NOTA DE IMPRENSA DA
PLATAFORMA EM DEFESA DOS RIOS TEJO E ALBERCHE DE TALAVERA DE LA REINA
O Ministério do Ambiente está a planear o transvase de parte do Jarama até à cabeceira do Tejo, além de substituir os caudais ecológicos com águas residuais dos rios do norte de Madrid. E tudo isto fora do âmbito do novo processo de planeamento do Plano de Bacia do Tejo, actualmente pendente da consulta pública quanto ao projecto do novo plano.
Assim, pela porta das traseiras, o Ministério do Ambiente quer dar mais uma torcedela na cabeceira do Tejo, limitando ainda mais a água que sai de Entrepeñas e Buendía para o Tejo, que seria ainda mais reduzida, substituindo-se esses caudais, bem como as dotações de irrigação de Aranjuez, por águas residuais do Jarama. Desta forma, a água que passaria por Aranjuez, Toledo e Talavera de la Reina seria apenas do Jarama, voltado para montante. O Tejo fica para transvase.
Neste momento, encontra-se em consulta pública (até 3 de Março) a versão preliminar do Plano Nacional de Reutilização de Água, que pode ser acedido no seguinte endereço:
Nele expressa-se que o Tejo terá um volume reutilizado em 2009 de 15 hm3, para 289 hm3 depois de 2015, dos quais 53,36 hm3 serão utilizados na irrigação de Aranjuez; 64,99 hm3 no fornecimento de caudais ecológicos a Lozoya a jusante da barragem de El Atazar e 142,12 hm3 de necessidades ambientais. O que o Ministério pretende é a frankesteinarização do Tejo, impondo ao Macrossistema (o território da bacia, que abrange desde o nascimento até Talavera de la Reina), a gestão mais absoluta e aberrante, tudo com o objectivo de manter intransigentemente o Transvase Tejo - Segura. O que o Ministério tenta, fora de qualquer processo de planeamento e do modo mais retorcido, não é “reutilizar” a água, mas converter o Tejo no Jarama, separando definitivamente a cabeceira do resto do rio. Não contentes em destinar 80% da água da cabeceira do Tejo ao Transvase, querem chegar a 100%, não importa a que custo.
A operação de cirurgia hidráulica suporia um corte importante dos caudais que circulam em Toledo e Talavera de la Reina, que já são escassos. Por Aranjuez passaria o Jarama, como acontece agora, visto que nos mapas orçamentais se verifica que os gastos para aumentar a depuração são mínimos. Mas tanto em Talavera de la Reina como em Toledo, o caudal seria menor, uma vez que substituem os usos actuais das águas do Tejo (irrigação do troço Bolarque-Aranjuez), com a água do Jarama, e não devemos esquecer que actualmente chega a Aranjuez uma média de 18 m3/s do Jarama comparativamente com os 2-3 m3/s do Tejo. A solução não é, concerteza, converter o rio Tejo no Jarama, mas estabelecer um fluxo de caudal adequado das barragens de regulação da cabeceira do Tejo, Entrepeñas e Buendia, que não podem continuar por mais tempo como cabeceira do Segura.
A plataforma em defesa dos rios Tejo e Alberche de Talavera de la Reina solicita a mobilização de associações, de organizações de cidadãos e, especialmente, das cidades do Tejo, Aranjuez, Toledo e Talavera de la Reina. Apelamos aos Governos de Castilla-La Mancha e de Madrid que tomem medidas sobre o assunto. E sanidade ao Ministério do Ambiente, que retira do processo de planeamento do Plano de Bacia as questões mais importantes que incumbem ao Tejo, como sejam, o Transvase para o Segura, a falta de caudal circulante no trecho médio do próprio rio ou o transvase do Jarama. É uma vergonha que o Ministério do Ambiente queira manipular e enganar os cidadãos, com o único propósito de manter a gestão insustentável do Tejo e do Transvase Tejo-Segura.
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