Somos um movimento de cidadania em defesa do Tejo denominado "Movimento Pelo Tejo" (abreviadamente proTEJO) que congrega todos os cidadãos e organizações da bacia do TEJO em Portugal, trocando experiências e informação, para que se consolidem e amplifiquem as distintas actuações de organização e mobilização social.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

SECA: ARTIFICIAL OU NATURAL – CRÓNICA “CÁ POR CAUSAS” – 9 DE AGOSTO DE 2012

A seca extrema e a falta de água que durante todo o ano vem afetando o país tem tido efeitos devastadores nas atividades humanas e nos ecossistemas naturais, em especial nos ecossistemas aquáticos e nos serviços que estes nos prestam.
É profundamente triste assistir às consequências da falta de pastagens para o gado, de água para rega, abastecimento humano, pesca e lazer e, mais recentemente, ao inúmero deflagrar de incêndios por todo o país que levaram ao desespero as populações e afetam irreversivelmente a natureza que nos sustenta num ciclo contínuo de destruição da vida como a conhecemos.
No Ribatejo não tem sido diferente, mas a seca nesta região resulta ainda de outros malefícios operados pela mão visível do homem sendo mais acentuada e induzida “artificialmente” pelo Governo espanhol que não obrigou o operador hidroelétrico das barragens da Estremadura a descarregar parte dos 2.610 hm3 de água que, em Março, estas armazenavam. Nesse momento, o caudal na barragem de Cedilho em Portugal encontrava-se apenas com 12 m3/s, justamente no limiar mínimo que garante o cumprimento da Convenção de Albufeira com 7,6 hm3/semana, mas muito abaixo do caudal enviado para o levante espanhol pelo transvase Tejo para o Segura em média de 21,5 m3/s na mesma data.
A descarga de apenas uma parcela da água armazenada nas barragens da Estremadura poderia aumentar o caudal do rio Tejo e ter afastado o cenário de seca do Ribatejo, sendo de salientar que a água aí armazenada poderá deixar de estar disponível se vier a ser construído um novo transvase da Estremadura para o levante espanhol, como foi recentemente assumido pelo Diretor da Água do Ministério da Agricultura, Alimentação e Ambiente de Espanha.
Perante estes cenários desgraçados o Governo português tem o dever de agilizar os meios e instrumentos para valer e minimizar o desespero de todo este povo e de esclarecer e responder às questões que os cidadãos do Tejo colocam na carta aberta dirigida à Senhora Ministra da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território, pretendendo esclarecer os seguintes factos:
1. O Governo espanhol continua a negar oficialmente a existência do projeto de um novo transvase desde o rio Tejo na Estremadura para a bacia do Segura, apesar das afirmações do Diretor-geral da Água?
2. A Comissão de Acompanhamento do Desenvolvimento da Convenção de Albufeira foi informada da existência deste projeto e equacionou as suas repercussões no rio Tejo em Portugal e a necessária revisão da Convenção de Albufeira?
3. A Administração da Região Hidrográfica do Tejo teve conhecimento da existência de um projeto para este novo transvase desde o rio Tejo na Estremadura espanhola para a bacia do Segura e considerou as suas repercussões na elaboração do Plano da Região Hidrográfica do Tejo que afirma ter sido coordenado com a sua congénere espanhola, a Confederação Hidrográfica do Tejo?
As populações ribeirinhas têm direito a estes esclarecimentos e a conhecer o futuro que está reservado ao rio Tejo, um dos maiores rios ibéricos e internacionais, que merece um futuro melhor do daquele que se supostamente se avizinha no horizonte.
*Hora Cósmica*
Ao nível planetário as alterações climatéricas (visíveis em fenómenos como o “El Niño”) acentuam-se progressivamente, sendo que a maioria dos cientistas afirma que são culpa da mão invisível do homem, enquanto uma pequena minoria considera que o Homem ainda não dispõe de conhecimento suficiente sobre a atividade na troposfera nem de provas científicas suficientes para saber se estas resultam fundamentalmente da ação do homem ou da própria natureza.
O degelo da calote polar é evidência disso mesmo e coloca em risco todo o Planeta. Não menos importante é degelo dos Himalaias que alimenta os rios e as reservas de água de toda a Ásia suprindo as necessidades de água de biliões de seres humanos.
A inação que esteve patente na conferência do Rio +20 é a evidência da falta de vontade dos líderes mundiais para o cenário de catástrofe eminente que estas alterações do clima anunciam à humanidade.
Após tudo isto afirmamos que queremos salvar o Planeta?
O Planeta não quer saber de nós, sempre existiu e continuará a existir ainda que cometamos todas as espécies de loucuras destruidoras do seu ambiente natural e social.
O que devemos fazer?
Lutar pela salvação do Tejo, do Planeta e pela nossa própria.
O TEJO, O PLANETA E O POVO MERECEM!
Paulo Constantino
[1] A palavra Tejo usada isoladamente significa o rio Tejo e seus afluentes, ou seja, toda a bacia hidrográfica do Tejo.

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