segunda-feira, 23 de novembro de 2020

proTEJO E O MUNICÍPIO DE VILA FRANCA DE XIRA CONVIDAM A CIDADANIA A REFLETIR SOBRE O CONTROLO E A FISCALIZAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA

NOTA DE IMPRENSA
24 de novembro de 2020
proTEJO E O MUNICÍPIO DE VILA FRANCA DE XIRA 
CONVIDAM A CIDADANIA A REFLETIR SOBRE 
O CONTROLO E A FISCALIZAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA
12 de dezembro de 2020

O proTEJO – Movimento pelo Tejo e o Município de Vila Franca de Xira convidam os cidadãos e as populações ribeirinhas da bacia do Tejo a participarem no SEMINÁRIO ONLINE (WEBINAR) “TEJO VIVO E VIVIDO – SEMINÁRIO PARA A RECUPERAÇÃO DO RIO TEJO E SEUS AFLUENTES”, sob o tema “O controlo e a fiscalização da qualidade da água” no dia 12 de dezembro de 2020 pelas 15 horas, cuja abertura será realizada pela Senhora Secretária de Estado do Ambiente Inês dos Santos Costa.

Este seminário tem como finalidade conhecer e refletir sobre o controlo e fiscalização da qualidade da água e sobre a intervenção das instituições para assegurar que as águas residuais tratadas após a sua utilização nas diversas atividades humanas (a agricultura, pecuária, indústria e consumo humano) apresentam uma qualidade que permita uma maior reutilização ou a sua devolução ao meio hídrico em condições que assegurem o bom estado ecológico das massas de água dos rios e ribeiros.

Impõem-se, portanto, saber se seremos capazes de alcançar um equilíbrio entre a satisfação das necessidades humanas e ecológicas.

Pretende-se ainda perspetivar quais os meios de carater instrumental e humanos que importa ainda implementar com vista a alcançar a eficiência e a eficácia do controlo e fiscalização da qualidade da água, nomeadamente, ao nível da legitimidade e capacidade de recolha de amostras e da obtenção de prova.
Participem, a Vida e o Tejo merecem!


Assistam livremente nas seguintes redes sociais da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira:


Apelamos à mobilização de todos os cidadãos para participarem e divulgarem este seminário pela difusão do convite e dos seguintes elementos de suporte:






proTEJO REQUERE A IDENTIFICAÇÃO DAS ORIGENS DA POLUIÇÃO E A TOMADA DE MEDIDAS COM CARÁTER DE URGÊNCIA POR PARTE DA ADMINISTRAÇÃO DA REGIÃO HIDROGRÁFICA DO TEJO E OESTE E DA CONFEDERAÇÃO HIDROGRÁFICA DO TEJO DE ESPANHA

NOTA DE IMPRENSA
23 de novembro de 2020
proTEJO REQUERE A IDENTIFICAÇÃO DAS ORIGENS DA POLUIÇÃO E A TOMADA DE MEDIDAS COM CARÁTER DE URGÊNCIA POR PARTE DA ADMINISTRAÇÃO DA REGIÃO HIDROGRÁFICA DO TEJO E OESTE E DA CONFEDERAÇÃO HIDROGRÁFICA DO TEJO DE ESPANHA
O proTEJO – Movimento pelo Tejo apresentou junto da Administração da Região Hidrográfica do Tejo e Oeste a sua apreciação das respostas prestadas sobre as recentes ocorrências de poluição no rio Tejo.

A. EUTROFIZAÇÃO NO RIO PÔNSUL E TEJO INTERNACIONAL

No que se refere à eutrofização no rio Pônsul e no Tejo internacional tratam-se de ocorrências recorrentes que se verificam desde 2009 e com mais intensidade desde 2017 até ao corrente ano de 2020.
Como evidenciado na resposta recebida verificam-se valores de fósforo elevados no rio Pônsul e na albufeira de Cedilho cuja origem pode resultar de descarga das ETAR ou da poluição difusa proveniente da agricultura.
É referido ainda que “têm sido realizados vários contactos com a Confederação Hidrográfica do Tejo, em Espanha, tendo em conta a importância da implementação conjunta de medidas preventivas e de controlo”.
Por fim refere-se que “os trabalhos atualmente em curso para a elaboração do Plano de Gestão da Região Hidrográfica” contribuirão para “de forma concertada, para a resolução dos problemas identificados” através da “caraterização das pressões sobre as massas de água e a definição de medidas para a melhoria do estado das massas de água contribuirão”.
No passado mês de maio, o proTEJO já tinha reportado em carta aberta dirigida ao Senhor Ministro do Ambiente que importava que fossem aplicadas as medidas necessárias para evitar a deterioração do estado da massa de água transfronteiriças, nomeadamente, aquelas que já constavam do “Programa de Medidas do Plano Hidrológico del Tajo -2016/2021” da Confederação Hidrográfica do Tejo, de Espanha, como sejam, melhoria das práticas agrícolas e dos atuais sistemas de tratamento de águas residuais urbanas (“Saneamento e Depuração da Zona Fronteiriça com Portugal. Cedillo e Alcântara”) na parte espanhola da bacia hidrográfica do Tejo. Esta posição também já tinha sido requerida na queixa por poluição do rio Tejo que apresentámos à Comissão Europeia em 2017.
Por outro lado, os planos de gestão da região hidrográfica de 3º ciclo para o período de 2022 a 2027 têm o dia 22 de dezembro de 2021 como data limite para a sua publicação não sendo razoável demorar mais de um ano para resolver este problema.

Neste contexto, importa promover uma atuação com caráter de urgência, por parte da Administração da Região Hidrográfica do Tejo e da Confederação Hidrográfica do Tejo, de Espanha, com o objetivo de identificar as origens da poluição e de tomar medidas eficazes que eliminem definitivamente estas ocorrências recorrentes de eutrofização no rio Pônsul e na albufeira de Cedilho / Tejo internacional.


B. POLUIÇÃO NO AÇUDE DE ABRANTES

No que respeita às ocorrências de poluição no açude de Abrantes constatamos que se tratam de situações pontuais e que não têm sido visíveis nem recorrentes em contraste com as situações de poluição que se verificavam no passado.
Consideramos positiva a garantia de que “a APA/ARHTO manterá a monitorização programada assim como a vigilância no sentido de precaver eventuais ocorrências”.

Ainda assim, importa que a Administração da Região Hidrográfica do Tejo e Oeste, uma vez que “monitoriza o rio Tejo a cada dois dias, em nove estações, desde Perais até Constância”, reforce as ações de identificação das origens da poluição, nomeadamente, pela utilização dessa informação de monitorização, tome as medidas necessárias à sua eliminação e proceda à responsabilização dos agentes poluidores.


Em ambos os casos reservamo-nos sempre o direito de expressar a nossa indignação.

Saúda-se a pronta prestação de informação e resposta às solicitações por parte da Administração da Região Hidrográfica do Tejo e Oeste.

Bacia do Tejo, 23 de novembro de 2020

sexta-feira, 20 de novembro de 2020

ENCONTROS COM O TEJO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL - 1 DE DEZEMBRO DE 2020

Comunicado de Imprensa
ENCONTROS COM O TEJO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL
1 de dezembro de 2020
No dia 1 de dezembro, das 15h às 16h30, vão realizar-se os Encontros com o Tejo e Educação Ambiental, por videoconferência no Zoom, moderados por Ana da Silva, professora da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Santarém.
Herman Wanningen (Diretor da Fundação do Mundial da Migração dos Peixes) e José Cardoso Moura (Engenheiro Químico formado pelo Instituto Superior Técnico) abordarão os problemas dos açudes e das barragens no que respeita aos fluxos migratórios das espécies piscícolas; Luís Filipe Ferreira, João Oliveira e João Gago (Professores da Escola Superior Agrária do IP Santarém) falarão sobre conservação e gestão do sistema ribeirinho e das populações de peixes migradores. Paulo Constantino e Ana Silva do Movimento pelo Tejo (proTEJO), sublinharão a importância da preservação de um Tejo livre de açudes e barragens através da apresentação do Memorando “Por um Tejo livre”.
No dia 24 de outubro, Dia Mundial da Migração dos Peixes, realizou-se o 8.º Vogar contra indiferença, uma descida de canoa de Caneiras a Valada organizada pelo proTEJO, na qual participaram estudantes da Licenciatura em Educação Ambiental e Turismo de Natureza do IP Santarém.
Devido à pandemia COVID-19, foram canceladas as ações de sensibilização que estavam previstas relativas à "sobre-exploração da água do Tejo que se avizinha com a construção de novos açudes e barragens (…) e a importância do regresso de modos de vida ligados à água e ao rio que as atividades de educação e turismo de natureza, cultural e ambiental permitirão sustentar” (proTEJO). 
Desta forma, o 2.º ano do curso de Educação Ambiental e Turismo de Natureza e o proTEJO – Movimento pelo Tejo decidiram organizar estes Encontros com o Tejo e Educação Ambiental que se realizarão no Zoom, no seguinte link de acesso aberto: https://videoconf-colibri.zoom.us/j/88378373937
ID da reunião: 883 7837 3937
Mais informação: Paulo Constantino +351919061330

sexta-feira, 6 de novembro de 2020

REUNIÃO DO CONSELHO DELIBERATIVO - 20 DE NOVEMBRO DE 2020

CONVITE
REUNIÃO DO CONSELHO DELIBERATIVO
20 de novembro de 2020
Exmos. Senhores
O proTEJO – Movimento Pelo Tejo vem convidá-los a estarem presentes na sua Reunião do Conselho Deliberativo que se realizará no dia 20 de novembro de 2020 (sexta-feira) pelas 21 horas, por videoconferência acessível na ligação https:/meet.jit.si/proTEJO20201120, com a seguinte Ordem de Trabalhos:
1.º. Deliberação sobre o Memorando “Por Um Tejo Livre” (a enviar);
2.º. Convenção de Albufeira e a Diretiva Quadro da Água;
3.º. Informação e definição de atividades:
     A. Sessão Online “Encontros com o Tejo e Educação Ambiental” - 1 de dezembro de 2020;
    B. Sessão Online “Seminário TEJO VIVO E VIVIDO 2020” - 12 de dezembro de 2020;
      C. Manifestação “Por Um Tejo Livre” – maio 2021 em Lisboa.
4.º. Situação da poluição do rio Tejo e seus afluentes;
5.º. Diversos.
Esta iniciativa encontra-se aberta às organizações e aos cidadãos que referenciem como partilhando este objetivo, pelo que agradecemos que as convidem a estarem presentes.
PARTICIPEM!
SÓ COM A VOSSA PRESENÇA PODEMOS SEGUIR EM FRENTE NA DEFESA DO TEJO!
A PARTICIPAÇÃO DOS ADERENTES E O ENVOLVIMENTO DOS CONVIDADOS É UM IMPORTANTE INCENTIVO MORAL!
CONTAMOS CONVOSCO!

segunda-feira, 2 de novembro de 2020

"MORRA A CONVENÇÃO DE ALBUFEIRA, MORRA! PIM!" - CRÓNICA "CÁ POR CAUSAS" - PAULO CONSTANTINO

O proTEJO defende que, no rio Tejo, devem ser estabelecidos caudais ecológicos regulares, contínuos e instantâneos, medidos em metros cúbicos por segundo (m3/s), e respeitando a sazonalidade das estações do ano, ou seja, maiores no inverno e outono e menores no verão e primavera, por oposição aos caudais mínimos negociados politicamente e administrativamente há 22 anos na Convenção de Albufeira.
Aliás, a Convenção de Albufeira já inclui a sazonalidade nos caudais mínimos trimestrais, mas, tendo por exemplo o ano hidrológico de 2019/2020 que terminou em final de setembro passado, observamos que o ciclo ecológico da água está completamente invertido e pervertido pelas descargas de água das barragens da Estremadura espanhola que dão prioridade à produção de energia.
Com efeito, os caudais que afluem no verão (4º trimestre - julho a setembro) de Espanha para Portugal representam 39% do caudal anual que o rio Tejo recebe vindo de Espanha, estando os níveis de caudal no inverno (1º trimestre) semelhantes aos ocorridos na primavera e no outono (2º e 3º trimestres), representando cerca de 20% em cada um destes trimestres.
Será que é para termos um ciclo ecológico da água invertido e pervertido que existe a Convenção de Albufeira?
Podemos reeducar os peixes migradores para subirem o rio e se reproduzirem no verão quando o rio Tejo está mais caudaloso?
Sem falar no fato do rio Tejo ser uma autêntica ribeira em muitos dias de inverno ou de verão ao bel prazer da torneira das barragens espanholas, como a maioria de vocês bem sabe.
Nas alegações às Questões Significativas da Água defendemos "a integração de caudais ecológicos determinados cientificamente nos Planos de Gestão da Região Hidrográfica do Tejo com a coordenação das administrações de ambos os países nos mesmos pontos de controlo que atualmente estão presentes na Convenção de Albufeira, Ponte de Muge e Cedillo" visto que a "Convenção de Albufeira está obsoleta e não se vislumbra a oportunidade de uma revisão com um verdadeiro espírito de preservação ecológica dos ecossistemas da bacia hidrográfica do Tejo”.
Na realidade, a Convenção de Albufeira tem um efeito nefasto ao partilhar num mesmo acordo a água de todas as bacias luso-espanholas e fazendo com que os caudais negociados para cada uma das bacias fique dependente dos caudais negociados para as outras bacias, impedindo uma boa gestão da água das bacias luso espanholas fora do espartilho das dependências destas negociações.
Esta Convenção permite que ocorram cedências e compensações de distribuição de caudais mínimos entre estas bacias não cumprindo o princípio da unidade de gestão da bacia hidrográfica previsto na Diretiva Quadro da Água que define que cada bacia deve bastar-se a si própria, gerindo as suas necessidades e disponibilidades de água.
A assinatura da Convenção de Albufeira é um “mal maior” para o rio Tejo por ter atribuído a predominância da exploração do rio Minho e rio Douro às hidroelétricas portuguesas em troca do desbarato das águas do rio Tejo que ficaram nas mãos das hidroelétricas espanholas.
Como é possível observar, o rio Tejo e o rio Douro têm a mesma disponibilidade hídrica em Espanha, mas o rio Tejo foi contemplado com menos 800 hm3 de caudal mínimo anual que rio Douro e apenas 37% deste caudal foi distribuído pelos trimestres enquanto que para o rio Douro essa distribuição foi de 54%, sem falar no fato do rio Douro e os seus afluentes terem, em território português, muito maior disponibilidade hídrica que a bacia do rio Tejo.
A assinatura da Convenção de Albufeira foi uma “facada” nas costas do rio Tejo e não se vislumbra nem vontade política, nem capacidade diplomática para mudar a atual situação, ainda que existam vastos argumentos para tal.
É também falaciosa a afirmação muitas vezes alvitrada de que Espanha pode argumentar com a diminuição da sua disponibilidade hídrica em 25% para pedir a redução do caudal mínimo anual.
A verdade é que este caudal foi fixado a um nível muito abaixo do que seria adequado e a sua distribuição ao longo dos trimestres está diminuída de 2.700 hm3 para apenas 995 hm3 (37%).
Por outro lado, a Diretiva Quadro da Água determina que “Os Estados-Membros garantirão que uma bacia hidrográfica que abranja o território de mais de um Estado-Membro seja incluída numa região hidrográfica internacional. A pedido dos Estados-Membros interessados, a Comissão atuará para facilitar essa inclusão numa região hidrográfica internacional.” (º 3 do artigo 3º da DQA).
Consideramos assim que deveria existir um único plano de ambos os países para gerir a água da bacia do Tejo à semelhança do rio Danúbio que é gerido por 14 países, sendo, portanto, um desafio menor a ser alcançado por Portugal e Espanha.
Assim se evitaria que as necessidades de uma bacia fossem prejudicadas em benefício das necessidades de outra bacia, tal como acontece com o Transvase Tejo-Segura que desvia água da bacia do Tejo para a bacia do Segura no sul de Espanha.
Defendemos este princípio de unidade de gestão da bacia hidrográfica de modo a que a gestão das águas da bacia do Tejo seja efetuada de acordo com as necessidades ecológicas e humanas e as disponibilidades de água com o objetivo de alcançar o bom estado ecológico das águas.
Além disso, tudo o que está expresso na Convenção de Albufeira pode ser melhorado e integrado em planos únicos de gestão específicos para cada uma das bacias hidrográficas dos rios ibéricos.
A bacia hidrográfica do Tejo pode em tudo ser melhor gerida por um plano de gestão único de ambos os países com a finalidade de alcançar o bom estado ecológico das suas águas em consonância com a Diretiva Quadro da Água de âmbito europeu.
E onde fica a participação pública dos cidadãos e organizações na gestão da sua bacia hidrográfica com uma Convenção que não o permite e com uma Comissão para a Aplicação e o Desenvolvimento da Convenção de Albufeira que negoceia água sem qualquer transparência?
Quem defende a gestão das águas com base no principio de unidade de gestão da bacia do Tejo estabelecido na Diretiva Quadro da Água não pode defender uma Convenção de Albufeira negociada simultaneamente para todas as bacias luso espanholas, que estabelece os seus caudais mínimos e a qualidade das suas águas de forma politica e administrativa, e que esquece a participação pública e a transparência.
Não se pode agradar a gregos e troianos!
Como diria um ilustre português “Morra a Convenção de Albufeira, morra! Pim!”.
O Tejo merece um bom estado ecológico com a unidade de gestão das suas águas!
Paulo Constantino

domingo, 25 de outubro de 2020

CARTA CONTRA A INDIFERENÇA - POR UM TEJO LIVRE

CARTA CONTRA A INDIFERENÇA

POR UM TEJO LIVRE

CANEIRAS/SANTARÉM – 24 DE OUTUBRO DE 2020

O rio Tejo não é apenas água, é cultura viva, a espinha dorsal e o eixo, das terras e das aldeias por onde passa. 

É com grande felicidade que vemos juntarem-se em defesa do Tejo todos os cidadãos e organizações aqui presentes, representativos de toda a bacia ibérica do Tejo e de todos os sectores da sociedade e áreas de ação, constituindo-se como um exemplo independente de participação e cidadania.

Nas nossas diferenças, o elo que nos une é o Tejo!

O mesmo Tejo que une toda esta bacia de Espanha a Portugal, que une todas as populações ribeirinhas e as suas culturas, que o conhecemos e o vivemos da nascente até à foz, de Albarracín ao Grande Estuário. 

É também significativo que nos encontremos em Caneiras onde se pretende realçar a beleza do património natural de um rio Tejo livre com dinâmica fluvial e do património cultural do rio Tejo associado à pesca tradicional no Município do Cartaxo e no Município de Santarém, em especial, as aldeias Avieiras de Palhota e de Caneiras, aldeias típicas de pescadores avieiros, construída com casas de madeira, tipo palafitas, cuja origem se perde nos tempos. Na aldeia de Palhota chegou a viver Alves Redol, grande escritor português que muito escreveu acerca do Tejo e das suas gentes e Ricardo Costa realizou um documentário de longa-metragem com o título Avieiros, em 1975, sobre a vida dos seus pescadores.

O rio Tejo que ao longo do seu curso sustentou as atividades agrícolas e comerciais das suas gentes constituiu-se como o principal eixo de desenvolvimento das comunidades ribeirinhas: agricultores, moleiros, construtores de barcos, artes de pesca, barqueiros, pescadores. Destes teimam uns poucos em tirar do rio o sustento, cada dia mais magro em resultado da degradação dos ecossistemas e consequentes alterações na biodiversidade, causada pelos desmandos do ser humano.

As populações do Tejo sempre conseguiram sobreviver e prosperar em harmonia com o rio, que lhes foi generoso no passado e que será essencial no futuro.

Um futuro onde o laço de natureza e cultura perdure e se reforce com o regresso de modos de vida ligados à água e ao rio, assente num desenvolvimento sustentável de atividades agrícolas e industriais responsáveis, de educação e turismo de natureza, cultural e ambiental, que apenas será possível se unirmos esforços para a preservação de um rio Tejo Livre de açudes e barragens para assegurar os fluxos migratórios das espécies piscícolas, a conservação dos ecossistemas e habitats aquáticos e o usufruto do rio pelas populações ribeirinhas.

A preservação ecológica do rio Tejo é um tributo que os cidadãos devem oferecer para a sustentabilidade da Vida e para a conservação do seu património, sendo hoje urgente defender um rio Tejo Vivo e Livre com dinâmica fluvial pela rejeição dos projetos de construção de novos açudes e barragens - Projeto Tejo e a Barragem do Ocreza - e pela exigência de uma regulamentação adequada para as barreiras que já existem de modo a garantir: o estabelecimento de verdadeiros caudais ecológicos; um regime fluvial adequado à migração e reprodução das espécies piscícolas; a qualidade das massas de água superficiais e subterrâneas do rio Tejo; a conservação dos ecossistemas, dos habitats e da biodiversidade; e uma conectividade fluvial proporcionada por eficazes passagens para peixes e pequenas embarcações.

Continuaremos a combater a sobre exploração da água do Tejo que já existe face à gestão economicista das barragens hidroelétricas da estremadura espanhola, aos transvases da água do Tejo para a agricultura intensiva no sul de Espanha e à agressão da poluição agrícola, industrial e nuclear.

Conhecemos os males de que o Tejo padece e o maltrato que a mão dos humanos tem vindo a infligir à sua água e aos seus ecossistemas.

Para conter essa mão que o maltrata temos que abrir a outra mão para que o proteja, e essa mão somos nós!

Por isso temos o dever de estender essa mão aberta para criar uma corrente de vontade e de intencionalidade, que seja capaz de esclarecer quem decide e que exija um tratamento ecologicamente sustentável para o rio Tejo.

Devemo-lo a nós próprios, que com o Tejo partilhámos a nossa vida e aceitámos a generosidade das suas águas.

Devemo-lo às gerações futuras para que conheçam um Tejo Vivo e Livre, como nós o conhecemos, e não um escravo e prisioneiro do egoísmo, da especulação, da ganância e da irresponsabilidade dos humanos.

Se continuarmos neste rumo, as próximas gerações já não conhecerão rios Vivos e Livres, mas apenas imagens na internet... que serão sombras do que um dia nos foi oferecido com generosidade, e não terão incentivo a reconhecer o valor destes rios de que nunca tiveram a possibilidade de desfrutar.

Por tudo isto, devemos unir-nos e reclamar a defesa da qualidade e da quantidade da água do rio Tejo e seus afluentes, bem como a rejeição ou remoção das barreiras à sua conectividade, para que sejam saudáveis e forneçam os serviços ecológicos necessários à Vida no seu conjunto biodiverso e se mantenham como referência do Património ribeirinho.

Devemos ainda unir-nos e reclamar a unidade e integridade do Tejo e da sua bacia, já que o amor e o respeito que por ele sentimos não se esgotam em nenhuma das fronteiras administrativas e artificiais que os homens impõem à natureza.

Para que as nossas mãos o protejam temos que as unir e coordenar, mostrando a união dos cidadãos e cidadãs portugueses e espanhóis na defesa do Tejo, enquanto bacia ibérica internacional, e afirmar a nossa determinação para combater a indiferença ao maltrato que tem vindo a sofrer.

Assim, com vista a defender o Tejo e seus afluentes, e como cidadãos do rio Tejo, em Portugal e em Espanha, unimo-nos para reivindicar a todas as autoridades competentes, internacionais, nacionais, regionais e locais:

1º. A necessidade de uma gestão sustentável da bacia hidrográfica do Tejo com base no princípio da unidade da sua gestão;

2º. O cumprimento da Diretiva Quadro da Água, nomeadamente a garantia de um bom estado das águas do Tejo;

3º. O estabelecimento e quantificação de um regime de caudais ecológicos, diários, semanais e mensais, refletidos nos Planos de Gestão da Região Hidrográfica do Tejo, em Espanha e em Portugal, e na atualização da Convenção de Albufeira, que permitam o bom funcionamento dos ecossistemas ligados ao rio e, consequentemente, dos serviços que prestam à comunidade;

4º. A monitorização do cumprimento permanente do regime de caudais ecológicos aí definidos;

5º. A informação pública do cumprimento do convénio luso-espanhol relativamente aos rios ibéricos;

6º. A recusa dos transvases do Tejo e o apoio à investigação de alternativas sustentáveis, baseadas no uso eficiente da água;

7º. Garantir caudais no rio Tejo e seus afluentes em qualidade e quantidade suficientes para garantir o bom estado das massas de água e a viabilidade dos diversos usos lúdicos e recreativos;

8º. Acompanhar a monitorização e verificar o cumprimento das licenças de descargas de efluentes das indústrias, exigindo a tomada de medidas de proteção ambiental com base no princípio da precaução;

9º. A realização de ações para ajudar a restaurar o sistema fluvial natural e o seu ambiente;

10º. A valorização e promoção da identidade cultural e social das populações ribeirinhas do Tejo.

É isto que defendemos, 

Que as nossas mãos unidas protejam o TEJO. 

E digamos com Miguel Torga, porque os poetas sabem ver o futuro

Recomeça

Se puderes,

Sem angústia e sem pressa.

E os passos que deres

Nesse caminho duro

Do futuro

Dá-os em liberdade.

Enquanto não alcances

Não descanses.

O Tejo merece!

sábado, 24 de outubro de 2020

proTEJO DEFENDEU HOJE UM RIO TEJO VIVO E LIVRE COM A PARTICIPAÇÃO NO EVENTO INTERNACIONAL DO DIA MUNDIAL DA MIGRAÇÃO DOS PEIXES EM DESCIDA DE CANOA DE CANEIRAS EM SANTARÉM ATÉ VALADA NO CARTAXO

NOTA DE IMPRENSA
proTEJO DEFENDEU HOJE UM RIO TEJO VIVO E LIVRE COM A PARTICIPAÇÃO NO EVENTO INTERNACIONAL DO DIA MUNDIAL DA MIGRAÇÃO DOS PEIXES EM DESCIDA DE CANOA DE CANEIRAS EM SANTARÉM ATÉ VALADA NO CARTAXO
24 de outubro de 2020

O proTEJO celebrou hoje o Dia Mundial da Migração dos Peixes com a descida de canoa "Por Um Tejo Livre - 8º Vogar contra a indiferença" com 36 participantes em 18 kayaks que coloriram o rio numa demonstração contra a construção de açudes e barragens com a finalidade de reter água para consumo na agricultura intensiva, defendendo um rio livre e com dinâmica fluvial para assegurar os fluxos migratórios das espécies piscícolas, a conservação dos ecossistemas e habitats aquáticos e o usufruto do rio pelas populações ribeirinhas.

O "8º Vogar contra a indiferença" iniciou-se pela manhã na aldeia avieira de Caneiras e continuou com um percurso fluvial em canoa que facultou uma experiência de fluviofelicidade proporcionada pela comunhão com a beleza do património natural de um rio Tejo livre com dinâmica fluvial e do património cultural do rio Tejo associado à pesca tradicional no Município do Cartaxo e no Município de Santarém, em especial, as aldeias avieiras de Palhota e de Caneiras.

A “Carta Contra a Indiferença” que hoje publicamos pretende ser o testemunho da necessidade de preservação ecológica do rio Tejo como um tributo que os cidadãos devem oferecer para a sustentabilidade da Vida e para a conservação do seu património natural e cultural.

Este património natural e cultural do Tejo deve ser defendido pela rejeição dos projetos de construção de novos açudes e barragens - Projeto Tejo e Projeto de Barragem no rio Ocreza - e pela exigência de uma regulamentação daqueles que já existem de modo a garantir: o estabelecimento de verdadeiros caudais ecológicos; um regime fluvial adequado à migração e reprodução das espécies piscícolas; a qualidade das massas de água superficiais e subterrâneas do rio Tejo; a conservação dos ecossistemas, dos habitats e da biodiversidade; e uma conectividade fluvial proporcionada por eficazes passagens para peixes e pequenas embarcações.

Entre estes cidadãos contou-se com a participação de amigos do Tejo de Espanha pertencentes à Rede de Cidadania por uma Nova Cultura da Água do Tejo/Tajo e seus afluentes, provando-se que a defesa dos rios ibéricos ultrapassa as fronteiras administrativas e une os cidadãos com os mesmos problemas, independentemente da sua nacionalidade.

Pretendeu-se ainda consciencializar as populações ribeirinhas para a sobre exploração da água do Tejo que se avizinha com a construção de novos açudes e barragens e a que já existe face à gestão economicista das barragens hidroelétricas da Estremadura espanhola, aos transvases da água do Tejo para a agricultura intensiva no sul de Espanha e à agressão da poluição agrícola, industrial e nuclear, realçando ainda a importância do regresso de modos de vida ligados à água e ao rio que as atividades de educação e turismo de natureza, cultural e ambiental permitirão sustentar.

Esta atividade foi organizada pelo proTEJO – Movimento Pelo Tejo e contou com o apoio do Município de Cartaxo, do Município de Santarém, da União de Freguesias da Cidade de Santarém, da EcoCartaxo, dos Bombeiros Sapadores de Santarém, da Associação dos Amigos das Caneiras, da Rede de Cidadania por Uma Nova Cultura da Água do Tejo/Tajo e seus afluentes, e da Fundação World Fish Migration Day, tendo sido responsável pela descida o Clube de Canoagem Scalabitano.





VÍDEO DE DRONE - YOUTUBE E FACEBOOK

quinta-feira, 1 de outubro de 2020

ASSOCIAÇÕES AMBIENTALISTAS E MOVIMENTOS DE CIDADANIA APELAM AOS DECISORES POLÍTICOS QUE TOMEM UMA INICIATIVA LEGISLATIVA PARA A PROTEÇÃO E DEFESA DOS ATIVISTAS AMBIENTAIS

Nota de Imprensa

ASSOCIAÇÕES AMBIENTALISTAS E MOVIMENTOS DE CIDADANIA APELAM AOS DECISORES POLÍTICOS QUE TOMEM UMA INICIATIVA LEGISLATIVA PARA A PROTEÇÃO E DEFESA DOS ATIVISTAS AMBIENTAIS

1 de outubro de 2020

As principais associações e movimentos cívicos de defesa do ambiente apelam aos decisores políticos que tomem uma iniciativa legislativa para a proteção e defesa dos ativistas ambientais, perfazendo já um total de 28 organizações subscritoras do “Manifesto Em Defesa dos Ativistas Ambientais”.

A produção de legislação que defenda os ativistas ambientais de processos sem fundamento que visam apenas a sua intimidação, instaurados por agentes que foram denunciados por más práticas ambientais, é fundamental para que a justiça realize uma apreciação preliminar da malquerença desses processos evitando o seu arrastamento por longos períodos com graves danos morais e materiais para os ativistas ambientais envolvidos.

Apresentamos aqui o “Manifesto Em Defesa dos Ativistas Ambientais” que será divulgado aos decisores políticos com os quais serão agendadas reuniões de sensibilização.


Manifesto Em Defesa dos Ativistas Ambientais

No nosso país e por mais de uma vez, ambientalistas foram processados por empresas apontadas como responsáveis por atentados ao ambiente. Num ou noutro caso, mesmo quando era gritantemente evidente a justeza das denúncias, esses ambientalistas foram a tribunal acusados de “difamação”, exigindo-se-lhes pesadas indemnizações ou penas de prisão, em processos morosos e dispendiosos.

Estes processos são iníquos, pois opõem empresas poderosas a cidadãos ou organizações ambientalistas muito frágeis. Boa parte das vezes, não passam de meros expedientes intimidatórios e uma forma de assédio. Mais do que o ressarcimento de uma eventual acusação injusta, apenas visam silenciar, punir, destruir pessoal, financeira e institucionalmente quem, por imperativo cívico, denuncia atentados ao ambiente. São o que em vários países é conhecido como “SLAPP” (strategic lawsuit against public participation), ação judicial estratégica contra a participação pública, e aí já foi tornada ilegal por ameaçar a liberdade de expressão.

A próxima transposição para o nosso ordenamento jurídico da Diretiva (UE) 2019/1937 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 23 de outubro de 2019, relativa à proteção das pessoas que denunciam violações do direito da União, deve contribuir para alterar este quadro.

Essa Diretiva aplica-se a denúncias em vários domínios, entre os quais o domínio ambiental. Assenta no pressuposto de que “As denúncias e a divulgação pública alimentam os sistemas de aplicação dos direitos nacionais e da União com informações conducentes à deteção, à investigação e à ação penal eficazes por violações do direito da União, aumentando deste modo a transparência e a responsabilização.”

O objetivo da Diretiva Europeia é o da proteção de denunciantes “que trabalham numa organização pública ou privada ou que com ela estão em contacto no contexto de atividades profissionais”. Mas a própria Diretiva admite que Os Estados-Membros possam “decidir alargar a aplicação das disposições nacionais a outros domínios a fim de assegurar a existência de um regime de proteção dos denunciantes abrangente e coerente a nível nacional.”

Nessa transposição deve, portanto, ser introduzida a proteção de denunciantes de crimes ambientais, ainda que a denúncia provenha de entidades ou pessoas sem relação profissional com as entidades denunciadas.

É, precisamente, o caso de ativistas, de associações ambientalistas ou de simples cidadãos. Sem prejuízo dos direitos das entidades denunciadas, previstos aliás na própria Diretiva Europeia, também quem por imperativo de cidadania denuncia crimes ambientais deve ser protegido de retaliações, como as que “de facto” constituem ações judiciais iníquas.

Nesse sentido, as organizações ambientalistas e movimentos cívicos subscritores manifestam-se no sentido de que os denunciantes de crimes ambientais, sejam organizações, associações ou simples cidadãos, ainda que sem relação profissional com as entidades denunciadas, venham a ser protegidos pela legislação que transpuser para ordenamento jurídico nacional a Diretiva (UE) 2019/1937 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 23 de outubro de 2019.

Portugal, 1 de outubro de 2020


Subscritores:

CPADA - Confederação Portuguesa das Associações de Defesa do Ambiente

ACRÉSCIMO - Associação de Promoção ao Investimento Florestal

APGVN - Associação Portuguesa de Guardas e Vigilantes da Natureza

Ar Puro Movimento Cívico

Associação Barreiro - Património, Memória e Futuro

Associação Cívica “As Romãs também Resistem” de Castelo Branco

Associação Portuguesa de Educação Ambiental (ASPEA)

AZU - Ambiente em Zonas Uraníferas

BASTA! – Movimento em defesa da ribeira da Boa Água

Campo Aberto - Associação de Defesa do Ambiente

Climacção Centro

EcoCartaxo - Movimento Alternativo e Ecologista

FAPAS - Associação Portuguesa para a Conservação da Biodiversidade

GEOTA - Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente

LPN - Liga para a Protecção da Natureza

Movimento Ecologista do Vale de Santarém

Plataforma Cívica Aeroporto BA6-Montijo Não!

proTEJO - Movimento pelo Tejo

Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza

Real 21 - Associação de Defesa do Rio Real

Rede de Cidadania por uma Nova Cultura da Água no Tejo/Tajo e seus afluentes

SPECO - Sociedade Portuguesa de Ecologia

URTICA – Defesa do Ambiente e Ação Climática

Vamos Salvar o Jamor

ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável

sexta-feira, 25 de setembro de 2020

MOVIMENTO IBÉRICO ANTINUCLEAR EM PORTUGAL ELEGE NOVA COMISSÃO COORDENADORA E REITERA PEDIDO DE REUNIÃO COM O MINISTRO DO AMBIENTE DE PORTUGAL


NOTA DE IMPRENSA
25 DE SETEMBRO DE 2020
MOVIMENTO IBÉRICO ANTINUCLEAR EM PORTUGAL ELEGE NOVA COMISSÃO COORDENADORA E REITERA PEDIDO DE REUNIÃO COM O MINISTRO DO AMBIENTE DE PORTUGAL
A Assembleia Geral do Movimento Ibérico Antinuclear em Portugal (MIA PT) reuniu esta quinta feira (via online) para eleger a sua Comissão Coordenadora e definir a agenda dos próximos meses.
As questões do nuclear continuam a ser um tema de enorme importância para Portugal, tendo em conta os recentes desenvolvimentos em Espanha que indiciam a continuação do funcionamento da Central Nuclear de Almaraz por mais 8 anos. Reafirmamos que um acidente em qualquer dos dois reactores da central de Almaraz constitui um perigo sem precedentes, não só para o território espanhol, mas também para toda a bacia do Tejo, em Portugal, com incidência extrema nas regiões fronteiriças.
Com efeito, e contrariamente à decisão prévia de encerrar a Central em 2021, o Conselho de Segurança Nuclear de Espanha deu em um aval positivo à intenção da empresa em prolongar o seu funcionamento até 2028. Aguarda-se agora a decisão final do Governo Espanhol que, tudo indica, irá aceitar a proposta.
O MIA PT considera esta situação inaceitável e não compreende como o Governo Português permanece completamente passivo em relação a uma situação que tem implicações profundas numa parte significativa do território português.
Tendo sido solicitada uma reunião com o Ministro do Ambiente a propósito desta questão, à qual não foi dada qualquer resposta, o MIA PT irá insistir junto do Ministério do Ambiente e Ação Climática. São, ainda, previstas acções que continuarão até ao encerramento definitivo da central de Almaraz (e de todas as outras) e ao seu desmantelamento em segurança.
O MIA PT irá também acompanhar os procedimentos para a realização da Cimeira Ibérica que se deverá realizar nos próximos meses em Portugal (após o seu recente adiamento).
Também está a ser organizada uma Conferência Ibérica, em conjunto com o MIA em Espanha, a decorrer online e em data ainda a definir, que irá debater temas relacionados com o nuclear e os territórios e sustentabilidade. 
A Comissão Coordenadora agora eleita é composta por:
Ana Silva (Movimento ProTejo/Eco-Cartaxo)
António Minhoto (AZU)
Carla Graça (ZERO)
José Janela (Quercus)
José Louza (Ecocartaxo/ ProTejo)
José Moura (ProTejo/AZU)
Romão Ramos
Portugal, 25 de Setembro de 2020
A Comissão Coordenadora do MIA em Portugal
MIA - Movimento Ibérico Antinuclear 

Para mais informações, contactar:
966395014 - António Minhoto
960207080 - José Janela

O MIA é um movimento composto por coletivos ambientalistas e instituições de Portugal e de todo o Estado Espanhol. Em Portugal integra cerca de 30 coletivos.

sexta-feira, 18 de setembro de 2020

FANTÁSTICOS DOCUMENTÁRIOS E FILMES DO DIA MUNDIAL DA MIGRAÇÃO DOS PEIXES - 24 DE OUTUBRO DE 2020

Apresentamos uma lista de documentários e filmes do Dia Mundial da Migração dos Peixes - 24 de outubro de 2020, que serão de ver e divulgar pelos vossos contatos e redes sociais.
Chamamos a atenção para o documentário "Love Flows" que muito nos ensina sobre a necessidade e os benefícios dos rios vivos e livres.



Filmes que pode assistir em casa!

A sentir falta do ar livre?

Reunimos uma lista de excelentes filmes e documentários sobre rios e peixes migratórios que pode assistir no conforto da sua sala. 

Inspire-se nos fantásticos documentários e filmes, aprendendo mais sobre o estado dos nossos rios e como podemos ajudá-los!

Clique no título para assistir ao filme
























O proTEJO SUBSCREVE O MANIFESTO "PARAR AS NOVAS HIDROELÉTRICAS NA EUROPA" DA WWF EUROPA

PARAR AS NOVAS HIDROELÉTRICAS NA EUROPA: O MANIFESTO
Durante décadas, construímos na Europa centrais hidroelétricas ao longo de nossos rios, danificando um dos recursos mais preciosos para a vida na Terra: a água doce. Chegou a hora de acabar com a expansão da energia hidroelétrica antes que destruamos ecossistemas inteiros e todos os serviços que eles prestam às pessoas e à natureza. A nova energia hidroelétrica traz um benefício negligenciável na transição para a neutralidade climática na União Europeia e os seus impactos irreversíveis na biodiversidade, nas paisagens e no abastecimento de água já não podem ser justificados.
ENERGIA HIDROELÉTRICA VERDE É UM MITO
Não há energia hidroelétrica sem consequências graves para os ecossistemas de água doce e para o abastecimento de água, que já estão ameaçados. Apenas 40% das águas superficiais da UE (rios, lagos, zonas húmidas, águas de transição e costeiras) estão em boas condições ecológicas e as populações de espécies migratórias de peixes de água doce diminuíram 93% na Europa desde 1970. 
A construção de centrais hidroelétricas - seja qual for o tipo - tem consequências dramáticas e negativas nos caudais dos rios, migração de peixes, perda de habitat, transporte de sedimentos e erosão, para citar apenas os seus impactos mais diretos, e que está diretamente contra os compromissos expressos na Estratégia da Biodiversidade da UE quanto à proposta de restaurar 25.000 km de rios de curso livre. 
De acordo com Jörg Freyhof, Presidente Regional do Grupo de Especialistas em Peixes de Água Doce da IUCN / WI, “as represas mudam completamente o ecossistema, transformando um rio num lago artificial e abrindo a porta para a invasão de espécies exóticas. É comparável ao corte de uma floresta tropical em termos de forte impacto negativo sobre a biodiversidade”.
Um estudo recente sobre os efeitos das barragens na bacia do Mediterrâneo mostra que a energia hidroelétrica, incluindo pequenos projetos, é o motor mais importante da potencial extinção de espécies de peixes. O estudo afirma que "caso a expansão hidroelétrica na região prossiga conforme planeado, 74% (186) de todas (251) as espécies ameaçadas de peixes de água doce serão impactadas negativamente, com 65% (163) prestes a declinar apenas devido a pequenos projetos” . Construir uma central hidroelétrica num rio é como sufocá-lo, às vezes até à morte. Não há energia hidroelétrica sustentável, nem energia hidroelétrica verde.
OS BENEFÍCIOS DAS NOVAS HIDROELÉTRICAS
NA EUROPA SÃO NEGLIGENCIÁVEIS
A contribuição da energia hidroelétrica para a transição de energia é insignificante. Mesmo se todas as mais de 6.000 usinas hidrelétricas planejadas na UE (além das 19.000+ existentes) fossem construídas, a parcela da geração de eletricidade da UE atualmente fornecida por hidroelétricas passaria de 10% para 11,2-13,9% . E essa contribuição tornar-se-á ainda menos significativa à medida que avançarmos para a eletrificação quase total por meio da energia eólica e solar - direta ou indiretamente - de setores como o transporte, o aquecimento e a indústria.
A energia hidroelétrica também perdeu sua vantagem financeira comparativa, à medida que regulamentações mais rígidas, disponibilidade de terras e reconhecimento crescente dos seus graves impactes ambientais estão a aumentar os custos, enquanto os custos de alternativas como a solar, a eólica e várias formas de armazenamento de energia estão a descer rapidamente . O potencial da energia hidroelétrica de contribuir para a mitigação das mudanças climáticas também é limitado. As emissões de carbono do ciclo de vida são geralmente subestimadas, visto que as emissões da construção das centrais e de metano são normalmente desconsideradas.  Além disso, a escassez de água pode reduzir a produção geral de energia hidroelétrica na Europa , enquanto a fragmentação do rio criada por centrais hidroelétricas reduz a capacidade dos rios lidarem com secas ou inundações, com impactes negativos na adaptação climática.


PEQUENO NÃO É BONITO
91% das usinas existentes e planeadas na Europa são de pequena dimensão, o que significa que produzem menos de 10 MW, e ainda assim produzem e terão impactes ambientais dramáticos. Conforme observado pela Estratégia Regional para Energia Hidroelétrica Sustentável nos Balcãs Ocidentais, encomendada pela Comissão Europeia (2018), “… a contribuição de pequenas centrais hidroelétricas com uma capacidade de 10 MW  ou menos para a produção global de energia é extremamente limitada, enquanto os seus impactos no ambiente são desproporcionalmente graves. ”
Apesar disso, as pequenas centrais continuam a beneficiar significativamente do financiamento público. Em 2016-2017, os Estados-Membros da UE concederam mais de 4,2 mil milhões de euros de apoio público a projetos hidroelétricos, principalmente na forma de tarifas renováveis avançadas (tarifas “feed-in”) e prémios, mas também através de certificados verdes e subsídios de investimento, com a bênção da Comissão Europeia. Em 2018, 70% do apoio às energias renováveis nos Balcãs Ocidentais foi para a hidroeletricidade de pequena escala, que gerou apenas 3,6% do fornecimento total de eletricidade. 
A TRANSIÇÃO ENERGÉTICA E A PROTEÇÃO DA NATUREZA
DEVEM ANDAR DE MÃO DADA
As crises do clima e da biodiversidade devem ser enfrentadas em conjunto. E, de muitas maneiras, exige a execução da mesma ação. Não podemos parar a mudança climática descontrolada - algo que por si só seria catastrófico para grande parte da vida na Terra - sem proteger e restaurar os ecossistemas naturais. Da mesma forma, não podemos ter uma transição energética sustentável alheia à natureza. A proteção do clima e da natureza devem ser tratadas em conjunto se quisermos fornecer um futuro sustentável para nosso planeta e para as sociedades humanas.
Portanto, não há sentido em construir uma central hidroelétrica para fornecer eletricidade a uma comunidade se a mesma central priva essa comunidade da sua fonte de subsistência e bem-estar: um rio saudável que fornece água potável, refresca as vilas ou cidades das suas margens, permite o crescimento das culturas, dá suporte a servidores de TI e a processos industriais e permite que as pessoas pesquem e nadem em suas águas ou percorram o seu curso.
O DESENVOLVIMENTO DE NOVAS HIDROELÉTRICAS DEVE PARAR
Exortamos as instituições da UE a deixarem de apoiar a construção de novas centrais hidroelétricas:
• O financiamento público para novas hidroelétricas precisa de parar. À luz dos compromissos no Acordo Verde Europeu (European Green Deal), os subsídios e empréstimos públicos que são prejudiciais à biodiversidade e à proteção da natureza são inaceitáveis. Em particular, a energia hidroelétrica - incluindo a pequena produção hidroelétrica - deve deixar de ser elegível para Auxílio Estatal, e as instituições financeiras da UE não devem continuar a financiar novos projetos hidroelétricos de forma nenhuma.
• O financiamento público da energia hidroelétrica deve ser redirecionado para a reabilitação das centrais existentes; para a remoção de barragens obsoletas; e para o investimento em alternativas de menor impacto, como a energia solar e eólica, combinadas com a eficiência energética, a resposta do lado da procura e as diversas formas de armazenamento de energia.