COMUNICADO DE IMPRENSA
Tejo, 22 Julho de 2010
Cidadãos portugueses e espanhóis denunciam novo transvase em Espanha quando o Tejo está seco em Portugal e Espanha
O governo de Espanha decidiu transvasar 230 hectómetros cúbicos, boa parte das reservas das barragens da cabeceira, Entrepeñas e Buendia, apesar das reservas da bacia do Segura se encontrarem em elevados níveis nunca antes vistos e de não existir capacidade física para armazenar mais água, enquanto o Tejo flui sem caudal pelas cidades espanholas de Talavera de la Reina à Puente de Arzobispo, assim como no seu troço médio do seu curso em Portugal, como se pode comprovar na sua passagem pelo Castelo de Almourol, onde o rio se pode atravessar a pé.
A política espanhola que, do nada, cria excedentes artificiais que possa transvasar para Murcia e Valencia, leva a que o rio esteja estrangulado em território espanhol, especialmente na sua passagem pela província de Toledo, onde o rio está parado há cerca de um mês, apesar de estações hidrométricas localizadas a montante, tentem "disfarçar" a esta situação, mostrando dados de caudais circulantes que não correspondem à realidade. É triste que a água que deveria correr Tejo abaixo, o faça por um transvase artificial, o Transvase Tejo Segura.
O Tejo morto em Talavera de la Reina ou na Puente del Arzobispo mostra a má política hidrológica e ambiental espanhola aplicada a um rio, que ao invés de um elemento ambiental e social, se tornou uma mercadoria sujeita aos interesses políticos.
O rio Tejo apresenta esta mesma imagem em Portugal. Aqui, à falta de caudais do Médio Tejo espanhol acrescenta-se a gestão das barragens da Estremadura e Portugal, onde os verdadeiros donos do Tejo são as hidroeléctricas, e onde a gestão do rio se rege por parâmetros de optimização da produção de energia hidroeléctrica, secundarizando absolutamente as questões ambientais e os caudais que não são entregues a Portugal nem deixados correr até à foz.
Não é admissível que o Tejo que Espanha deixa passar para Portugal esteja dependente do interesse do operador das hidroeléctricas, ou seja, as águas do rio Tejo ficam armazenadas nas barragens de Espanha enquanto o operador não for economicamente viável produzir electricidade. É isto que esta a acontecer agora.
A barragem de Alcântara armazena em meados de Julho cerca de 3.000 hectómetros cúbicos, mas o Tejo está sem caudal em Portugal.
Como se pode comprovar, a Convenção de Albufeira, que regula a gestão internacional do rio Tejo, é um simples pedaço de papel face à teimosa realidade dos lucros da indústria privada.
Os grupos de cidadãos em Portugal e em Espanha que nos empenhamos pela recuperação do rio Tejo denunciamos e protestamos contra esta situação: a morte do rio Tejo pela exploração insustentável quer dos transvases quer da gestão hidroeléctrica.
O Tejo já não pode continuar a ser uma mercadoria: é um elemento fundamental da cultura, do património ibérico e deve ser tratado e gerido como tal.
Pelos cidadãos do Tejo,
proTEJO – Movimento Pelo Tejo
Paulo Constantino
+ 351 919 061330
Plataforma em defesa do Tejo e Alberche de Talavera de la Reina
Miguel Angel Sanchez
+34 616 983 715
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