sábado, 2 de julho de 2016

CARTA CONTRA A INDIFERENÇA - COLINAS DO TEJO - MOURISCAS – ABRANTES

CARTA CONTRA A INDIFERENÇA
COLINAS DO TEJO- MOURISCAS – ABRANTES
2 DE JULHO DE 2016

O rio Tejo não é apenas água, é cultura viva, a espinha dorsal e o eixo, das terras e das aldeias por onde passa.
É com grande felicidade que vemos juntarem-se em defesa do Tejo todos os cidadãos e organizações aqui presentes, representativos de toda a bacia ibérica do Tejo e de todos os sectores da sociedade e áreas de ação, constituindo-se como um exemplo independente de participação e cidadania.
Nas nossas diferenças, o elo que nos une é o Tejo!
O mesmo Tejo que une toda esta bacia de Espanha a Portugal, que une todas as populações ribeirinhas e as suas culturas, que o conhecemos e o vivemos da nascente até à foz, de Albarracín ao Grande Estuário.
Vogar pelo rio Tejo desde as Colinas do Tejo nas Mouriscas até Abrantes para promover a navegabilidade do rio Tejo é mostrar que não somos indiferentes à herança passada das populações ribeirinhas que viviam o rio pela atividade piscatória, da qual tiravam o seu sustento, nem à lembrança de que o rio funcionava como estrada fluvial para o transporte de pessoas e mercadorias, e que temos esperança num futuro onde exista um aproveitamento fluvial para atividades de pesca, transporte e lazer.
O rio Tejo que ao longo do seu curso sustentou as atividades agrícolas e comerciais das suas gentes, na área de influência deste percurso constituiu-se como o principal eixo de desenvolvimento da comunidade: agricultores, moleiros, construtores de barcos, artes de pesca, barqueiros, pescadores. Destes teimam uns poucos em tirar do rio o sustento, cada dia mais magro em resultado das alterações na biodiversidade, causada pelos desmandos do Homem.
Apesar disso, as populações do Médio Tejo conseguiram sobreviver e prosperar em harmonia com o rio que lhes foi generoso no passado e que será essencial no futuro.
Um futuro onde este laço de natureza e cultura perdure e se reforce com o regresso de modos de vida ligados à água e ao rio que as actividades de educação e turismo de natureza, cultural e ambiental permitirão sustentar.
A preservação do rio Tejo é um tributo que os cidadãos devem oferecer a este património, sendo urgente assegurar que o caudal do Tejo seja o que era antigamente, acabar com a poluição que mata os peixes e envenena o ambiente e as pessoas, criar canais de passagem para os peixes e pequenas embarcações nas barragens, açudes e travessões, e acabar definitivamente com a pesca ilegal.
Neste futuro não têm lugar nem o Urânio nem o Nuclear, enquanto recursos energéticos insustentáveis do ponto de vista do desenvolvimento ambiental, social e económico, que colocam em risco a segurança dos cidadãos.
A extração de urânio tem no consumo e na poluição da água os principais impactos ambientais, conjuntamente com a alteração do território, a afetação da paisagem e a difusão de poeira que pode afetar as povoações mais próximas e a saúde dos seus habitantes.
A contaminação das águas do Tejo por substâncias radioativas relacionadas com a Central Nuclear de Almaraz é uma realidade, onde as fugas ocorrem e se misturam com a água, fugas essas cuja ocorrência é escamoteada às populações afetadas.
Conhecemos os males de que o Tejo padece com a retenção de água nas barragens e com os transvases, realizados e projetados em território espanhol, num ambiente de total ausência de escrutínio democrático, com o assoreamento, com a poluição, ou seja, com o maltrato que a mão do homem tem vindo a infligir à sua água e aos seus ecossistemas.
Para conter essa mão que o maltrata temos que abrir a outra mão para que o proteja, e essa mão somos nós!
Por isso temos o dever de estender essa mão aberta para criar uma corrente de vontade e de intencionalidade, que seja capaz de esclarecer quem decide e que exija um tratamento ecologicamente sustentável para o rio Tejo.
Devemo-lo a nós próprios, que com o Tejo partilhámos a nossa vida e aceitámos a generosidade das suas águas.
Devemo-lo às gerações futuras para que conheçam um Tejo vivo, como nós o conhecemos, e não um escravo e prisioneiro do egoísmo e da especulação dos humanos.
Se continuarmos neste rumo, as próximas gerações já não conhecerão rios vivos, mas apenas imagens na internet... que serão sombras do que um dia nos foi oferecido com generosidade.
Por tudo isto, devemos unir-nos e reclamar a unidade e integridade do Tejo e da sua bacia, já que o amor e o respeito que por ele sentimos não se esgotam em nenhuma das fronteiras administrativas e artificiais que os homens impõem à natureza.
Para que as nossas mãos o protejam temos que as unir e coordenar, mostrando a união dos cidadãos portugueses e espanhóis na defesa do Tejo, enquanto bacia ibérica e internacional, e afirmar a nossa determinação para combater a indiferença ao maltrato que tem vindo a sofrer.
Assim, com vista a defender o Tejo e seus afluentes, e como cidadãos do rio Tejo, em Portugal e em Espanha, unimo-nos para reivindicar a todas as autoridades competentes, internacionais, nacionais, regionais e locais:
1º. A necessidade de uma gestão sustentável da bacia hidrográfica do Tejo;
2º. O cumprimento da Diretiva Quadro da Água, ou seja, a garantia de um bom estado das águas do Tejo;
3º. O estabelecimento e quantificação de um regime de caudais ambientais, diários, semanais e mensais, refletidos nos Planos da Bacia Hidrológica do Tejo, em Espanha e em Portugal, que permitam o bom funcionamento dos ecossistemas ligados ao rio;
4º. A monitorização do cumprimento permanente do regime de caudais ambientais;
5º. A informação pública do cumprimento do convénio luso-espanhol relativamente aos rios ibéricos;
6º. A recusa dos transvases do Tejo e o apoio à investigação de alternativas sustentáveis, baseadas no uso eficiente da água;
7º. Garantir caudais no rio Tejo e seus afluentes em qualidade e quantidade suficiente para garantir o seu bom estado ecológico e a viabilidade dos diversos usos lúdicos e recreativos;
8º. A abertura de um debate, que tarda, relativamente aos níveis de produção das celuloses instaladas em Vila Velha de Ródão, e às respetivas medidas de proteção ambiental;
9º. A realização de ações para ajudar a restaurar o sistema fluvial natural e o seu ambiente;
10º. A valorização e promoção da identidade cultural e social das populações ribeirinhas do Tejo.
É isto que defendemos,
Que as nossas mãos unidas protejam o TEJO.
E digamos com Miguel Torga, porque os poetas sabem ver o futuro
Recomeça
Se puderes,
Sem angústia e sem pressa.
E os passos que deres
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
O Tejo merece!

CARTA CONTRA LA INDIFERENCIA
COLINAS DO TEJO- MOURISCAS – ABRANTES
2 DE JULIO 2016

El río Tajo no es sólo agua, es cultura viva, la columna vertebral y el eje, y las tierras de los pueblos por los que pasa.
Es con gran alegría que vemos en la unión de la defensa del Tajo a todos los ciudadanos y las organizaciones aquí presentes representativos de toda la cuenca del Tajo Ibérica y todos los sectores de la sociedad y los ámbitos de acción, lo que constituye un ejemplo independiente de participación y ciudadanía.
En nuestras diferencias, ¡El lazo que nos une es el Tajo!
Es el mismo Tajo el que une a toda esta cuenca de España a Portugal, el que une a todas las poblaciones ribereñas y sus culturas, el que conocemos y vivimos desde su nacimientoen la sierra de Albarracín hasta la desembocadura del Gran Estuario del Mar de la Paja.
Vogar por el río Tajo desde las Colinas do Tejo en Mouriscas hasta Abrantes para promover la navegabilidad del río Tajo es mostrar que no somos indiferentes al pasado del patrimonio de las poblaciones ribereñas que viven el río por la actividade de pesca, que tuvo ay su medio de vida, ni a lo recuerdo de que el río funcionó como camino fluvial para el transporte de personas y mercancías, y que tenemos esperanza en un futuro donde hay un uso del río para las actividades de pesca , transporte y ocio.
El río Tajo, que a lo largo de su curso da sustento a las actividades agrícolas y comerciales de sus habitantes, se estableció como área de influencia y principal eje de desarrollo de la comunidad: agricultores, molineros, los astilleros, las artes de pesca, navegantes, pescadores. De estos algunos pocos insisten en sacar su sustento del río, más delgado éste cada día como resultado de los cambios en la biodiversidad causados por los excesos del hombre.
Las poblaciones del Medio Tajo lograron sobrevivir y prosperar en armonía con el río que les fue generoso en el pasado y que será esencial en el futuro.
Un futuro en el que este lazo de la naturaleza y la cultura perdure y se fortalezca con el regreso a modos de vida vinculados al agua y a las actividades de educación y turismo de naturaleza, cultural y ambientalmente sostenibles.
La preservación del río Tajo es un homenaje que los ciudadanos deben ofrecer a este patrimonio. Hay que trabajar para que el caudal del Tajo sea lo que fue en otro tiempo, detener la contaminación que mata a los peces y envenena al medio ambiente y a las personas, favorecer la creación de canales para peces y pequeñas embarcaciones en presas, azudes y “travessões”, y acabar de una vez con la pesca ilegal.
En este futuro no tienen cabida ni la extracción de uranio ni la actividad nuclear por ser recursos energéticos insostenibles desde el punto de vista de los desarrollos ambientales, sociales y económicos y porque ponen en peligro la seguridad de los ciudadanos.
La extracción de uranio tiene sobre el consumo y la contaminación del agua sus principales impactos ambientales, junto con la alteración del territorio y paisaje y la difusión de polvo que puede afectar a las poblaciones más cercanas y la salud de sus habitantes.
La contaminación de las aguas del Tajo por sustancias radiactivas relacionado con la central nuclear de Almaraz es una realidad, donde las fugas se producen y se mezclan con agua, estas fugas se producen con desconocimiento de las poblaciones afectadas.
Sabemos de los males que el Tajo sufre con la retención de agua en los embalses e con los transvases realizados y proyectados en el territorio español, en un ambiente de total ausencia de control democrático, sabemos de la sedimentación y de la contaminación, es decir del maltrato que la mano del hombre ha ido infligiendo a su agua y sus los ecosistemas.
Para contener esa mano que lo maltrata tenemos que abrir la otra mano para protegerlo, y esa mano somos nosotros!
Así que tenemos el deber de extender la mano abierta para crear una corriente de voluntad e intencionalidad, que sea capaz de aclarar quién decide y qué tratamiento requieren las aguas del río Tajo para que éste sea ecológicamente sostenible.
Nos lo debemos a nosotros mismos, por el Tajo con el que compartimos vida y aceptamos la generosidad de sus aguas.
Se lo debemos a las generaciones futuras para que conozcan un Tajo vivo, y no un esclavo y prisionero del egoísmo y la especulación humana.
Si continuamos en esta dirección, las próximas generaciones conocerán los ríos no vivos, sino sólo sus  imágenes en Internet ... que aparecen como las sombras de lo que un día nos ofrecieron generosamente.
Por todo esto, debemos unirnos y recuperar la unidad y la integridad del Tajo y su cuenca. El amor y el respeto que sentimos por él,  no termina en ninguna de las fronteras administrativas artificiales y que los hombres imponen a la naturaleza.
Para que nuestras manos protejan tenemos que unir y coordinar, y mostrando la unión de los ciudadanos españoles y portugueses en defensa del Tajo por cuanto de cuenca ibérica e internacional tiene. Y afirmar nuestra determinación para combatir la indiferencia y el maltrato a que está sometido.
Por lo tanto, con el fin de defender el Tajo y sus afluentes, y como ciudadanos del río Tajo en Portugal y España, nos unimos para reclamar de todas las autoridades pertinentes, internacionales, nacionales, regionales y locales lo siguiente:
1. La necesidad de una gestión sostenible de la cuenca del Tajo;
2. El cumplimiento de la Directiva Marco del Agua, a saber, garantizar un buen estado de las aguas del Tajo;
3. El establecimiento y la cuantificación de un régimen de caudales ambientales, diarios, semanales y mensuales, reflejados en la Cuenca Hidrológica Tajo, en España y Portugal, para el buen funcionamiento de los ecosistemas relacionados con el río;
4. Verificación del cumplimiento continuo del régimen de caudales  medioambientales;
5. Información pública del cumplimiento de los convenios Luso-Españoles respecto de los ríos ibéricos;
6. Rechazo a los trasvases del Tajo y apoyo a la investigación de alternativas sostenibles, basadas en el uso eficiente del agua;
7. Garantizar caudales en el Tajo y sus afluentes en cantidad y calidad suficiente para garantizar su buen estado ecológico y la viabilidad de los distintos usos lúdicos y recreativos.
8. La apertura de un debate sobre los niveles de producción de celulosa instalada en el casco antiguo de Portas de Ródão y medidas de protección ambiental al respecto;
9. La implementación de medidas para ayudar a restaurar el sistema natural del río y su entorno;
10. El desarrollo y la promoción de la identidad cultural y social de las orillas del río Tajo.
Esto es lo que defendemos,
Que nuestras manos juntas protegen el Tajo.
Y digamos con Miguel Torga, porque los poetas saben ver el futuro...
Recomienza,
Si es posible,
Sin ansiedad y sin prisas.
Y los pasos que des
En este camino difícil
En el futuro
Dalos en libertad
Hasta no alcanzarlo
No descanses.
El Tajo merece!

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