NOTA DE IMPRENSA
9 de setembro de 2023
proTEJO denuncia que a poluição de bloom de algas (cianobactérias)
com elevada toxicidade e cheiro putrefacto tendo origem
em Espanha invadiu novamente o rio Tejo”
O proTEJO constatou hoje, à semelhança
de anos anteriores, que um novo bloom de algas (cianobactérias que podem produzir cianotoxinas
prejudiciais aos seres vivos – ver Caixa) com elevada toxicidade e cheiro
putrefacto proveniente de Espanha invadiu o rio Tejo em Vila Velha de Ródão
estendendo-se pela albufeira do Fratel e que irá progredir contaminando todo o
rio Tejo a montante da barragem do Fratel – ver videos 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7 - galeria de fotos.
Bloom de algas na foz
de uma linha de água afluente do rio Tejo
na albufeira do Fratel - 08-09-2023
Este bloom de algas resulta
de vários fatores que indicamos de seguida.
Primeiro, a concentração elevada de nutrientes,
nomeadamente
fósforo, e as substâncias tóxicas depositadas no fundo das albufeiras da
Extremadura espanhola, Azutan, Torrejon, Valdecañas, Alcantâra e Cedillo, ao
longo de décadas de descargas de águas residuais sem adequado tratamento e das
escorrências de fertilizantes agrícolas.
Segundo, a permissão à empresa Iberdrola,
por parte dos governos de Portugal e Espanha, de livre gestão das descargas de
caudais das suas barragens, uma vez que não se encontram implementados caudais
ecológicos entre ambos os países, conduz a uma constante e contínua volatilidade
do caudal do rio Tejo com alternância de ausência de caudal e de descargas
significativas de água pelas barragens espanholas, que tem como única finalidade
maximizar o lucro da produção de energia hidroelétrica fazendo descargas quando
o preço da energia no mercado espanhol se encontra em níveis bastante elevados.
Lembramos que, em 2021, o governo
espanhol colocou um processo de investigação à empresa
concessionária destas barragens, a Iberdrola, pela drástica redução de água
para aproveitar o elevado preço para multiplicar a sua produção hidroelétrica, do qual nada se sabe
até hoje.
Bloom de algas na Barragem de Alcântara –
14/09/2021
Créditos: El Periódico Extremadura
Terceiro, as condições de temperatura
e luminosidade elevadas, que se observam nos meses de Verão em que estas
barragens armazenam pouca água em resultado do seu esvaziamento artificial
pelas barragens, criam as condições propícias à proliferação deste bloom de
algas que também dispõe dos nutrientes necessários.
Neste contexto, o proTEJO considera
que o Senhor Ministro do Ambiente e Ação Climática deve exigir explicações ao
seu congénere espanhol visto que esta situação, que ocorre ano após ano, constitui
um agravamento adicional do estado ecológico das massas de água do rio Tejo em
Portugal em incumprimento da Convenção de Albufeira quanto à
obrigatoriedade de garantir o bom estado ecológico das massas fronteiriças e
transfronteiriças e em incumprimento da Diretiva Quadro da Água que impõe o
objetivo de alcançar um bom estado ecológico das massas de água.
Além disso, o
proTEJO considera que se encontram reforçados os fundamentos para apresentar
uma Queixa à Comissão Europeia contra os governos de Portugal e Espanha assente
no incumprimento da Diretiva Quadro da Água por permitirem uma
gestão das barragens para a produção hidroelétrica com critérios meramente
economicistas de maximização do lucro que causa uma deterioração adicional do
estado ecológico das massas de água do rio Tejo e impede que se alcancem
os objetivos ambientais do nº 1 do Artigo 4º da DQA ao não assegurar um “regime
hidrológico consistente com o alcance dos objetivos ambientais da DQA em massas
de águas superficiais naturais” como decorre do documento de orientação nº 31
“Caudais ecológicos na implementação da Diretiva Quadro da Água”.
Demonstração em defesa
de caudais ecológicos no rio Tejo Debate “Os caudais do
rio Tejo” em Abrantes – 9/10/2021
O Tejo e os portugueses merecem mais!
Bacia do Tejo, 9 de setembro de 2023
Os Porta-Vozes do proTEJO,
Ana Silva e Paulo
Constantino
Mais
informação: Paulo Constantino - +351919061330
Caixa
O filo Cyanobacteria (cianobactérias), ou divisão Cyanophyta (cianófitas), é um grupo de bactérias que obtêm energia por fotossíntese. O nome "cianobactéria" vem de sua cor (do grego: κυανός (kyanós) = azul). São chamadas também de algas azuis ou algas verde-azuladas, embora alguns autores considerem estes nomes inadequados, uma vez que cianobactérias são procariontes, e algas deveriam ser apenas eucariontes.
Algumas cianobactérias produzem cianotoxinas, entre as quais anatoxina-a, anatoxina-as, aplisiatoxina, cilindrospermopsina, ácido domoico, microcistina LR, nodularina R e saxitoxina, algumas destas sendo de ação hepatóxica e neurotóxica, podendo ainda causar gastrointerites em mamíferos, inclusive na espécie humana. Isso ocorre apenas quando estão em proliferação, e o ambiente se torna favorável a ela.
Em altas concentrações de cianotoxinas, primeiramente as comunidades aquáticas são afetadas. As florações de cianobactérias tóxicas podem provocar a mortandade de peixes e outros animais, incluindo o homem, que consomem a água ou organismos contaminados. Tais florações muitas vezes são causadas por ações dos homens (como represamento e eutrofização dos corpos d’água).
Diversas cianotoxinas têm importância para a saúde pública. Estas toxinas quando presentes na água utilizada para abastecimento doméstico, pesca ou lazer, podem atingir as populações humanas e provocar efeitos adversos como gastrenterite, hepato-enterite e outras doenças do fígado e rim, câncer, irritações na pele, alergias, conjuntivite, problemas com a visão, fraqueza muscular, problemas respiratórios, asfixia, convulsões e morte, dependendo do tipo da toxina, da concentração e da via de contato.
Wikipédia:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Cyanobacteria
https://pt.wikipedia.org/wiki/Cianotoxina