação passada, presente e futura da água e da agricultura no contexto dos processos de mudança climática.

As XII Jornadas por um Tejo Vivo realizam-se num momento de grande importância para a bacia, após a aprovação dos Planos Hidrológicos da vertente espanhola e portuguesa da bacia do rio Tejo/Tejo com avanços no caso espanhol relativamente à aprovação dos primeiros caudais mínimos ecológicos em todas as massas de água da demarcação, mas com importantes desafios pendentes que estão longe de cumprir os compromissos estabelecidos pela Diretiva Quadro da Água e outras diretivas ambientais europeias (Diretiva Águas Residuais Urbanas, Diretiva nitratos, etc.) por décadas.

No domingo está agendado um Passeio de Dragona (grande canoa a remo) ao longo do rio Tejo nos jardins de Aranjuez.

Descarregar o Programa

Para mais informação:

Honorio Rico – Asamblea de Aranjuez en Defensa del Tajo

Alejandro Cano – Red del Tajo (699497212)

domingo, 4 de junho de 2023

O proTEJO defendeu hoje um rio Tejo vivo e livre com caudais ecológicos numa demonstração ibérica em descida de canoa da Barquinha até à Chamusca

Nota de Imprensa

3 de junho de 2023

proTEJO defendeu hoje um rio Tejo vivo e livre com caudais ecológicos numa demonstração ibérica em descida de canoa da Barquinha até à Chamusca.

O proTEJO realizou uma demonstração ibérica com a descida de canoa "Por um Tejo livre com caudais ecológicos - 10º Vogar contra a indiferença" com 46 participantes em 23 kayaks que coloriram o rio numa demonstração contra a construção de açudes e barragens com a finalidade de reter água para consumo na agricultura intensiva, defendendo um rio livre e com dinâmica fluvial para assegurar os fluxos migratórios das espécies piscícolas, a conservação dos ecossistemas e habitats aquáticos e o usufruto do rio pelas populações ribeirinhas.

O "10º Vogar contra a indiferença" iniciou-se pela manhã na vila ribeirinha de Vila Nova da Barquinha e continuou com um percurso fluvial em canoa até à vila ribeirinha da Chamusca que facultou uma experiência de fluviofelicidade proporcionada pela comunhão com a beleza do património natural de um rio Tejo livre com dinâmica fluvial.

A Carta Contra a Indiferença que hoje publicamos pretende ser o testemunho da necessidade de preservação ecológica do rio Tejo como um tributo que os cidadãos devem oferecer para a sustentabilidade da Vida e para a conservação do seu património natural e cultural.

Este património natural e cultural do Tejo deve ser defendido pela rejeição dos projetos de construção de novos açudes e barragens - Projeto Tejo e Projeto de Barragem no rio Ocreza - e pela exigência de uma regulamentação daqueles que já existem de modo a garantir: o estabelecimento de verdadeiros caudais ecológicos; um regime fluvial adequado à migração e reprodução das espécies piscícolas; a qualidade das massas de água superficiais e subterrâneas do rio Tejo; a conservação dos ecossistemas, dos habitats e da biodiversidade; e uma conectividade fluvial proporcionada por eficazes passagens para peixes e pequenas embarcações.

Entre estes cidadãos contou-se com a participação de amigos do Tejo de Espanha pertencentes à Rede de Cidadania por uma Nova Cultura da Água do Tejo/Tajo e seus afluentes, provando-se que a defesa dos rios ibéricos ultrapassa as fronteiras administrativas e une os cidadãos com os mesmos problemas, independentemente da sua nacionalidade.

Pretendeu-se ainda consciencializar as populações ribeirinhas para a sobre exploração da água do Tejo que se avizinha com a construção de novos açudes e barragens e a que já existe face à gestão economicista das barragens hidroelétricas da Estremadura espanhola, aos transvases da água do Tejo para a agricultura intensiva no sul de Espanha e à agressão da poluição agrícola, industrial e nuclear, realçando ainda a importância do regresso de modos de vida ligados à água e ao rio que as atividades de educação e turismo de natureza, cultural e ambiental permitirão sustentar.

Esta atividade foi organizada pelo proTEJO – Movimento Pelo Tejo e contou com o apoio do Município de Chamusca, do Município de Vila Nova da Barquinha, da Rede de Cidadania por Uma Nova Cultura da Água do Tejo/Tajo e seus afluentes, tendo sido responsável pela descida a empresa Natur Z.

CARTA CONTRA A INDIFERENÇA (ESPAÑOL)

GALERIA DE FOTOS DADESCIDA

Mais informação: Paulo Constantino +351919061330

Carta contra a Indiferença - 10º Vogar contra a Indiferença - 3 de junho de 2023

CARTA CONTRA A INDIFERENÇA

Barquinha/Chamusca – 3 de junho de 2023

(en español abajo)

O rio Tejo não é apenas água, é cultura viva, a espinha dorsal e o eixo, das terras e das aldeias por onde passa.

É com grande felicidade que vemos juntarem-se em defesa do Tejo todos os cidadãos e organizações aqui presentes, representativos de toda a bacia ibérica do Tejo e de todos os sectores da sociedade e áreas de ação, constituindo-se como um exemplo independente de participação e cidadania.

Nas nossas diferenças, o elo que nos une é o Tejo!

O mesmo Tejo que une toda esta bacia de Espanha a Portugal, que une todas as populações ribeirinhas e as suas culturas, que o conhecemos e o vivemos da nascente até à foz, de Albarracín ao Grande Estuário.

É também significativo que nos encontremos em Barquinha e Chamusca onde se pretende realçar a beleza do património natural de um rio Tejo livre com dinâmica fluvial e do património cultural associado ao rio Tejo.

O rio Tejo que ao longo do seu curso sustentou as atividades agrícolas e comerciais das suas gentes constituiu-se como o principal eixo de desenvolvimento das comunidades ribeirinhas: agricultores, moleiros, construtores de barcos, artes de pesca, barqueiros, pescadores. Destes teimam uns poucos em tirar do rio o sustento, cada dia mais magro em resultado da degradação dos ecossistemas e consequentes alterações na biodiversidade, causada pelos desmandos do ser humano.

As populações do Tejo sempre conseguiram sobreviver e prosperar em harmonia com o rio, que lhes foi generoso no passado e que será essencial no futuro.

Um futuro onde o laço de natureza e cultura perdure e se reforce com o regresso de modos de vida ligados à água e ao rio, assente num desenvolvimento sustentável de atividades agrícolas e industriais responsáveis, de educação e turismo de natureza, cultural e ambiental, que apenas será possível se unirmos esforços para a preservação de um rio Tejo Livre de açudes e barragens para assegurar os fluxos migratórios das espécies piscícolas, a conservação dos ecossistemas e habitats aquáticos e o usufruto do rio pelas populações ribeirinhas.

A preservação ecológica do rio Tejo é um tributo que os cidadãos devem oferecer para a sustentabilidade da Vida e para a conservação do seu património, sendo hoje urgente defender um rio Tejo Vivo e Livre com dinâmica fluvial pela rejeição dos projetos de construção de novos açudes e barragens - Projeto Tejo e a Barragem do Ocreza - e pela exigência de uma regulamentação adequada para as barreiras que já existem de modo a garantir: o estabelecimento de verdadeiros caudais ecológicos; um regime fluvial adequado à migração e reprodução das espécies piscícolas; a qualidade das massas de água superficiais e subterrâneas do rio Tejo; a conservação dos ecossistemas, dos habitats e da biodiversidade; e uma conectividade fluvial proporcionada por eficazes passagens para peixes e pequenas embarcações.

Continuaremos a combater a sobre exploração da água do Tejo que já existe face à gestão economicista das barragens hidroelétricas da estremadura espanhola, aos transvases da água do Tejo para a agricultura intensiva no sul de Espanha e à agressão da poluição agrícola, industrial e nuclear.

Conhecemos os males de que o Tejo padece e o maltrato que a mão dos humanos tem vindo a infligir à sua água e aos seus ecossistemas.

Para conter essa mão que o maltrata temos que abrir a outra mão para que o proteja, e essa mão somos nós!

Por isso temos o dever de estender essa mão aberta para criar uma corrente de vontade e de intencionalidade, que seja capaz de esclarecer quem decide e que exija um tratamento ecologicamente sustentável para o rio Tejo.

Devemo-lo a nós próprios, que com o Tejo partilhámos a nossa vida e aceitámos a generosidade das suas águas.

Devemo-lo às gerações futuras para que conheçam um Tejo Vivo e Livre, como nós o conhecemos, e não um escravo e prisioneiro do egoísmo, da especulação, da ganância e da irresponsabilidade dos humanos.

Se continuarmos neste rumo, as próximas gerações já não conhecerão rios Vivos e Livres, mas apenas imagens na internet... que serão sombras do que um dia nos foi oferecido com generosidade, e não terão incentivo a reconhecer o valor destes rios de que nunca tiveram a possibilidade de desfrutar.

Por tudo isto, devemos unir-nos e reclamar a defesa da qualidade e da quantidade da água do rio Tejo e seus afluentes, bem como a rejeição ou remoção das barreiras à sua conectividade, para que sejam saudáveis e forneçam os serviços ecológicos necessários à Vida no seu conjunto biodiverso e se mantenham como referência do Património ribeirinho.

Devemos ainda unir-nos e reclamar a unidade e integridade do Tejo e da sua bacia, já que o amor e o respeito que por ele sentimos não se esgotam em nenhuma das fronteiras administrativas e artificiais que os homens impõem à natureza.

Para que as nossas mãos o protejam temos que as unir e coordenar, mostrando a união dos cidadãos e cidadãs portugueses e espanhóis na defesa do Tejo, enquanto bacia ibérica internacional, e afirmar a nossa determinação para combater a indiferença ao maltrato que tem vindo a sofrer.

Assim, com vista a defender o Tejo e seus afluentes, e como cidadãos do rio Tejo, em Portugal e em Espanha, unimo-nos para reivindicar a todas as autoridades competentes, internacionais, nacionais, regionais e locais:

1º. A necessidade de uma gestão sustentável da bacia hidrográfica do Tejo com base no princípio da unidade da sua gestão;

2º. O cumprimento da Diretiva Quadro da Água, nomeadamente a garantia de um bom estado das águas do Tejo;

3º. O estabelecimento e quantificação de um regime de caudais ecológicos, diários, semanais e mensais, refletidos nos Planos de Gestão da Região Hidrográfica do Tejo, em Espanha e em Portugal, e na atualização da Convenção de Albufeira, que permitam o bom funcionamento dos ecossistemas ligados ao rio e, consequentemente, dos serviços que prestam à comunidade;

4º. A monitorização do cumprimento permanente do regime de caudais ecológicos aí definidos;

5º. A informação pública do cumprimento do convénio luso-espanhol relativamente aos rios ibéricos;

6º. A recusa dos transvases do Tejo e o apoio à investigação de alternativas sustentáveis, baseadas no uso eficiente da água;

7º. Garantir caudais no rio Tejo e seus afluentes em qualidade e quantidade suficientes para garantir o bom estado das massas de água e a viabilidade dos diversos usos lúdicos e recreativos;

8º. Acompanhar a monitorização e verificar o cumprimento das licenças de descargas de efluentes das indústrias, exigindo a tomada de medidas de proteção ambiental com base no princípio da precaução;

9º. A realização de ações para ajudar a restaurar o sistema fluvial natural e o seu ambiente;

10º. A valorização e promoção da identidade cultural e social das populações ribeirinhas do Tejo.

É isto que defendemos,

Que as nossas mãos unidas protejam o TEJO.

E digamos com Miguel Torga, porque os poetas sabem ver o futuro

Recomeça

Se puderes,

Sem angústia e sem pressa.

E os passos que deres

Nesse caminho duro

Do futuro

Dá-os em liberdade.

Enquanto não alcances

Não descanses.

O Tejo merece!

CARTA CONTRA LA INDIFERENCIA

Barquinha/Chamusca – 3 junio 2023

El río Tajo no es sólo agua, es cultura viva, la columna vertebral y el eje, y las tierras de los pueblos por los que pasa.

Es con gran alegría que vemos en la unión de la defensa del Tajo a todos los ciudadanos y las organizaciones aquí presentes representativos de toda la cuenca del Tajo Ibérica y todos los sectores de la sociedad y los ámbitos de acción, lo que constituye un ejemplo independiente de participación y ciudadanía.

En nuestras diferencias, ¡El lazo que nos une es el Tajo!



Es el mismo Tajo el que une a toda esta cuenca de España a Portugal, el que une a todas las poblaciones ribereñas y sus culturas, el que conocemos y vivimos desde su nacimiento en la sierra de Albarracín hasta la desembocadura del Gran Estuario del Mar de la Paja.

También es significativo que nos reunamos en Barquinha e Chamusca, donde queremos resaltar la belleza del patrimonio natural de un río libre con dinámica de río y el patrimonio cultural asociado con el río Tajo.

El río Tajo, que a lo largo de su curso da sustento en este tramo a las actividades agrícolas y comerciales de sus habitantes, se estableció como área de influencia y principal eje de desarrollo de la comunidad ribereña: agricultores, molineros, los astilleros, las artes de pesca, navegantes, pescadores. De estos algunos pocos insisten en sacar su sustento del río, más delgado éste cada día como resultado de la degradación de los ecosistemas y los consiguientes cambios en la biodiversidad, causado por fechorías humanas.

Las poblaciones del Tajo lograron sobrevivir y prosperar en armonía con el río que les fue generoso en el pasado y que será esencial en el futuro.

Un futuro en el que lo lazo de la naturaleza y la cultura perdure y perdura y se ve reforzado con el regreso de modos de vida vinculados al agua y al río, basado en un desarrollo sostenible de actividades agrícolas e industriales responsables, de educación y turismo de naturaleza, cultural y ambiental, que solo será posible si unimos esfuerzos para preservar un río Tajo Libre de azudes y represas que aseguren los flujos migratorios de especies de peces, la conservación de los ecosistemas y hábitats acuáticos y el disfrute del río por las poblaciones ribereñas.

La preservación ecológica del río Tajo es un homenaje que los ciudadanos deben ofrecer por la sostenibilidad de la Vida y por la conservación de su patrimonio, siendo hoy urgente defender un río Tajo Vivo y Libre con dinámica fluvial por el rechazo de los proyectos de construcción de nuevas presas y embalses - Proyecto Tajo y la Presa Ocreza - y por la demanda de una regulación adecuado para las barreras que ya existen para garantizar: el establecimiento de verdaderos caudales ecológicos ; un régimen fluvial adecuado a la migración y reproducción de especies de peces; la calidad de las aguas superficiales y subterráneas del río Tajo; la conservación de ecosistemas, hábitats y biodiversidad; y la conectividad del río proporcionada por efectivas pasajes para peces y pequeñas embarcaciones.

Continuaremos combatiendo la sobreexplotación del agua del Tajo que ya existe frente a la gestión economista de las represas hidroeléctricas de la Extremadura española, al trasvase del agua del Tajo a la agricultura intensiva en el sur de España y a la agresión de la contaminación agrícola, industrial y nuclear.

Sabemos de los males que el Tajo sufre y el maltrato que la mano de los humanos ha ido infligiendo a su agua y sus los ecosistemas.

¡Para contener esta mano que le maltrata tenemos que abrir la otra para protegerlo, y esta mano somos nosotros!

Así que tenemos el deber de extender la mano abierta para crear una corriente de voluntad e intencionalidad, que sea capaz de aclarar quién decide y qué tratamiento requieren las aguas del río Tajo para que éste sea ecológicamente sostenible.

Nos lo debemos a nosotros mismos, por el Tajo con el que compartimos vida y aceptamos la generosidad de sus aguas.

Se lo debemos a las generaciones futuras para que conozcan un Tajo Vivo y Libre, y no un esclavo y prisionero del egoísmo, la especulación, la codicia y la irresponsabilidad humano.

Si continuamos en esta dirección, las próximas generaciones no conocerán ríos Vivos y Libres, sino sólo sus imágenes en Internet ... que aparecen como las sombras de lo que un día nos ofrecieron generosamente, y no tendrán ningún incentivo para reconocer el valor de estos ríos que nunca pudieron disfrutar.

Por todo eso, debemos unirnos y exigir la defensa de la calidad y cantidad de agua del río Tajo y sus afluentes, así como el rechazo o remoción de barreras a su conectividad, para que sean saludables y brinden los servicios ecológicos necesarios para la Vida en su conjunto biodiverso y seguir siendo un referente del Patrimonio ribereño.

Todavía debemos unirnos y reclamar la unidad y la integridad del Tajo y su cuenca. El amor y el respeto que sentimos por él, no termina en ninguna de las fronteras administrativas artificiales y que los seres humanos imponen a la naturaleza.

Para que nuestras manos protejan tenemos que unir y coordinar, y mostrando la unión de los ciudadanos y ciudadanas españoles y portugueses en defensa del Tajo por cuanto de cuenca ibérica internacional tiene. Y afirmar nuestra determinación para combatir la indiferencia y el maltrato a que está sometido.

Por lo tanto, con el fin de defender el Tajo y sus afluentes, y como ciudadanos del río Tajo en Portugal y España, nos unimos para reclamar de todas las autoridades pertinentes, internacionales, nacionales, regionales y locales lo siguiente:

1. La necesidad de una gestión sostenible de la cuenca del Tajo basado en el principio de unidad de su gestión;

2. El cumplimiento de la Directiva Marco del Agua, a saber, garantizar un buen estado de las aguas del Tajo;

3. El establecimiento y la cuantificación de un régimen de caudales ecológicos, diarios, semanales y mensuales, reflejados en los Planes Hidrológicos de la Demarcación Hidrográfica del Tajo, en España y Portugal, para permitir el buen funcionamiento de los ecosistemas relacionados con el río y, en consecuencia, los servicios que prestan a la comunidad;

4. Verificación del cumplimiento continuo del régimen de caudales ecológicos allí definidos;

5. Información pública del cumplimiento de los convenios Luso-Españoles respecto de los ríos ibéricos;

6. Rechazo a los trasvases del Tajo y apoyo a la investigación de alternativas sostenibles, basadas en el uso eficiente del agua;

7. Garantizar caudales en el Tajo y sus afluentes en cantidad y calidad suficiente para garantizar el buen estado de las masas de agua y la viabilidad de los distintos usos lúdicos y recreativos.

8. Acompañar la monitorización y verificar el cumplimiento de las licencias de descargas de efluentes industriales, exigiendo la toma de medidas de protección ambiental basado en el principio de la precaución;

9. La implementación de medidas para ayudar a restaurar el sistema natural del río y su entorno;

10. El desarrollo y la promoción de la identidad cultural y social de las orillas del río Tajo.

Esto es lo que defendemos,

Nuestras manos juntas protegen el Tajo.

Y digamos con Miguel Torga, porque los poetas saben ver el futuro...

Recomienza,

Si es posible,

Sin ansiedad y sin prisas.

Y los pasos que des

En este camino difícil

En el futuro

Dalos en libertad

Hasta no alcanzarlo

No descanses.

¡El Tajo merece!