terça-feira, 1 de outubro de 2024
O movimento proTEJO apresentou hoje à Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo a sua denúncia à Comissão Europeia devido ao “Incumprimento da Diretiva Quadro da Água pela não implementação de caudais ecológicos no rio Tejo por Espanha e Portugal”
sexta-feira, 27 de setembro de 2024
O Movimento proTEJO mantém que o acordo ibérico deve assumir definitivamente a urgência da implementação de um verdadeiro regime de caudais ecológicos no rio Tejo
Nota de Imprensa
27 de setembro de 2024
“O
Movimento proTEJO mantém que o acordo ibérico deve assumir definitivamente a
urgência da implementação de um verdadeiro regime de caudais ecológicos no rio
Tejo”
O Movimento proTEJO teve
conhecimento dos princípios de acordo ibérico sobre gestão dos rios
transfronteiriços comunicados pela senhora ministra Maria da Graça Carvalho em
conferência de imprensa, após a reunião realizada com a ministra Teresa Ribera,
no Palácio Real de Aranjuez, Espanha, que está previsto ser assinado na próxima
cimeira ibérica, a realizar-se no dia 23 de outubro, em Portugal.
Este Movimento considera de todo
apropriado que a senhora ministra do Ambiente e da Energia aproveite o período
que agora irá decorrer até à assinatura do acordo no dia 23 de outubro para auscultar
as organizações e movimentos
cívicos que lhe dirigiram uma carta aberta para conhecerem os termos do acordo
ibérico, no passado dia 10 de setembro.
Reiteramos ainda a nossa vontade de reunir
com a senhora ministra do Ambiente e da Energia para
nos pronunciarmos sobre os termos que farão parte deste acordo ibérico, entre
outros assuntos, solicitação que já tínhamos comunicado há 10 dias atrás, no
dia 16 de setembro.
Felicitamos as declarações da senhora ministra
Ambiente e da Energia, Maria da Graça Carvalho por assumir a existência de um
problema de enorme volatilidade dos caudais do rio Tejo com origem em Espanha, a
necessidade de estabelecer caudais diários que permitam a conservação dos
ecossistemas e a clarificação de que não podem existir momentos de caudais
nulos no rio Tejo.
Apesar do sentido positivo destas
declarações, o movimento proTEJO teria ficado satisfeito se, em vez de caudais
diários, se tivesse assumido definitivamente o conceito de caudais ecológicos.
Desejaríamos ainda compreender a razão
pela qual se continuam a fixar caudais mínimos, politica e administrativamente,
sejam eles diários, semanais, trimestrais ou anuais, enquanto se mantém suspenso
o articulado principal da Convenção de Albufeira, no seu artigo 16º, que estabelece
a necessidade de implementação dos caudais necessários à conservação dos
ecossistemas e do bom estado ecológico das massas de água, vigorando transitoriamente
um regime de caudais mínimos constantes do protocolo adicional a esta Convenção,
em incumprimento da Diretiva Quadro da Água.
O regime de caudais ecológicos, que pretendemos
ver implementados definitivamente, são aqueles verdadeiramente permitem a
conservação dos ecossistemas e o bom estado ecológico das águas e que, sendo
instantâneos e contínuos, evitam por essa via a enorme volatilidade de caudais
que hoje se verifica e que prejudica os ecossistemas, as atividades económicas
e o usufruto do rio pelas populações.
Consideramos assim incontornável que o
acordo ibérico consagre um verdadeiro regime de caudais ecológicos no rio
Tejo que preencha todas as condições e elimine os problemas causados pelo atual
regime de caudais mínimos, conforme foi corretamente enunciado nas declarações
da senhora ministra do Ambiente e da Energia.
É ainda imperativo que não se desperdice esta janela de oportunidade, exigindo a implementação de um verdadeiro regime caudais ecológicos, fazendo disso depender a autorização à Iberdrola para construir os dois projetos hidroelétricos de bombagem reversível nas barragens de Alcântara e Valdecañas no rio Tejo, visto que o projeto de Alcântara necessita da autorização das autoridades portuguesas no âmbito da Convenção de Albufeira, por se localizar a menos de 100 km do território português.
Com
efeito, a implementação destes dois projetos hidroelétricos de bombagem
reversível permitirá à concessionaria hidroelétrica manter a água em ciclo
fechado durante mais tempo gerando um enorme incremento da capacidade de
armazenamento de água e de produção de energia.
Por
estes motivos existirá então uma margem suficiente para libertar a água
necessária a um verdadeiro regime de caudais ecológicos destinados à conservação
dos ecossistemas e ainda caudal suficiente para os usos económicos e de lazer
das populações ribeirinhas.
Assim, reivindicamos que a senhora ministra do Ambiente e da Energia contribua
para inverter esta situação de passividade intolerável perante as questões
ecológicas exigindo a implementação de um regime de caudais ecológicos que
adote o conceito de regime de caudais ecológicos atualmente em vigor e muito
bem estabelecido no Plano Nacional da Água
2002,
como sendo o:
“regime de caudais necessário para
garantir o bom estado das águas, no sentido de minimizar os impactes sobre os
ecossistemas dulçaquícolas a jusante dos aproveitamentos hidráulicos, que
permitam assegurar: a conservação e manutenção dos ecossistemas aquáticos
naturais; a reprodução das espécies; a conservação e manutenção dos
ecossistemas ripícolas; e os aspetos estéticos da paisagem ou outros de
interesse científico e cultural” especificando-se:
a) Caudais instantâneos, definidos à escala
mensal, que variam ao longo dos anos para atender às necessidades das espécies
aquáticas;
b) Flexível em função das
condições hidrológicas naturais que se verificam em cada ano, em particular em
anos secos, devendo ser definidos regimes de caudais ecológicos para anos secos
e para anos médio e húmidos;
c) Caudais de cheia para:
i. Remoção de materiais finos depositados e prevenção do
crescimento da vegetação;
ii. Manutenção da estrutura do leito e das secções transversais;
iii. Manutenção da zona ripária, leito de cheia, características do
vale e nível freático;
iv. Manutenção dos ecossistemas associados aos cursos de água, tais
como zonas húmidas e estuários.
Este Movimento
considera que o rio Tejo precisa urgentemente de um verdadeiro regime de
caudais ecológicos determinados por métodos científicos, que contribua para o
bom estado ecológico das massas de água e para a conservação dos ecossistemas
ribeirinhos e não apenas caudais mínimos diários, anunciados através da
comunicação social em julho, que iriam ser acrescidos aos caudais mínimos (não são ecológicos) semanais, trimestrais
e anuais fixados, política e administrativamente, na Convenção de Albufeira.
Importa que seja clarificado que um
verdadeiro regime de caudais ecológicos não se coaduna com a proposta de
caudais mínimos diários avançados pelos seus antecessores no gabinete do
Ambiente, fazendo simplesmente a divisão dos atuais 7 hm3 de caudal mínimo
semanal pelos 7 dias das semanas, ou seja, 1 hm3 por dia a serem largados à
hora que muito bem desejasse a concessionária hidroelétrica espanhola.
Este conceito repete a fórmula absurda acordada
em 2017, entre o Governo português e a concessionária hidroelétrica EDP que
fixou um caudal mínimo diário na barragem de Belver de cerca de 0,864 hm3[1] que se
alcançam turbinando 30 m3/s de água em dois períodos de 4 horas, sendo que
durante as restantes 16 horas do dia podem manter-se caudais nulos.
Demonstrando-se assim que um caudal diário não é um verdadeiro caudal
ecológico, contínuo e instantâneo, mas apenas um caudal mínimo com o objetivo
de servir principalmente a produção de energia.
A situação atual exige uma demonstração
inequívoca de responsabilidade de ambas as partes de modo a assegurar que o
Estado Português, através da Senhora Ministra do Ambiente e da Energia, não
repita o recurso a soluções apressadas de carácter vincadamente economicista de
caudais mínimos diários.
Tememos o arrastar de uma situação de
submissão exclusiva aos interesses economicistas em detrimento do primordial
interesse da Sustentabilidade da Vida que é do interesse de todos pois sabemos
quão urgente é enveredar por uma ação responsável e dirigida, para contrariar o
crescendo de disfuncionalidades observadas nos ecossistemas pondo em causa a
sobrevivência.
Lembramos que a denúncia à Comissão Europeia devido ao “Incumprimento da
Diretiva Quadro da Água pela não implementação de um regime de caudais
ecológicos por Espanha e Portugal” já foi subscrita por um conjunto de 31 organizações
portuguesas, espanholas e europeias, ambientalistas, sociais, culturais e
autarquias, e que a defesa da implementação de um regime de caudais
ecológicos foi ainda acompanhada pelas comunidades intermunicipais do Médio
Tejo, Lezíria do Tejo e Beira Baixa, faltando a solidariedade da Área
Metropolitana de Lisboa (AML) e dos seus municípios para com aqueles situados a
montante do rio Tejo.
Mantemos a nossa defesa
de um regime de caudais ecológicos na barragem de Cedillo no rio Tejo,
determinados cientificamente nos Planos de Gestão da Região Hidrográfica de
Portugal e Espanha, com a coordenação das administrações de Portugal e Espanha,
dando cumprimento à Diretiva Quadro da Água e ao direito europeu,
em conformidade com a legislação nacional de Portugal e Espanha e com a própria
Convenção de Albufeira celebrada entre Portugal e Espanha.
Bacia do Tejo, 27 de setembro de 2024
Ana Silva e Paulo
Constantino
Os Porta-Vozes do
proTEJO
Mais informação: Paulo Constantino +351
919 06 13 30
[1] “Em concreto, foi estabelecido que o volume de água afluente a Belver seja turbinado, em dois períodos de 4 horas, fixando também um caudal mínimo diário de 10 m3/s, o que é equivalente a um volume diário de 0,864 hm3 para jusante.” Vide Caudais do rio Tejo 30-07-2021 - XXII Governo - República Portuguesa.
quinta-feira, 26 de setembro de 2024
Cidadãos portugueses e espanhóis do Movimento proTEJO e da Rede Ibérica do Tejo estiveram hoje em frente do Ministério do Ambiente, na rua do Século, em Lisboa, Portugal, e do Palácio Real, em Aranjuez, Espanha, para exigir um acordo ibérico que integre um verdadeiro regime de caudais ecológicos em todo o curso ibérico do rio Tejo
Nota de Imprensa
26 de setembro de 2024
“Cidadãos
portugueses e espanhóis do Movimento proTEJO e da Rede Ibérica do Tejo
estiveram hoje em frente do Ministério do Ambiente, na rua do Século, em
Lisboa, Portugal, e do Palácio Real, em Aranjuez, Espanha, para exigir um
acordo ibérico que integre um verdadeiro regime de caudais ecológicos em todo o
curso ibérico do rio Tejo”
Cidadãos portugueses e espanhóis do Movimento proTEJO estiveram hoje em frente do Ministério do Ambiente, na rua do Século, em Lisboa, Portugal, e do Palácio Real, em Aranjuez, Espanha, para reivindicar um acordo ibérico que consagre um verdadeiro regime de caudais ecológicos em todo curso ibérico do rio Tejo.
Esta demanda é realizada em coordenação
com a Rede Ibérica do Tejo, que o proTEJO integra, a qual esteve no
Palácio Real de Aranjuez enquanto as Ministras do Ambiente portuguesa e
espanhola se reuniam à porta fechada para assinar um acordo, que ninguém
conhece, numa penumbra de falta de transparência.
Urge perguntar, em democracia, o que é
que vai ser assinado que os cidadãos portugueses e espanhóis não podem, nem têm
o direito de saber?
Segundo o
Diário de Notícias de hoje, Portugal vai perdoar uma dívida de “40 milhões
de euros, relativa a 20 anos de consumos de água de Alqueva por parte dos agricultores
espanhóis”, e autorizar o projeto de implementação da bombagem reversível hidroelétrica
na barragem de Alcântara, em troca de caudais mínimos diários que não acrescentam
nada, nem asseguram um regime de caudais ecológicos nos rios ibéricos,
nomeadamente, no rio Tejo, conforme expresso abaixo.
A ser assinado um acordo nestes termos, trata-se-á de um acordo cheio de nada, em
troca de valores avultados (40 M€) e de projetos importantes para Espanha que reforçam
a dependência de Portugal que, no rio Tejo, continuará submetido à vontade de gestão
da água de Espanha.
Este Movimento considera que o rio Tejo
precisa urgentemente de um verdadeiro regime de caudais ecológicos determinados
por métodos científicos, que contribua para o bom estado ecológico das massas
de água e para a conservação dos ecossistemas ribeirinhos e não os caudais
mínimos diários, anunciados através da comunicação social pela Senhora Ministra
do Ambiente e Energia em julho, que iriam ser acrescidos aos caudais mínimos (não são ecológicos) semanais, trimestrais
e anuais fixados, política e administrativamente, na Convenção de Albufeira.
Importa que seja clarificado que um
verdadeiro regime de caudais ecológicos não se coaduna com a proposta de
caudais mínimos diários avançados pelos seus antecessores no gabinete do
Ambiente, fazendo simplesmente a divisão dos atuais 7 hm3 de caudal mínimo
semanal pelos 7 dias das semanas, ou seja, 1 hm3 por dia a serem largados à
hora que muito bem desejasse a concessionária hidroelétrica espanhola.
Este conceito repete a fórmula absurda acordada em 2017, entre o Governo português e a concessionária hidroelétrica EDP que fixou um caudal mínimo diário na barragem de Belver de cerca de 0,864 hm3[1] que se alcançam turbinando 30 m3/s de água em dois períodos de 4 horas, sendo que durante as restantes 16 horas do dia podem manter-se caudais nulos. Demonstrando-se assim que um caudal diário não é um verdadeiro caudal ecológico, contínuo e instantâneo, mas apenas um caudal mínimo com o objetivo de servir principalmente a produção de energia.
A situação atual exige
uma demonstração inequívoca de responsabilidade de ambas as partes e por isso,
exigiu-se que a informação prévia sobre o teor do acordo fosse tornada pública,
de modo a assegurar que o Estado Português, através da Senhora Ministra do
Ambiente e da Energia, não repita o recurso a soluções apressadas de carácter
vincadamente economicista de caudais mínimos diários.
É ainda imperativo que não se desperdice
esta janela de oportunidade, exigindo a implementação de um verdadeiro regime
caudais ecológicos, fazendo disso depender a autorização à Iberdrola para construir
os dois projetos hidroelétricos de bombagem reversível nas
barragens de Alcântara e Valdecañas no rio Tejo.
Dito por outras palavras, importa que
não se continue a dar à Iberdrola a água do rio Tejo em troca da água do rio
Guadiana sem respeito pelo estado ecológico de qualquer um destes rios e, por
essa via, sem respeito pela degradação de uma das bases de sustentação da Vida.
Tememos o arrastar de uma situação de
submissão exclusiva aos interesses economicistas em detrimento do primordial
interesse da Sustentabilidade da Vida que é do interesse de todos pois sabemos
quão urgente é enveredar por uma ação responsável e dirigida, para contrariar o
crescendo de disfuncionalidades observadas nos ecossistemas pondo em causa a
sobrevivência.
Assim, reivindicamos que a Senhora
Ministra do Ambiente e da Energia contribua para inverter esta situação de
passividade intolerável perante as questões ecológicas exigindo a implementação
de um regime de caudais ecológicos que adote o conceito de regime de caudais
ecológicos atualmente em vigor e muito bem estabelecido no Plano Nacional da Água
2002,
como sendo o:
“regime de caudais necessário para
garantir o bom estado das águas, no sentido de minimizar os impactes sobre os
ecossistemas dulçaquícolas a jusante dos aproveitamentos hidráulicos, que
permitam assegurar: a conservação e manutenção dos ecossistemas aquáticos
naturais; a reprodução das espécies; a conservação e manutenção dos
ecossistemas ripícolas; e os aspetos estéticos da paisagem ou outros de
interesse científico e cultural” especificando-se:
a) Caudais instantâneos, definidos à escala
mensal, que variam ao longo dos anos para atender às necessidades das espécies
aquáticas;
b) Flexível em função das
condições hidrológicas naturais que se verificam em cada ano, em particular em
anos secos, devendo ser definidos regimes de caudais ecológicos para anos secos
e para anos médio e húmidos;
c) Caudais de cheia para:
i. Remoção de materiais finos depositados e prevenção do
crescimento da vegetação;
ii. Manutenção da estrutura do leito e das secções transversais;
iii. Manutenção da zona ripária, leito de cheia, características do
vale e nível freático;
iv. Manutenção dos ecossistemas associados aos cursos de água, tais como zonas húmidas e estuários.
Lembramos que a denúncia à Comissão Europeia devido ao “Incumprimento da
Diretiva Quadro da Água pela não implementação de um regime de caudais
ecológicos por Espanha e Portugal” já foi subscrita por um conjunto de 31 organizações
portuguesas, espanholas e europeias, ambientalistas, sociais, culturais e
autarquias, e que a defesa da implementação de um regime de caudais
ecológicos foi ainda acompanhada pelas comunidades intermunicipais do Médio
Tejo, Lezíria do Tejo e Beira Baixa, faltando a solidariedade da Área
Metropolitana de Lisboa (AML) e dos seus municípios para com aqueles situados a
montante do rio Tejo.
Mantemos a nossa defesa
de um regime de caudais ecológicos na barragem de Cedillo no rio Tejo,
determinados cientificamente nos Planos de Gestão da Região Hidrográfica de
Portugal e Espanha, com a coordenação das administrações de Portugal e Espanha,
dando cumprimento à Diretiva Quadro da Água e ao direito europeu,
em conformidade com a legislação nacional de Portugal e Espanha e com a própria
Convenção de Albufeira celebrada entre Portugal e Espanha.
Bacia do Tejo, 26 de setembro de 2024
Ana Silva e Paulo
Constantino
Os Porta-Vozes do
proTEJO
Mais informação:
Ana Silva +351 922 27 34 39
Paulo Constantino +351 919 06 13 30
[1] “Em concreto, foi estabelecido que o volume de água afluente a Belver seja turbinado, em dois períodos de 4 horas, fixando também um caudal mínimo diário de 10 m3/s, o que é equivalente a um volume diário de 0,864 hm3 para jusante.” Vide Caudais do rio Tejo 30-07-2021 - XXII Governo - República Portuguesa.
segunda-feira, 16 de setembro de 2024
O Movimento proTEJO solicitou hoje uma reunião à Senhora Ministra do Ambiente e da Energia exigindo a publicitação dos termos do acordo sobre a gestão transfronteiriça da água e requerendo a implementação de um verdadeiro regime de caudais ecológicos no rio Tejo
Nota de Imprensa
16 de setembro de 2024
“O Movimento proTEJO solicitou hoje uma reunião à Senhora Ministra do Ambiente e da Energia exigindo a publicitação dos termos do acordo sobre a gestão transfronteiriça da água e requerendo a implementação de um verdadeiro regime de caudais ecológicos no rio Tejo”
O proTEJO – Movimento
pelo Tejo solicitou hoje uma reunião à Senhora Ministra do Ambiente e da
Energia para tomar conhecimento dos termos que farão parte do acordo sobre a
gestão transfronteiriça da água que está a ser negociado entre Portugal e
Espanha e cuja assinatura está prevista para o próximo dia 26 de setembro, tal
como requerido por 37
organizações e movimentos cívicos que dirigiram uma carta aberta nesse sentido.
Este Movimento considera que o rio Tejo
precisa urgentemente de um verdadeiro regime de caudais ecológicos determinados
por métodos científicos, que contribua para a conservação dos ecossistemas
ribeirinhos e não os, já anunciados, caudais mínimos diários que a Senhora
Ministra do Ambiente e Energia afirmou em julho, através que da comunicação
social que iriam ser acrescidos aos caudais mínimos (não são ecológicos) semanais, trimestrais
e anuais fixados, política e administrativamente, na Convenção de Albufeira.
Importa que seja clarificado que um
verdadeiro regime de caudais ecológicos não se coaduna com a proposta de
caudais mínimos diários avançados pelos seus antecessores no gabinete do
Ambiente, fazendo simplesmente a divisão dos atuais 7 hm3 de caudal mínimo
semanal pelos 7 dias das semanas, ou seja, 1 hm3 por dia a serem largados à
hora que muito bem desejasse a concessionária hidroelétrica espanhola.
Este conceito repete a fórmula absurda acordada
em 2017, entre o Governo português e a concessionária hidroelétrica EDP que
fixou um caudal mínimo diário na barragem de Belver de cerca de 0,864 hm3[1] que se
alcançam turbinando 30 m3/s de água em dois períodos de 4 horas, sendo que
durante as restantes 16 horas do dia podem manter-se caudais nulos.
Demonstrando-se assim que um caudal diário não é um verdadeiro caudal
ecológico, contínuo e instantâneo, mas apenas um caudal mínimo com o objetivo
de servir principalmente a produção de energia.
A situação atual exige uma demonstração
inequívoca de responsabilidade de ambas as partes e por isso, exige-se que a
informação prévia sobre o teor do acordo seja tornada pública, de modo a
assegurar que o Estado Português, através da Senhora Ministra do Ambiente e da
Energia, não repita o recurso a soluções apressadas de carácter vincadamente
economicista de caudais mínimos diários.
É ainda imperativo que não se desperdice esta janela de oportunidade, exigindo a implementação de um verdadeiro regime caudais ecológicos, fazendo disso depender a autorização à Iberdrola para construir os dois projetos hidroelétricos de bombagem reversível nas barragens de Alcântara e Valdecañas no rio Tejo, os quais, segundo as notícias na comunicação social, vão ser negociados em troca da captação de água no Pomarão por Portugal.
Dito por outras palavras, importa que
não se continue a dar à Iberdrola a água do rio Tejo em troca da água do rio
Guadiana sem respeito pelo estado ecológico de qualquer um destes rios e, por
essa via, sem respeito pela degradação de uma das bases de sustentação da Vida.
Tememos o arrastar de uma situação de
submissão exclusiva aos interesses economicistas em detrimento do primordial
interesse da Sustentabilidade da Vida que é do interesse de todos pois sabemos
quão urgente é enveredar por uma ação responsável e dirigida, para contrariar o
crescendo de disfuncionalidades observadas nos ecossistemas pondo em causa a
sobrevivência.
Assim, reivindicamos que a Senhora
Ministra do Ambiente e da Energia contribua para inverter esta situação de
passividade intolerável perante as questões ecológicas exigindo a implementação
de um regime de caudais ecológicos que adote o conceito de regime de caudais
ecológicos atualmente em vigor e muito bem estabelecido no Plano Nacional da Água
2002,
como sendo o:
“regime de caudais necessário para
garantir o bom estado das águas, no sentido de minimizar os impactes sobre os
ecossistemas dulçaquícolas a jusante dos aproveitamentos hidráulicos, que
permitam assegurar: a conservação e manutenção dos ecossistemas aquáticos
naturais; a reprodução das espécies; a conservação e manutenção dos
ecossistemas ripícolas; e os aspetos estéticos da paisagem ou outros de
interesse científico e cultural” especificando-se:
a) Caudais instantâneos, definidos à escala
mensal, que variam ao longo dos anos para atender às necessidades das espécies
aquáticas;
b) Flexível em função das
condições hidrológicas naturais que se verificam em cada ano, em particular em
anos secos, devendo ser definidos regimes de caudais ecológicos para anos secos
e para anos médio e húmidos;
c) Caudais de cheia para:
i. Remoção de materiais finos depositados e prevenção do
crescimento da vegetação;
ii. Manutenção da estrutura do leito e das secções transversais;
iii. Manutenção da zona ripária, leito de cheia, características do
vale e nível freático;
iv. Manutenção dos ecossistemas associados aos cursos de água, tais
como zonas húmidas e estuários.
Lembramos que a denúncia à Comissão Europeia devido ao “Incumprimento da Diretiva Quadro da Água pela não implementação de um regime de caudais ecológicos por Espanha e Portugal” já foi subscrita por um conjunto de 31 organizações portuguesas, espanholas e europeias, ambientalistas, sociais, culturais e autarquias, e que a defesa da implementação de um regime de caudais ecológicos foi ainda acompanhada pelas comunidades intermunicipais do Médio Tejo, Lezíria do Tejo e Beira Baixa, faltando a solidariedade da Área Metropolitana de Lisboa (AML) e dos seus municípios para com aqueles situados a montante do rio Tejo.
Mantemos a nossa defesa de um regime de
caudais ecológicos na barragem de Cedillo no rio Tejo, determinados
cientificamente nos Planos de Gestão da Região Hidrográfica de Portugal e
Espanha, com a coordenação das administrações de Portugal e Espanha, dando
cumprimento à Diretiva Quadro da Água e ao direito europeu,
em conformidade com a legislação nacional de Portugal e Espanha e com a própria
Convenção de Albufeira celebrada entre Portugal e Espanha.
Bacia do Tejo, 16 de setembro de 2024
Ana Silva e Paulo
Constantino
Os Porta-Vozes do
proTEJO
Mais informação: Paulo Constantino -
+351919061330
[1] “Em concreto, foi estabelecido que o volume de água afluente a Belver seja turbinado, em dois períodos de 4 horas, fixando também um caudal mínimo diário de 10 m3/s, o que é equivalente a um volume diário de 0,864 hm3 para jusante.” Vide Caudais do rio Tejo 30-07-2021 - XXII Governo - República Portuguesa.
quinta-feira, 12 de setembro de 2024
O Movimento proTEJO apresentou o seu parecer de “Sugestão” na consulta pública sobre o Novo Armazém Temporário Individualizado no sentido de ser minimizado o risco do desmantelamento da central nuclear de Almaraz, bem como do armazenamento dos seus resíduos
12 de setembro de 2024
“O Movimento proTEJO apresentou o seu parecer de “Sugestão” na consulta pública
sobre o Novo
Armazém Temporário Individualizado no
sentido de ser minimizado o risco do desmantelamento da central nuclear de
Almaraz, bem como do armazenamento dos seus resíduos”
O proTEJO – Movimento
pelo Tejo, face ao risco de acidente nuclear e de contaminação radioativa das
águas da bacia do Tejo, sempre defendeu o imediato desmantelamento da Central
Nuclear de Almaraz, a central nuclear mais próxima da fronteira Portuguesa, que
se encontra situada a apenas 100 km da fronteira com Portugal na Comunidade
Autónoma da Extremadura, junto ao Rio Tejo, tendo iniciado o seu funcionamento
em 1981 (um reator - Almaraz I, com uma potência de 1.049,43 MW e o segundo em
1983 - Almaraz II, com uma potência de 1.044,45 MW).
Neste sentido o
Movimento proTEJO apresentou o seu parecer de “Sugestão” na consulta pública do Novo Armazém Temporário Individualizado (ATI100) da
Central Nuclear de Almaraz (Cáceres) - ESPANHA, no sentido de que seja minimizado
o risco do desmantelamento da central nuclear de Almaraz, bem como do
armazenamento dos seus resíduos.
A maioria dos problemas
que hoje são apontados como causadores das inúmeras disfuncionalidades ecológicas
que põem em causa a sobrevivência de um número crescente de espécies incluindo
a humana, assenta sobretudo na escolha das tecnologias da era moderna.
Historicamente essas
escolhas refletem o carácter leviano que predispõe o ser humano a jogar jogos
de poder, descurando o princípio da precaução e aventurando-se a acumular
incúria ao potencial dos riscos incontornáveis conhecidos e desconhecidos.
No caso do nuclear essa
leviandade e incúria atingem o seu pico, primeiro na escolha e depois nas
práticas inerentes à produção do combustível, da energia e da gestão de
resíduos.
Apontar para não menos
de 75 anos para implementação da “solução definitiva” do Armazenamento
Geológico Profundo (AGP) continua a exibir este mesmo selo de incúria e
leviandade.
Tudo isto é vago, mas
os riscos reais conhecidos ligados a esta tecnologia não o são.
Se acrescentarmos a
estes os riscos desconhecidos diretos e indiretos muito presumivelmente
alavancados sob os efeitos das alterações climáticas, facilmente podemos
antever para este novo Armazém Temporário Individualizado (ATI) questões
ligadas a uma dificuldade crescente no abastecimento de água para arrefecimento
e a problemas em devolver, a cada momento, essa água ao Tejo a uma temperatura
adequada durante, pelo menos, os próximos 75 anos.
Nesse sentido, o
Movimento proTEJO sugeriu que tudo seja feito para antecipar a construção do
AGP e garantir que não haja espaço para, “por algum acaso do absurdo“,
prolongar a vida dos dois reatores de Almaraz para além do prazo previsto.
O desmantelamento da
central é um processo longo e complexo, sendo que a sua conclusão não encerra o
assunto dos riscos potencialmente graves que persistirão por muitos e longos
anos.
Atendendo a que
Portugal não optou pelo nuclear entendemos que o processo deverá ser objeto da
maior transparência quanto à monitorização e divulgação da informação, devendo
prever-se uma Comissão de Acompanhamento que inclua técnicos da Agência Portuguesa
do Ambiente.
Bacia do Tejo, 12 de setembro de 2024
Os Porta-Vozes do
proTEJO,
Ana Silva e Paulo
Constantino
terça-feira, 10 de setembro de 2024
Carta aberta ao Ministério do Ambiente e Energia sobre o "Acordo ibérico de Portugal e Espanha para a gestão dos recursos hídricos transfronteiriços"
Carta aberta ao Ministério do Ambiente e Energia
"Acordo ibérico de Portugal e Espanha para a
gestão dos recursos hídricos transfronteiriços"
10 de setembro de 2024
No âmbito do processo de negociação com Espanha para a gestão dos recursos hídricos transfronteiriços, sobretudo os relacionados com o Rio Tejo e o Rio Guadiana, dirigimo-nos a V. Exa. para manifestar o nosso interesse relativamente às negociações e solicitar a divulgação pública daqueles que serão os termos gerais do acordo cuja formalização, segundo tem sido amplamente divulgado, estará prevista para o próximo dia 26 de setembro.
Este acordo terá implicações profundas para a
sustentabilidade ambiental e a equidade na distribuição de água e, em vista da
sua importância, é crucial que os termos sejam tornados públicos antes da
assinatura, a fim de garantir um processo transparente, dando a oportunidade de
uma resposta informada e atempada da sociedade civil.
A história dos acordos internacionais em temas
ambientais demonstra a importância da transparência para a eficácia e aceitação
desses acordos pelo que, a publicação antecipada dos termos permitirá uma
análise detalhada e uma discussão aberta, garantindo que o acordo seja justo e
atenda aos princípios de sustentabilidade e equidade. Além disso, a
transparência fortalecerá a confiança pública nas instituições e nas decisões
tomadas, refletindo um compromisso para com a boa governação e a
responsabilidade ambiental.
Na mesma medida, a definição da política
nacional para a água não deve voltar a dispensar uma participação pública
efetiva, sobretudo dado o interesse expresso pelas organizações da sociedade
civil, já manifestado na carta aberta enviada em junho de 2023 à então Ministra
da Agricultura e da Alimentação.[1]
Se entendemos a água como um bem comum, as
políticas da água não podem ser definidas por um grupo restrito de atores,
ficando a restante sociedade sujeita às consequências destas políticas. São
particularmente relevantes as decisões relativas aos rios Tejo e Guadiana, que
estarão na base do atual processo de negociação, como a gestão dos caudais libertados por
Espanha no Tejo, a utilização da água de Alqueva na zona de fronteira e as
captações que ambos os países pretendem sustentar no Rio Guadiana, junto à
localidade do Pomarão. É também fundamental assegurar a participação de
organizações da sociedade civil no grupo de trabalho “Água que Une”, criado
pelo Despacho n.º 7821/2024 do Gabinete da Ministra do Ambiente e Energia e do
Gabinete do Ministro da Agricultura e Pescas, ou, pelo menos, assegurar
procedimentos de envolvimento contínuo destas organizações, assegurando uma
participação efetiva e consequente.
As organizações e movimentos cívicos signatários desta carta, reiteram a necessidade de uma divulgação pública prévia dos termos que o Governo Português se prepara para validar, formando o acordo sobre a gestão transfronteiriça da água que está a ser negociado entre Portugal e Espanha, no respeito pelos princípios de um Estado de Direito Democrático e pela defesa da água enquanto bem comum. Também reivindicam a democratização do processo de definição da política nacional da água, assegurando uma participação efetiva da sociedade na construção do Plano Nacional da Água 2035 e demais instrumentos de planeamento e execução.
SIGNATÁRIOS:
ACSA - Alimentar Cidades Sustentáveis -
Associação
ADPM – Associação de Defesa do Património de
Mértola
AEPGA – Associação para o Estudo e Proteção do
Gado Asinino
Alcácer P’lo Ambiente
Alentejo com Vida
ALMARGEM – Associação de Defesa do Património
Cultural e Ambiental do Algarve
AMORA – Associação de Monitorização e
Regeneração do Rio Almansor
ANIMAR – Associação Portuguesa para o
Desenvolvimento Local
ANPIWWF
Associação ALDEIA
Associação de Estudos do Alto Tejo
Associação Vegetariana Portuguesa
Associação PATO - Associação de Defesa do Paul
de Tornada
Dunas Livres - Associação Dunas Livres
FAPAS - Associação Portuguesa para a
Conservação da Biodiversidade
GEOTA – Grupo de Estudos de Ordenamento do
Território e Ambiente
Juntos pelo Sudoeste - Movimento de Cidadãos
de Aljezur e Odemira em Defesa do Sudoeste
LPN - Liga para a Protecção da Natureza
Movimento Alentejo VIVO
Movimento Ecologista do Vale de Santarém
Movimento Mondego Vivo
MovRioDouro
MUNDA - Movimento em Defesa do Rio Mondego
Oikos - Associação de Defesa do Ambiente e do
Património da Região de Leiria
OIKOS – Cooperação e Desenvolvimento
OnGaia - Associação de Defesa do Ambiente
Palombar – Associação de Conservação da
Natureza e do Património Rural
PAS – Plataforma Água Sustentável
Plataforma contra la especulación urbanística
y ambiental de Candeleda
proTEJO – Movimento Pelo TEJO
Project Earth
Quercus - Associação Nacional de Conservação
da Natureza
Sociedade Portuguesa de Estudos Rurais
SPEA – Sociedade Portuguesa para o Estudo das
Aves
SPECO – Sociedade Portuguesa de Ecologia
ZERO – Associação Sistema Terrestre
Sustentável
Zero Waste Lab – Associação ZEWALAB
[1]
https://zero.ong/noticias/carta-aberta-ao-ministerio-da-agricultura-e-da-alimentacao/