A BACIA DO TEJO RECLAMA O ENCERRAMENTO DO TRANSVASE TEJO-SEGURA E
PROTESTA CONTRA A POLUIÇÃO
CIDADES E POVOAÇÕES DE QUATRO COMUNIDADES AUTÓNOMAS E DOIS PAÍSES
UNEM-SE PARA DEFENDER O RIO TEJO E DIZER NÃO AO TRANSVASE TEJO-SEGURA E À
POLUIÇÃO
No próximo dia 26 de setembro, numerosos grupos, municípios e cidades
de toda a bacia do Tejo, tanto em Espanha como em Portugal, agrupados na Rede
de Cidadania por Uma Nova Cultura da Água no Tejo/Tajo e seus afluentes
convocaram concentrações em diversas localidades para mostrar a sua indignação
e exigir uma adequada gestão hidrológica e territorial que permita reverter a
deterioração que sofrem os rios da bacia, para o que é indispensável a cessação
do transvase Tejo-Segura e a eliminação da poluição.
Os grupos rejeitam a próxima aprovação do 2º ciclo de Planeamento
Hidrológico da Bacia do Tejo, que dá continuidade à má gestão do rio já
constante do Plano Hidrológico do 1º ciclo, atualmente objeto de recurso por
grupos da Rede do Tejo/Tajo perante os tribunais espanhóis e instituições
europeias. Este novo plano assume servilmente a perda de prioridade da bacia do
Tejo e dos seus cidadãos, reconhecida por lei, outorgando-a aos utilizadores do
transvase Tejo-Segura e aceita que o Tejo e os seus afluentes não tenham um
regime de caudais ecológicos obrigatórios até 2027, na melhor das hipóteses.
Denunciam, portanto, que não se cumpre a Diretiva-Quadro da Água, nem a nova
política europeia da água nos nossos rios, que permanecem assim, prisioneiros
de uma gestão hídrica ancorada em princípios do século XIX.
Além disso, os municípios e grupos convocantes consideram inadmissível
a continuidade do Transvase Tejo-Segura pela forte pressão que supõem para toda
a bacia e pelos graves impactos da mesma. A sua permanência e o novo desenho de
exploração, incluído no documento chamado Memorando, reforçam a exploração do
rio. Neste sentido, os transvases aprovados pelo governo espanhol em julho,
agosto e setembro deste ano deixaram as barragens da cabeceira do Tejo
praticamente vazias e são a prova de que a política pró-transvases do governo
espanhol não tem limite e muito menos interesse na recuperação de um Tejo VIVO.
Tudo isto levou a uma situação que já é insustentável para o rio Tejo e
seus afluentes, com especial incidência na sua cabeceira, que depois de décadas
de gestão irracional, que se encontra numa situação crítica.
Além disso, a poluição das águas são um grande flagelo para a bacia do
Tejo constatando-se que as águas que afluem de Espanha para Portugal apresentam
um elevado grau de contaminação com origem nos fertilizantes utilizados na
agricultura intensiva, na eutrofização gerada pela sua estagnação nas barragens
da Estremadura, na descarga de águas residuais urbanas das vilas e cidades
espanholas, sem o adequado tratamento e na contaminação radiológica com origem
na Central Nuclear de Almaraz.
A isto acresce a poluição em território português que provém da
agricultura, indústria, suinicultura, águas residuais urbanas e outras
descargas de efluentes não tratados, com total desrespeito pelas leis em vigor,
e sem a competente ação de vigilância e controlo pelas autoridades
responsáveis, valendo a ação de denúncia das organizações ecologistas e dos
cidadãos, por diversas formas, nomeadamente, através das redes sociais e da
comunicação social.
Esta catastrófica situação do rio Tejo e seus afluentes tem graves implicações
na qualidade das águas para as regas dos campos, para a pesca, para a saúde das
pessoas e impede o aproveitamento do potencial da região ribeirinha para
práticas de lazer, de turismo fluvial e desportos náuticos, respeitando a
natureza e a saúde ambiental da bacia hidrográfica do Tejo.
A gravidade desta poluição das águas do rio Tejo acentua-se devido aos
caudais circulantes cada vez mais reduzidos que afluem em Portugal e Espanha,
diminuindo a capacidade de depuração natural do rio Tejo.
Na verdade, o rio Tejo na Estremadura é um rio artificializado que
perdeu a sua dinâmica natural por estar submetido a um forte aproveitamento
hidroelétrico e à gestão da central nuclear de Almaraz. Isto traduz-se na
chegada a Portugal de caudais muito limitados - acordados na Convenção de
Albufeira e turbinados segundo a conveniência hidroelétrica – e contaminados,
que são lesivos para o Tejo em Portugal.
Convocaram-se concentrações e diversas concentrações ao longo de toda a
bacia do Tejo, em lugares como Sacedón, Aranjuez, Toledo, Carpio de Tajo,
Talavera, Candeleda, El Gordo, e várias localidades portuguesas, cobrindo assim
4 comunidades autónomas e dois países. Isto é uma prova do entendimento e
fortalecimento que se gera entre os cidadãos quando se trata de defender o
património comum, neste caso, uma bacia internacional, como é a do Tejo.
As convocatórias da concentração terminarão com a leitura de um mesmo
manifesto em toda a bacia do Tejo.
MAIS INFORMAÇÃO:
Paulo Constantino +351919061330
Sara Cura +351964286144
Nuria Hernández Mora + 34606853518
Soledad de la Llama +34617352354
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