Afinal havia “lobos” no Tejo!
Os pescadores conhecem-nos bem, não fossem eles os
“pastores” do rio, habituados a defenderem-se das suas descargas de poluição
que os obrigam a pescar a montante ou a jusante dos locais afetados ou mesmo a
mudarem de águas ou rios para conseguirem obter frutos da sua arte.
Os ambientalistas que cuidam dos rios estão
habituados tanto à sua falta de vergonha, quando fazem descargas altamente
poluidoras e visíveis a olho nu, como às suas manhas, quando fazem descargas
noturnas, ao fim de semana ou em alturas em que a água corre “anormalmente”
abundante.
As populações ribeirinhas nunca quiseram acreditar
que os “lobos” existissem, aceitando os empregos que estes criam sob a sua pele
de cordeiro, o que, apesar de compreensível numa época de crise como a atual, tem
grandes custos e males quer hoje quer no futuro.
Os políticos tendem a ser seduzidos pelo
empreendedorismo dos “lobos”, que com os seus milhões de euros criam emprego e
dinamizam os seus concelhos, as suas regiões e mesmo a economia nacional,
esquecendo-se dos prejuízos ambientais que tais pactos possam causar.
Os fiscalizadores não nos conseguem proteger dos
“lobos”, sendo evidente a insuficiência de meios para estes “caçadores” lidarem
com tão astuta presa.
No entanto, algo está a mudar, a poluição tem sido
tanta e tão óbvia que os pescadores, as populações ribeirinhas, os políticos e
os fiscalizadores estão cada vez mais convictos da necessidade de pôr um fim a
esta desgovernada falta de valores ambientais.
Apesar de todos os males que os “lobos” têm causado
não se pretende que os “aldeões” se revoltem e façam justiça pelas próprias
mãos!
Como ambientalistas que somos queremos a
preservação dos “lobos”, para que estes cumpram o seu papel no desenvolvimento
económico e social, mas sob a condição de alteração do seu comportamento com
vista à plena aceitação dos valores ambientais que atualmente são um fundamento
basilar de qualquer sociedade desenvolvida.
Os “lobos” têm de compreender, de uma vez por
todas, que a imediata rejeição do comportamento poluidor é fundamental para a
sua própria preservação, que a sua própria sobrevivência depende da adoção de um
comportamento com responsabilidade ambiental.
Assim, é importante que concretizem imediatamente
os investimentos necessários para evitar as descargas poluidoras, até agora
adiados por motivos meramente financeiros, facto que apenas tem contribuído
para piorar a imagem que os “lobos” têm aos olhos dos cidadãos.
Se este não for o caminho escolhido, o mais certo
é, mais tarde ou mais cedo, serem perseguidos por “aldeões” armados de
forquilhas.
Pela preservação dos “lobos” com responsabilidade
ambiental!
O Tejo merece!
Paulo Constantino