domingo, 20 de setembro de 2015

A BACIA DO TEJO RECLAMA O ENCERRAMENTO DO TRANSVASE TEJO-SEGURA E PROTESTA CONTRA A POLUIÇÃO

A BACIA DO TEJO RECLAMA O ENCERRAMENTO DO TRANSVASE TEJO-SEGURA E PROTESTA CONTRA A POLUIÇÃO
CIDADES E POVOAÇÕES DE QUATRO COMUNIDADES AUTÓNOMAS E DOIS PAÍSES UNEM-SE PARA DEFENDER O RIO TEJO E DIZER NÃO AO TRANSVASE TEJO-SEGURA E À POLUIÇÃO
No próximo dia 26 de setembro, numerosos grupos, municípios e cidades de toda a bacia do Tejo, tanto em Espanha como em Portugal, agrupados na Rede de Cidadania por Uma Nova Cultura da Água no Tejo/Tajo e seus afluentes convocaram concentrações em diversas localidades para mostrar a sua indignação e exigir uma adequada gestão hidrológica e territorial que permita reverter a deterioração que sofrem os rios da bacia, para o que é indispensável a cessação do transvase Tejo-Segura e a eliminação da poluição.
Os grupos rejeitam a próxima aprovação do 2º ciclo de Planeamento Hidrológico da Bacia do Tejo, que dá continuidade à má gestão do rio já constante do Plano Hidrológico do 1º ciclo, atualmente objeto de recurso por grupos da Rede do Tejo/Tajo perante os tribunais espanhóis e instituições europeias. Este novo plano assume servilmente a perda de prioridade da bacia do Tejo e dos seus cidadãos, reconhecida por lei, outorgando-a aos utilizadores do transvase Tejo-Segura e aceita que o Tejo e os seus afluentes não tenham um regime de caudais ecológicos obrigatórios até 2027, na melhor das hipóteses. Denunciam, portanto, que não se cumpre a Diretiva-Quadro da Água, nem a nova política europeia da água nos nossos rios, que permanecem assim, prisioneiros de uma gestão hídrica ancorada em princípios do século XIX.
Além disso, os municípios e grupos convocantes consideram inadmissível a continuidade do Transvase Tejo-Segura pela forte pressão que supõem para toda a bacia e pelos graves impactos da mesma. A sua permanência e o novo desenho de exploração, incluído no documento chamado Memorando, reforçam a exploração do rio. Neste sentido, os transvases aprovados pelo governo espanhol em julho, agosto e setembro deste ano deixaram as barragens da cabeceira do Tejo praticamente vazias e são a prova de que a política pró-transvases do governo espanhol não tem limite e muito menos interesse na recuperação de um Tejo VIVO.
Tudo isto levou a uma situação que já é insustentável para o rio Tejo e seus afluentes, com especial incidência na sua cabeceira, que depois de décadas de gestão irracional, que se encontra numa situação crítica.
Além disso, a poluição das águas são um grande flagelo para a bacia do Tejo constatando-se que as águas que afluem de Espanha para Portugal apresentam um elevado grau de contaminação com origem nos fertilizantes utilizados na agricultura intensiva, na eutrofização gerada pela sua estagnação nas barragens da Estremadura, na descarga de águas residuais urbanas das vilas e cidades espanholas, sem o adequado tratamento e na contaminação radiológica com origem na Central Nuclear de Almaraz.
A isto acresce a poluição em território português que provém da agricultura, indústria, suinicultura, águas residuais urbanas e outras descargas de efluentes não tratados, com total desrespeito pelas leis em vigor, e sem a competente ação de vigilância e controlo pelas autoridades responsáveis, valendo a ação de denúncia das organizações ecologistas e dos cidadãos, por diversas formas, nomeadamente, através das redes sociais e da comunicação social.
Esta catastrófica situação do rio Tejo e seus afluentes tem graves implicações na qualidade das águas para as regas dos campos, para a pesca, para a saúde das pessoas e impede o aproveitamento do potencial da região ribeirinha para práticas de lazer, de turismo fluvial e desportos náuticos, respeitando a natureza e a saúde ambiental da bacia hidrográfica do Tejo.
A gravidade desta poluição das águas do rio Tejo acentua-se devido aos caudais circulantes cada vez mais reduzidos que afluem em Portugal e Espanha, diminuindo a capacidade de depuração natural do rio Tejo.
Na verdade, o rio Tejo na Estremadura é um rio artificializado que perdeu a sua dinâmica natural por estar submetido a um forte aproveitamento hidroelétrico e à gestão da central nuclear de Almaraz. Isto traduz-se na chegada a Portugal de caudais muito limitados - acordados na Convenção de Albufeira e turbinados segundo a conveniência hidroelétrica – e contaminados, que são lesivos para o Tejo em Portugal.
Convocaram-se concentrações e diversas concentrações ao longo de toda a bacia do Tejo, em lugares como Sacedón, Aranjuez, Toledo, Carpio de Tajo, Talavera, Candeleda, El Gordo, e várias localidades portuguesas, cobrindo assim 4 comunidades autónomas e dois países. Isto é uma prova do entendimento e fortalecimento que se gera entre os cidadãos quando se trata de defender o património comum, neste caso, uma bacia internacional, como é a do Tejo.
As convocatórias da concentração terminarão com a leitura de um mesmo manifesto em toda a bacia do Tejo.
MAIS INFORMAÇÃO:
Paulo Constantino +351919061330
Sara Cura +351964286144
Nuria Hernández Mora + 34606853518
Soledad de la Llama +34617352354

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