segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

FORTE DESCARGA POLUENTE NO RIO TEJO JUNTO ÀS PORTAS DE RÓDÃO

Hugo Sabino, jovem barqueiro no Tejo, na aldeia do Monte do Arneiro a 4km das Portas de Ródão. Já o pai tinha desempenhado a função. Agora é ele que ás 9:15, 10:45, 13:15, 15:00 e 19:00 de todos os dias tem que estar alerta, no caís, olha para o apeadeiro do Fratel na margem oposta vendo se avista algum passageiro para transportar.
O pagamento é €1/pessoa para atravessar o Tejo. Se estiver por perto pode utilizar a travessia a estas horas, ou, pode combinar uma visita ás Portas de Ródão! Há dias, foi o bispo da diocese de Portalegre e Castelo Branco. É a Junta de Freguesia de Santana que assegura o serviço.
Nasceu no seio desta comunidade de pescadores, agora ainda são uns 12 ou 13 que mantêm actividade neste lugar. Mas agora, não pescam o tradicional peixe do rio. Oferecem diariamente dezenas de kilogramas de peixe do mar ao rio, dentro de gaiolas de rede, a que os lagostins se agarram esfomeados.
Mas agora nem lagostins, estão com um prejuízo enorme diz ele, são centenas de kilogramas de lagostim meio atordoado que morre rapidamente, para deitar fora, «os espanhois só os compram vivos".
Aproveitando as fortes chuvadas foi feita mais uma descarga no Tejo.
Diz o Hugo Sabino apontando, «os lagostins vão para as margens, estão envenenados, querem é respirar».
José Moura
Associação Ambiente em Zonas Uraníferas


Descargas poluentes no rio Tejo - Jornal Reconquista - 16 de Dezembro de 2010
Bloco de Esquerda questiona ministério do Ambiente
Rita Calvário, deputada do Bloco de Esquerda, apresentou um requerimento na Assembleia da República, dirigido ao Ministério do Ambiente e Ordenamento do Território, sobre uma alegada “forte descarga poluente no rio Tejo, junto a Vila Velha de Ródão”, ocorrida dia 3 de Dezembro.
Segundo o documento apresentado, esta descarga terá deixado “a água castanha e com espuma espessa branca, provocando a morte de milhares de lagostins e peixes, o que consubstancia um grave atentado ambiental”.
Esta situação foi relatada ao Bloco de Esquerda, segundo Rita Calvário, por um dos treze pescadores de lagostim que costumam exercer a sua actividade económica nesta área, tendo sido duramente afectados por esta descarga.
Há cerca de dois meses, recorde-se, esta situação ter-se-á repetido, apresentando “as mesmas características, desconhecendo-se, tanto nessa altura como agora, qualquer iniciativa das autoridades para o apuramento e responsabilização dos infractores, bem como de reforço da vigilância e fiscalização preventiva para evitar que esta situação se volte a repetir”.
Rita Calvário afirma que “a inacção das autoridades e a impunidade da infracção está a criar um grande sentimento de revolta na população. Não só está a afectar a actividade dos pescadores que tiram o seu sustento dos recursos existentes nesta área, como degrada o ambiente de uma área classificada para protecção”, uma vez que isto acontece junto às Portas de Ródão, classificado como Monumento Natural.
O Bloco avança ainda que “estão identificadas nesta zona algumas espécies piscícolas em risco de extinção, como é o caso do Escalo (Squalius pyrenaicus), em perigo de extinção, e o Bordalo (Squalius alburnoide), em situação vulnerável, conforme aponta o Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal”.
Assim, questiona o Governo, através do Ministério do Ambiente e do Ordenamento do Território, se “tem conhecimento da existência de descargas poluentes no rio Tejo, junto a Vila Velha de Ródão, a última das quais teve lugar no passado dia 3 de Dezembro; que medidas foram tomadas, ou irá o Ministério tomar, para identificar a fonte de poluição e responsabilizar o infractor, aplicando o regime contra-ordenacional e sancionatório vigente; se vai o Ministério avaliar os impactes ambientais e para os pescadores de lagostins da ocorrência destas descargas; que medidas tomará para que se proceda à recuperação ambiental das áreas afectadas e as perdas económicas dos pescadores sejam compensadas; e se pretende tomar medidas para que seja feito um reforço das acções de vigilância e fiscalização da zona onde se verificaram as descargas e em toda a área classificada como Monumento Natural”.
Recorde-se que, em 26 de Fevereiro deste ano, o rio Tejo, a montante de Vila Velha de Ródão, acordou com um manto de espuma branca, atingindo, em alguns sítios, um metro de altura. Na época, a denúncia chegou à Quercus que informou de imediato as diversas entidades interessadas na situação, como a Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão, a Administração da Região Hidrográfica do Tejo e o Serviço de Protecção da Natureza e Ambiente da GNR, tendo esta última entidade concluído, após investigação, não ter havido, naquele caso, crime ambiental, nem qualquer situação que impusesse o levantamento de algum auto de contra-ordenação. A espuma teve origem nas descargas da Barragem de Cedillo-Monte Fidalgo. 

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