Depois de anos a discutirem-se os efeitos nefastos do eucalipto sobre a escassez de água talvez agora possamos colocar, de uma vez por todas, o dedo na ferida.
É preciso deslocar a pergunta para outros "Campos" e perguntar: Qual o impacto das plantações do eucalipto no assoreamento do Tejo, face à facilidade com que permitem a desertificação e a erosão do solo, a par da sua reduzida resistência aos fogos?
Os caudais sólidos que estas plantações geram não vão sair pela barra do Tejo, muito menos com a escassez de água que temos hoje em dia.
António Campos(1), em "Eucalipto? Não, obrigado!", quando questionado sobre o que é preciso mudar, respondeu «Era fundamental voltar à floresta tradicional no País, baseada no sobreiro, azinheira, carvalho, castanheiro e salgueiro, e que é muito resistente ao fogo. É preciso uma estratégia de reconversão das áreas ardidas. No último quadro comunitário recebemos 160 milhões de contos para reflorestação e, se se fizerem as contas, mais de 100 milhões são para arder. É preciso deixar de financiar o pinheiro e o eucalipto. E é fundamental que haja associações de produtores que cuidem da floresta, e que se penalizem os que não o fazem.»" in «Diário de Notícias», 11 de Setembro de 2005, em entrevista com a jornalista Filomena Naves.
"(1) Engenheiro-agrónomo, cedo se dedicou à política, pagando a ousadia com a prisão, no tempo da ditadura. Fundador do PS, membro de governos socialistas, deputado e eurodeputado, António Campos foi o rosto da denúncia da BSE (doença das "vacas loucas") quando todos calavam o perigo. "Fui ameaçado por criadores e talhantes", lembra. "Os interesses eram tais que só em 1998 se aprovou legislação europeia para resolver o problema". No seu recente livro Agricultura, Alimentação e Saúde, uma conversa com R. Cavaleiro Azevedo, não poupa palavras sobre as "perversões da PAC" ou os erros da política agrícola, por cá. "É um livro contra o silêncio", diz. »»
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